O dólar dá sinais de que está acometido de pneumonia atípica: a Síndrome Respiratória Aguda Grave - (Sars). Anda muito fraquinho, ultimamente. O médico-chefe, do Ministério da Fazenda, confirmou a suspeita. Toda vez que os juros são mantidos em patamares elevados, há euforia no sistema financeiro: bolsas melhoram, diminui o risco-Brasil e o dólar perde peso e tamanho.

Ao contrário, quando sobre a pressão, para que os juros baixem, o dólar melhora, dá um pulo da cama hospitalar, e logo recebe alta dos médicos. Suspeita-se de que o vírus esteja nos pátios de produção das indústrias brasileiras; dentro de algum pneu vazio, com água.

Há, pelo menos, 27 casos suspeitos, em cada um dos ministérios do governo. No Banco Central, foram encontrados um grande número de pessoas infectadas. Todos os diretores daquela Autarquia foram obrigadas ao regime de quarentena.

A doença já matou milhares de pessoas no mundo inteiro, principalmente na América do Sul. A Argentina começou a campanha de vacinação em massa. Além de hemorragia, a doença causa esquecimento. Autoridades estão esquecendo das promessas de campanha. Outras ficaram deformadas. Ficam parecendo outra pessoa.

O mais curioso é que a semelhança se dá, com maior ênfase, entre pessoas que, no passado, não se combinavam. Viviam trocando farpas. Infectadas, passaram a ser amigos. Mui amigos.

Domingos Oliveira Medeiros
29 de maio de 2003