PARTE 1- JORGE DA CAPADÓCIA - SANTO DA IGREJA CATÓLICA
PARTE 2- JORGE DE COVENTRY – A LENDA DO DRAGÃO
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SÃO JORGE, A VERDADE E A LENDA - PARTE 2
1. O povo cristão festeja
A 23 de abril
Como dia de São Jorge
Inclusive lá no Rio
De Janeiro é feriado
Decretado pelo Estado
Como antes não se viu.
2. De resto em todo o Brasil
E em quase todo o mundo
O santo é festejado
Após João Paulo II
Colocá-lo em relevância -
Santo de primeira instância,
Com um júbilo profundo.
3. Falta trazer mais a fundo,
A história do dragão
Das imagens de São Jorge
Para que o cidadão
Que me lê, conheça bem
De onde a lenda vem -
E qual é a explicação.
4. Começou a devoção
Ao tratar Jorge por santo
Aqueles mesmos cristãos
Do império, que aos prantos
Na perseguição cruel
Julgando-no já no céu
O incluíam em seus cantos.
5. O místico tem encantos
Até no tempo presente.
Na ignorância do além
O povo inculto pressente
Santidade em cada homem
Que defendendo o nome
De Jesus, morra inocente.
6. No caso de Jorge, a gente
Buscando as pesquisas, vê
Ainda no século V
Só Constantinopla ter
Cinco templos, com imagem,
Feitos em sua homenagem
E que era Santo se crer.
7. Pelos séculos, veio a ser
Padroeiro de países,
Nos diversos continentes,
E pintado com matizes
De afamados pintores,
Que caprichavam nas cores
E se sentiam felizes.
8. Como em tudo há deslizes,
Causados pelo excesso,
Já sendo canonizado
Pelo católico processo,
Nas baladas medievais
Elegeram-no capaz
De inventado sucesso,
9.Cantavam-no como egresso
De uma família nobre.
O pai era Lorde Albert
De Coventry. E se descobre
Que tinha uma cruz no braço
- Vermelha e de fino traço -
E um dragão seu peito cobre.
10. Uma jarreira recobre
Uma perna do rapaz.
Essas marcas de nascença
Torná-lo-iam capaz
De enfrentar mil perigos
Dar cabo dos inimigos
E fazer proezas mais.
11. Em razão das marcas tais,
É raptado ao nascer
Por uma Dama do Bosque,
Que o ensina a fazer
Bom uso de qualquer arma
E mostra como desarma
A quem o queira vencer.
12. Depois de Jorge crescer,
Já adulto, vai lutar
Contra os mouros sarracenos.
Depois passa a viajar
E por muitos meses erra,
A cavalo pela terra
E em barco pelo mar.
13. Finalmente vai parar
Em Syle’n, uma cidade
Situada lá na Líbia.
E só pára, na verdade
Por ouvir de um eremita
Que o lugar, por desdita,
Estava em calamidade.
14. Escutou a novidade:
Ali havia um dragão
De hálito venenoso
Que toda a população
Lhe entregava as filhas
Ou mataria as famílias
Com seu sopro de vulcão.
15. Prosseguindo a narração,
Disse mais o eremita:
Que das moças da cidade
Só restava a mais bonita,
Que tinha o nome de Sabra,
As outras – sina macabra! -
Comera a fera maldita.
16. A população aflita,
Não sabe o que a espera
Pois Sabra, a filha do rei
De quatorze primaveras,
Na manhã do outro dia
Logo bem cedo iria
Servir de alimento à fera.
17.Todos sabiam que era,
A última das donzelas.
E depois o que viria
Aumentar suas mazelas?
O dragão lançava chamas
E tinha pele de escamas -
Nem lança entrava nelas.
18. Depois de ouvir aquelas
Palavras tristes do homem.
Jorge disse: -Eu enfrento
Fera, dragão, lobisomem,
De bicho não tenho medo
E amanhã, logo cedo
As desgraças daqui somem.
19. E à noite, enquanto comem
Na casa do eremita,
Este lhe diz que o rei,
Pra ver se a desgraça evita,
Promete solenemente
Dar a filha ao valente
Que mate a fera maldita.
20. Tal promessa mais excita
Nosso guerreiro cristão
Que, logo ao amanhecer,
Vai procurar o dragão,
Armado com espada e lança
Enquanto na estrada avança
Uma estranha procissão.
21. Olhando com atenção
Logo teve a certeza.
Era o grupo de mulheres
Que conduzia a princesa
Para sua triste sorte.
Mesmo indo para a morte
Sabra mostrava nobreza.
22. Falando-lhe com firmeza
Mandou que ela voltasse
Para o palácio real
E lá por ele esperasse.
Ia matar o dragão
E lhe pediria a mão.
Gostaria que aceitasse.
23.Depois de pequeno impasse
Sabra voltou para casa,
Quando surgiu o dragão -
Lagarto verde, com asas,
Jorge logo fez-se pronto
Para travar o confronto
Com o “comedor de brasas”.
24.Nem um segundo se atrasa
Galopa direto ao bicho
Evita o vômito de chamas
Esquiva-se com capricho
Esporeia seu cavalo
Arriscando-se no abalo
A quebrar cilha e rabicho.
25.A fera solta um esguicho
De chamas na direção
De Jorge, mas seu cavalo
Levanta as patas do chão.
E ele, aprumando a lança
Um golpe certeiro alcança
A garganta do dragão.
26.Um rugido de trovão
Sai da boca do animal
Mas é rugido de dor,
Pois o golpe foi mortal.
Jorge, então, se aproxima
Bota-lhe o cavalo em cima
E dá-lhe o golpe final.
27.Morta a fera, afinal
Livre o povo do perigo,
Jorge pede a mão de Sabra
Para que case consigo.
Mas ao saber que é cristão
O rei lhe nega atenção
E trata-o como inimigo.
28. Bem merecia castigo
Esse soberano ingrato
Manda Jorge para a Pérsia
Quebrando de todo o trato.
E expede uma mensagem
Que durante a viagem
O assassinem, de fato.
J- Jorge nunca foi pacato
O- O seu espírito é guerreiro
A- Atacou seus assassinos
Q- Quando voltou, foi ligeiro
U- Unir-se a Sabra, feliz.
I- Inglaterra é seu país
M- Mas mora no mundo inteiro.