Manhã de chuva. Trovões reboam ao longe. Névoa espessasobre a copa das árvores. Aves trêfegas pipilam em ninhos invisíveis. Asas de aço cruzam o céu plúmbeo levando homens para lugares distantes.
Estou muito longe da minha terra e sinto uma saudade explicável porque, todos nós, ao sairmos de casa, não passamos de imigrantes permanentes ou temporários.
Nunca estive assim, parado no meio do nada, olhando, sem enxergar, para lugar nenhum.
Sinto saudades de casa, da minha mulher, dos meus netos, do mar que cabe na minha varanda, dos meus pais, dos meus filhos... e fico dividido, metade lá, metade cá, sem saber como avançar no tempo, embora o tempo vá, na sua marcha incessante, engolindo os meus dias..."O tempo não para no porto, não apita na esquina, não espera ninguém".
O telefone toca, ao meu alô!, minha mulher responde: "bom dia!". E o nó na garganta aperta ainda mais, dando uma vontade de chorar para livrar do peito a ansiedade. Ouço a vozinha do meu neto e, neste mesmo instante, furando a barreira cinzenta das nuvens do céu da América do Norte, o sol carrrancudo e sonolento, comunica a todos que mais um dia nasceu no hemisfério norte. |