VOLÚPIA
Maciel de Oliveira
“Esquece o que eu acaso tenha feito
De mal em um momento irrefletido
Para sempre, depõe, no mar do olvido
O que te foi amargo e contrafeito:
Desespero de amor jamais contido
Em certos atos lúbricos desfeito,
O gosto reprovável refletido
Pelo instinto rebelde e insatisfeito
Doida volúpia em sôfrega ansiedade
O impulso de contato mais violento
Em cega e enfurecida atrocidade.
Tu abandona, entrega ao esquecimento.;
Pois se eu não for lembrado com saudade,
Que também não o seja com tormento.”
Poema extraído do Livro LUZ EFÊMERA
e outros sonetos, de MACIEL DE OLIVEIRA
Gráfica Pinto, Belo Horizonte,1956.
|