O DOM DE ESCREVER DEVE SER USADO CONSTRUTIVAMENTE, COM O INTUITO DE MELHORAR OS CAMINHOS DA HUMANIDADE.
QUEM ESCREVE, MAS ESCREVE COISAS COMUNS, COISAS COMO AS INTERMINAVEIS "AGUAS COM AÇUCARES", OU SIMPLESMENTE FALA DE SEXO A VIDA INTEIRA, COMO UM GARANHAO, OU UMA NINFA CARENTE DE ROLA, A LETRA, OU A PALAVRA FICA VICIADA, SEM FUTURO E MUITAS VEZES ACABA POR TORNAR A PERSONALIDADE UM REDUNDANTE.
ESCREVER E´ UM DOM, MAS PODE TERMINAR NUM OSTRACISMO TERRIVEL, CAPAZ DE FAZER AS CAPIVARAS DO RIO JACARE´-PEPIRA RONCAR DE TANTO SONO.
ESCREVER EXIGE O ESTUDO DIARIA DA LINGUA PORTUGUESA, PORQUE E´ NO CONCEITO MUNDIAL, UM DOS IDIOMAS MAIS RICO, MAIS SONORO E O MAIS POPULAR, PORQUE SUA ORIGEM VEM DO LATIM VULGAR, FALADO NA ANTIGA ROMA.
OS ESCRITORES ANTIGOS SAO IMORTAIS PORQUE SABIAM FALAR TAMBEM O LATIM, A ALMA DA LINGUA PORTUGUESA.
TODOS POREM, ATACARAM O PROBLEMA SOCIAL COM RELEVANCIA EM SEUS VERSOS. NAO FALAVAM SO´ DE SEXO, OU AMORES INFINITOS A VIDA INTEIRA. ENXERGAVAM O SOCIAL, O DRAMA DAS FAVELAS QUE SEMPRE EXISTIRAM NO PAIS, DESDE O PRIMEIRO DIA DO DESCOBRIMENTO.
QUEM JA´ LEU POR EXEMPLO LUIS GAMA, UM POETA NEGRO QUE CONSEGUIU SUA CARTA DE ALFORRIA E ESCREVIA COMO NINGUEM, PRINCIPALMENTE VERSOS SOBRE A ABOLIÇAO? SEU POEMA "A BODARRADA" AINDA TEM O MESMO PERFIL SOCIAL DE HOJE. AS ELITES NAO PASSAM DE BODES MERRANDO O DIA INTEIRO SUAS EXCEPCIONAIS GASTANÇAS, SUAS FORTUNAS INTERMINAVEIS, SEUS "ESTILOS", COMO SE ESTILO FOSSE O PRIVILEGIO DA RIQUEZA. A DIFERENÇA ESTA´ NO FATO DE HOJE, AS PESSOAS DE CLASSES INFERIORES APRECIAREM FANATICAMENTE AS FANFARRONICES DAS CLASSES ELEVADAS, AO CONTRARIO DO SECULO XIX. EXISTE ATE´ UMA REVISTA CHAMADA DE "CARAS", QUE MOSTRA ALEM DAS CARAS, AS BUNDAS DAS CLASSES ELEVADAS, COMO SE ISSO FOSSE RELIGIOSAMENTE AS COISAS MAIS IMPORTANTES DESTE MUNDO. E NA VERDADE, TORNA-SE IMPORTANTE PORQUE EXISTE A TELEVISAO QUE BADALA EM NOSSA CASA O DIA INTEIRO AS FAÇANHAS DOS "BUNDINHAS PERFUMADAS", TENDO PUBLICO PARA ISSO.
AH! FELIZ FORAM OS POVOS DE SECULOS PASSADO SEM A PORCARIA DA TELEVISAO!
DIGITO A SEGUIR UM SONETO DO SECULO XVIII, ESCRITO POR BOCAGE, O QUAL USAVA SEU DOM NAO APENAS PARA PAPAGAIAR O SEXO, A POLITICA, OU O ETERNO AMOR, MAS TAMBEM PARA BRINCAR COM A ARISTOCRACIA, QUE COMO HOJE, PISA NO SER HUMANO DE ORIGEM HUMILDE:
"LA´ QUANDO EM MIM PERDER A HUMANIDADE"
La´ quando em mim perder a humanidade,
Mais um daqueles, que nao fazem falta,
Verbi-gratia - o teologo, o peralta,
Algum duque, ou marques, ou conde, ou frade:
Nao quero funeral comunidade,
Que engrole sob venites em voz alta;
Pingador gatarroes, gente de malta,
Eu tambem vos dispenso a caridade:
Mas, quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitafio mao piedosa:
"Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
(Manuel Maria Barbosa du Bocage - 1765 - 1805) nasceu em Setubal, Portugal. E´ o mais famoso dos satiricos e o mais popular dos poetas portugueses. Sua inspiraçao nao foi so´ erotica e passional; tambem cantou sentimentos graves "a desesperança e o lento gosto da morte", coisa propria de todos os poetas, quando atinge muitas vezes o sublime. Mas, sua vida desregrada, alem de arruinar-lhe a saude, tornou desigual a sua vasta obra. E´ um dos melhores sonetistas da lingua portuguesa).
(texto em maiuscula meu: Al Aaraaf)
(texto de: "LA´ QUANDO EM..." ate´ "lingua portuguesa" compilado de informaçoes biograficas.
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