VENTO OESTE
Envolvo no colo este momento,
sem vacilo nem cochilo,
sem protelação me entrego.
A escassez entre o presumido
- o preço do tempo -
e o que faz (e é) sentido.
Cansaço de explicação...
o tédio dorme em livro de auto-ajuda,
assim, assim, molde e prescrição...
como se destino voltas não desse,
planeta no céu não rodasse,
o imaginado não valesse.
Vida se esvái, hoje torna-se ontem,
grãos de areia em mãos de criança.
De repente é o agora, com ou sem aviso.
O mágico instante, sem resgate,
no movimento engolido, à margem,
mera lembrança,
A fortuna e seu balanço
enroscam-se ao cenário e trama, viram história.
Mágicos instantes sem resgate.
O sonho acalentado
e o perdido, com ou sem juízo,
inalcançado.
Do milagre do amor encontrado,
restam as rimas escritas e sonoras
em que me debruço.
Na clara fala
contida no silêncio, ou num soluço,
Eu (me) refaço.
e então, me encontro,
ou me perco, no murmúrio
das águas,
no vento leste dos começos,
no vento oeste
onde as coisas terminam.
Lourdinha Biagioni®
Belo Horizonte,9 de Outubro de 2005
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