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Artigos-->Exames de Rotina -- 21/08/2002 - 23:24 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Exames de Rotina

(Por Domingos Oliveira Medeiros)





Quem nunca passou por uma bateria de exames médicos? De rotina ou de emergência? Um exame de urina. Um hemograma completo. E tantos outros de nomes exóticos e bem sugestivos? Claro que me refiro ao grupo de pessoas que já passaram da adolescência. Não que o adolescente esteja dispensado de qualquer exame. Mas, é forçoso concluir, os que se inserem neste grupo, obviamente, tendem a ser minoria nas salas dos laboratórios e de clínicas de exames médicos. E a razão é uma só: ainda não foram atacados pelas armas implacáveis do tempo.



Numa faixa etária mais adiante, mais adulta, no entanto, a coisa começa a virar rotina. E assim foi a história do Francelino, nosso personagem. Francelino, como todos nós, já foi jovem. Já teve seus momentos de super-homem. Fumava e bebia muito. Comia de tudo, comia muito e a qualquer hora. E nunca sentia nada. Colesterol? Nem sabia de que se tratava. Dores? Nunca sentiu uma dor de cabeça.Mesmo depois de uma “noitada”, regada a cachaça, a vinho e a cerveja. Tudo misturado. Sem vômito, inclusive. Noite mal dormida e, segunda-feira, sete horas da manhã, bastava um banho frio de chuveiro. E lá estava o Francelino renovado. Cheio de energia. Pronto para ir ao seu trabalho.



Mas o tempo foi mostrando a ele outras realidades. Falta de ar. Dor de cabeça. Dores nas pernas. Inchaço em algumas partes do corpo. E tome consultas. E tome pedidos de exames. E o Francelino já se tornava um especialista. Era consultado por seus colegas mais novos para “interpretar” os resultados dos exames de seus amigos. – Não esquenta! Seu colesterol está dentro da faixa. No limite, mas nada que possa ser considerado grave. Ácido úrico? Está um pouco alto! Mas é só fazer um regime. Deixar de comer carne vermelha e, principalmente, vísceras. Vísceras? Sim, miúdos. De boi, de galinha. Como assim? Fígado, coração, moela..essas coisas! E fazer ginástica. Caminhar, pelo menos, meia hora por dia.



Mas o Francelino estava noivo, perto do dia do casamento. E o médico pediu para que ele fizesse um “espermograma”. O médico tinha notado um pouco de sangue em sua urina ou coisa parecida. E pediu o exame. Mais por insistência do Francelino. Que queria ter a comprovação de que era fértil. Poderia ter filhos com a esposa. E assim o Francelino compareceu, em jejum, à clínica. Era bem cedo. E o clima estava um pouco frio.



Chegando na clínica, viu que não era só ele que tinha dúvidas a respeito. O local estava cheio de gente. Todos sentados, esperando a vez de ser atendido. Até que a moça chamou pelo seu nome: - Sr. Francelino da Silva! Pronto!. E ele dirigiu-se ao balcão. - Bom dia! E entregou o pedido de exame para a moça. A moça deu uma olhada. Fez algumas anotações. E entregou um pequeno recipiente de plástico e disse para o Francleino. Agora o senhor pode se dirigir para aquele banheiro, feche a porta e colha o material. Francelino, por um momento, pensou em perguntar à moça: colher...como? Mas, diante de tanta gente, entendeu o que deveria ser feito. E dirigiu-se para o banheiro. Trancou a porta. E, por alguns instantes, fico sentado no vaso sanitário, pensando como iria dar conta do recado.



De lá onde estava dava para ouvir as conversas dos pacientes que aguardavam a vez de serem chamados. E o Francelino procurou se concentrar. Olhou em volta de si e viu um rolo de papel higiênico. Uma pia pequena, com um espelho também pequeno. Do outro lado do vaso, uma banqueta com algumas revistas. Pegou algumas e começou a folhear. Mulheres nuas. Corpos esbeltos. Posições sedutoras. Começou a passar as páginas, tentando encontrar uma que fosse de sua simpatia. Mas as revistas não ajudavam. Além disso, as páginas estavam todas amassadas. E sujas. Mas o Francelino, assim mesmo, foi em frente. Parou na página 23. Uma loura. Ficou um breve tempo olhando para a foto. E nada! Trocou de página. Uma morena. O corpo era bonito, mas o rosto não lhe agradava. Trocou de revista. E mais outra revista.



Resolveu ficar em pé para ver se o sangue escorria pelo corpo com mais facilidade. E, ainda, segurando uma revista na mão. Mas logo percebeu que não iria dar certo. Sentou-se novamente no vaso. Abandonou a revista. E passou a puxar pelas lembranças. Marina...Selma...Irene na praia, no sábado. Marly, deitada de bruços. As pernas da secretária nova. Não! Nem sinal de nada! Nada acontecia. Começava a ficar preocupado.



Resolveu encarar o problema de frente. Ficou de pé, novamente. Encostado na parede. Parecia que ia dar certo. Mas, de repente, suas calças caíram de vez. E o Francelino, na pressa de segurá-las, encostou as nádegas na parede fria do banheiro. E tudo esfriou de novo. Sentou-se no vaso. Começou a acariciar-se. Ele mesmo. De novo a impressão de que iria dar certo. Ficou de pé. Mas quando parecia que tudo iria dar certo, o Francelino assustou-se quando viu sua cara no espelho do banheiro. E a coisa deu errado, novamente.



Lembrou-se do recipiente de plástico. Não sabia onde tinha colocado. Olhou em volta, e nada. Parou e começou a pensar. Até que se lembrou. Tinha colocado o recipiente no bolso de sua calça.



E nessa luta incessante ficou durante horas e horas. Até que se lembrou de um fato muito íntimo que acontecera com ele e sua noiva. Fazia pouco tempo. Ele reviu todos os momentos. E a coisa foi tomando forma. E o Francelino ficou animado. Fez de tudo para não perder a concentração. Até que, finalmente, tudo acabado. Eis o material para o exame. Dentro do recipiente. Tratou de fechar com cuidado. Vestiu-se. Lavou bem suas mãos. O rosto. Ajeitou o cabelo. E quando abriu a porta, a surpresa: não tinha mais ninguém na sala. Nem as recepcionistas. O expediente havia encerrado. Esqueceram o Francelino.



DOM.

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