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Artigos-->O REENCONTRO -- 26/08/2002 - 00:42 (Helinton Pires Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De repente o som das ondas se fazem mais altos. Sobre a pedra, sentado e sozinho como deve ser, escuto o mundo. As marolas batem na areia espumante e em um instante, se compõem os acordes do reggae perfeito. A lua canta em um sorriso morosamente minguante, as palavras de um Mundo melhor, feito por todos e para todos. Afundando a areia entre os dedos do pé, esfrego os grãos contra a pele desnuda de calçados e tecidos sociais. Terra, eu, um só. Sinto-me derreter, espalhar na areia escura dissolvido pela água gélida que acaricia meus dedos, enquanto o minuano sopra no meu ouvido que ela ainda gosta de mim.



No horizonte escuro da madrugada há muito que ver, embora muito pouco a enxergar. Somos tão viciados no que nossos olhos mostram. Atrofiamos nossas percepções pela resposta imediata e fácil das imagens geradas por essas câmeras indiscretas e incansáveis. Aqui, no escuro iluminado desse astro que me encobre, vejo muito adiante. Tão imenso esse Mundo, tão mínimos os meus problemas. Os ruídos alternantes entre o distante e o perto, denunciam a imensidão da obra. Afinal a vida não deve ser tão ruim. Se nos incumbe o sofrimento, é para que tenhamos noção exata da alegria de seu antônimo. Para que o valorizemos a contento de seus benefícios.



O escuro de brilhos esparsos no céu faz teto a minha inquietude viva. Meu clamor por vida, meu não se conter em saborear sensações. Quero sentir cada pêlo de meu braço, um por um, tocado pelo sopro gentil que me afaga nessa noite. Quero molhar o peito do pé na água salgada que refresca e lava. Que leve consigo o pesar dos compromissos, das obrigações mundanas que criamos.



Lugar tão perfeito esse em que vivemos. Tão inescrupulosamente distorcido no nosso ganhar dinheiro, ganhar na vida, chegar na frente. Jogamos nossa existência inteira. Apostamos, perdemos, choramos. Vencemos, cantamos, nos alegramos momentaneamente e voltamos a jogar. Mas certos dias, ah sim, certas noites são propícias. Um lugar, um som, um cheiro, um sabor, uma sensação e deixamos o espírito vagar. Nossos olhos, a vê-lo sobrevoar as barreiras, brilham em um intenso deslumbramento infantil. Dificuldades se transfiguram tão esdrúxulas, que nos coram a face as preocupações de outrora.



É isso, nessa noite, nesta mesma praia, nos encontramos de novo. Tão distantes estávamos, que por pouco não me esquecera de suas feições, seus trejeitos faceiros. Sua presença apaziguadora me reconforta, me leva deste mundo por vezes ser humano demais, e me traz de volta recarregado, pronto para encará-lo de frente, de cabeça erguida. E é nesses passeios da alma, que nos encontramos e brincamos. Somos crianças despreocupadas, enchendo e esvaziando baldes de areia, retornando à terra, o que dela recebemos. Mas ela tem esse poder sobre mim, em sua companhia sou menino por dentro mais uma vez.



A felicidade é assim, um não caber em si de contentamento. Uma hipersensibilidade a flor da pele. Uma vontade de abraçar o mundo. Cumprimentar cada transeunte, beijar cada criança, afagar cada animal. Admirar cada canto, cada gota d`água, cada grão de areia como parte essencial. Aqui, agora, nesse exato momento, me sinto um grão de areia essencial. Amado por todas as coisas a minha volta.



Ela ainda gosta de mim.

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