O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas e, à saída
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma encruzilhada...
As horas morrem sobre as horas... Nada!
E ao Poente, o Homem, com a sombra recolhida
Volta pensando: "Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada..."
Ontem, hoje, amanhã, depois, e assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim,
Mais se afasta o horizonte pela esfera.;
E a vida passa efêmera e vazia:
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia...
Raul de Leoni +
"In" Mar Mediterrâneo (pág. 76) |