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Contos-->O presidenciavel -- 02/11/2001 - 00:05 (Mauro de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O PRESIDENCIAVEL


Na extinta Velha República, quando Vereador da Arena tinha trânsito livre no Circo do Planalto, sucessão presidencial era prato predileto até para camelo de barriga cheia. O fato me foi contado por um amigo, poeta baiano, que a época fazia parte da camarilha mamatófaga" palaciana.
Polidoro Pessoa Cardoso, mais conhecido como Cardosinho, era o então Presidente da Câmara Municipal de Nova Lima, cidade satélite de Belo Horizonte. Como todo Vereador da Arena de interior, era possuidor de prodigiosa ignorância cultural. No entanto, tocava de ouvido qualquer boato, bastando-lhe para tanto duas notas: o sujeito e o objeto. Em busca de verba para prática de corrupção ativa e passiva em sua cidade, dirigiu-se a Brasília à cata do seu protetor, um ativo Deputado Federal, que estava em missão oficial, fazendo turismo nas Ilhas Gregas a mando e custo da Câmara Federal.
Para nåo perder a viagem, Cardosinho ficou a rondar nos corredores e gabinetes em busca de um boato, a fim de justificar a sua viagem junto à edilidade.
No terceiro dia de mamaçåo, quando passava na copa, ouviu dois deputados conversando acerca da sucessão. Como uma cobra dá o bote, Cardosinho, sentou-se de costas para os palestrantes. De repente, ouviu surpreendente a seguinte frase: "Nem Figueiredo nem Frota, será um tércio". - Foi o suficiente. Hotel. Aeroporto e finalmente Nova Lima.
Em casa preparou o pronunciamento bomba, com a vida completa do Tércius. Naquele tempo era assinante da Biblioteca do Exército, e aqui e ali, colheu subsídios da vida de grandes Generais. "Filho de General, 55 anos, 3 filhos Oficiais, um em cada arma para agradar a todas, bom pai e bom marido. Conhecedor profundo do Direito, pois fora ele quem ajudara Milton de Campos a datilografar o 1o. Ato Institucional da "Redentora".
Palco armado, Câmara enfeitada com flores, parecia até sessão comemorativa de 31 de março. A rádio da cidade noticiara durante toda noite o importante pronunciamento do dito cujo. As nove da manhã, a Câmara repleta, aplaudia de pé a chegada triunfal de Cardosinho. Abriu a sessão e mandou o verbo. Inicialmente, afirmou que Nova Lima seria a 1a. cidade do Brasil a saber o nome, a vida e a obra do futuro Presidente.
Contou as façanhas do General na segunda Guerra, quando era então um Tenente, e toda sua vida da escola primária ao Generalato. Pior ainda. Disse que a cidade seria contemplada com a amizade do futuro Presidente, já que ele mantinha estreitos laços com o General, e fora recebido por ele em audiência especial e privada.
De Nova Lima para Brasília, foi questão de horas. De Brasília para o SNI, Deputados e Presidenciavéis, foi um instante. Na capital Federal, a notícia estourou como a bomba do Riocentro. Os Deputados e Senadores situacionistas, gastaram os dedos de tanto telefonarem para o Ministério do Exército, para saberem quem era e onde estava o próximo alvo do puxa-saquismo. O SNI pesquisava no computador a ficha do virtual Presidente e nada de aparecer o nome do homem. Lá para as tantas, veio a segunda notícia bomba: "Nåo existe nos quadros do Exército o famoso General Tercius". Fora rebate falso.
Ocorre que alguns Deputados, mal informados e mais apressados, já haviam decidido "apoiá-lo" como medida de segurança, e haviam confeccionado uma faixa, que estava exposta na entrada do Congresso, com os seguintes dizeres: Viva o General Tercius! Nosso Futuro Presidente.


Mauro de Oliveira
01/11/01
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