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Cronicas-->SEGUNDA-FEIRA -- 13/10/2003 - 16:34 (Edson Campolina) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SEGUNDA-FEIRA


A aurora da segunda-feira se levantava despercebida no cinza celeste que encobria o sol. Seria um prolongamento da melancolia do fim-de-semana. O corpo ainda doía, mesmo após o banho matinal, sem que seus músculos e articulações se aquecessem, a preguiça do primeiro dia útil me vencia. O humor refletia a sensação de que o sábado e o domingo não foram suficientes para aliviar todo o cansaço da grande jornada de trabalho da semana anterior. Grandes negócios, grandes responsabilidades assumidas, grandes pressões. Mas não seria diferente das demais semanas passadas. Um dia cinzento me remetia à expectativas cinzentas. No caminho não me incomodava a velocidade do ónibus, meus próprios passos estavam pesados e lentos, era segunda-feira, uma segunda-feira cinzenta, pior que todas as outras. Limitar-me-ia a ler mensagens, organizar arquivos e cochilar em frente ao computador, concentrar-me-ia em nada.

Tudo vinha transcorrendo como o dia, sonolento, melancólico, sem muitas conversas, um silêncio quebrado somente pelos apitos das mensagens de correio eletrónico chegando. Contava os minutos para o almoço, que fatalmente seria prolongado, consumindo todas as horas possíveis e encurtando a angústia da jornada. Os músculos da face caíam pesados, a pulsação cerebral podia ser sentida e fazia tremer a cabeça. Meu inconsciente cobrava-me uma atitude, fazer o que se devia, movimentar-me, esbugalhar os olhos e começar a produzir idéias, mas seria preciso algo mais para motivar-me, para enrijecer os músculos e produzir energia.
Sou acordado pelo toque do telefone, a única vez que tocou naquela manhã. O convite esperado para o almoço acontecia e então, como doutras vezes, me postei em frente ao hotel da esquina à espera de minha companhia. Estranhava o calor em meu casaco de couro, me despertei então para a claridade do dia que não percebera, o sol brilhava, o bastante para maltratar meus olhos. A melancolia daquela manhã de segunda-feira daria lugar à repulsa pelo fim-de-semana perdido em enxurradas.

Entrei no carro, cumprimentei minha esposa e rumamos ao almoço caseiro comentando o azul celeste que se arriscava ainda em meio a nuvens pesadas permitindo que poucos raios de sol nos atingissem pelas janelas abertas do carro. E ela se aproveitou do momento e iniciou a descrição das decisões a serem tomadas. Meu corpo ainda mal se movia, meu músculos da face agora se contraíam por causa da claridade, e vieram as indagações sobre os vazamentos do apartamento vizinho, da água que entrava no carro que dormia na rua, da demissão da babá grávida, das contas vincendas e, chega!

O vagar do dia se transformou em tempo perdido, me sentia pequenino frente a tanto o que se fazer em busca da tranquilidade, da harmonia, da paz de um lar com dias despreocupados. Isto apressou o almoço, o retorno ao trabalho foi silencioso, mas apressado. O sol já incomodava, quente e com forte luminosidade, a mesma de sempre, mas parecia muito forte, já havíamos esquecido de como era. Meus músculos saltitavam, meu rosto enrubescia, o humor fora definitivamente embora, desta vez dando lugar à impaciência, à pressa, à intolerància ao erro e à intempestividade. Recuperar uma manhã é impossível, passei pelo tempo naquela cinzenta segunda-feira. Desdobrar-me-ia então pela tarde que propiciaria um crepúsculo vermelho e um anoitecer frio. O senso de urgência crescia na medida que os ponteiros do relógio redondo da pilastra no meio do salão subiam e desciam. Os olhos esbugalhados lembravam espanto, acordei. Resolvi começar a semana com uma metamorfose de ànimo. É preciso.
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