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Contos-->O grande maravilhoso -- 28/10/2001 - 23:15 (Mauro de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O grande maravilhoso

Ele comemorava o primeiro ano de governo. O povo nas ruas o adorava, reverenciava e louvava. As emissoras de rádio e televisão do Brasil e de todo o mundo considerava o maior estadista de todos os tempos. Não era para menos. Em um ano conseguira convencer um país de 140 milhões de habitantes para o caminho da felicidade e do progresso. Apenas com palavras conseguira convencer os corruptos a devolver o dinheiro roubado aos cofres públicos. Sem que houvesse qualquer processo da justiça, os canalhas se reuniram e se trancafiaram em uma prisão rural construída por eles mesmos no interior da Amazônia. Produziam verduras e legumes para o resto do país. Junto com eles foram os traficantes e bandidos do jogo do bicho. Tudo isso com apenas a palavra de convencimento do Presidente.
Ele conseguira construir 1 milhão de habitações com as sobras devolvidas do dinheiro roubado dos cofres da previdência depositados no exterior. Construíra 500 mil escolas com a ajuda dos sonegadores que pagaram sem qualquer tipo de opressão o que deviam desde a Proclamação da República. Formara um milhão de professores em tempo record e pagava 30 salários por mês além de casa gratuita e um perfeito sistema de saúde. 3 milhões de crianças de rua foram para as escolas em tempo integral, onde era servida 3 refeições diárias.
Criara 50 milhões de emprego em novas fábricas, na agricultura e na preservação ambiental. Reduzira o funcionalismo público em 70% e máquina estatal funcionava como um relógio Suíço. Os deputados e senadores compareciam ao Congresso de segunda a sábado e trabalhavam 8 horas por dia igual aos demais trabalhadores.
Conseguira sanear 100% das cidades brasileiras e extinguira todas as doenças endêmicas. Plantara nos últimos doze meses uma média 100 milhões de árvores nas áreas devastadas. Sepultara para sempre as usinas nucleares, substituindo-as por 13 mil pequenas hidroelétricas, perto dos consumidores, evitando os riscos dos grandes complexos e a devastação da natureza. Ligara o Rio São Francisco ao Parnaíba. O Nordeste fora todo irrigado sem custos nem devastações através dos pequenos rios naturais de cada região que recebiam água dos dois grandes rios por gravidade. As colheitas se sucediam e seguiam pelas ferrovias reativadas para os portos, que agora tinham os custos mais baixos do mundo.
Criara uma nova moeda, o "REALíSSIMO" que era disputado no mundo inteiro. Com essa moeda os banqueiros brasileiros tornaram-se os mais ricos do mundo. Todos os países do mundo mandavam para São Paulo as suas reservas e éramos agora o sistema financeiro mais seguro do planeta. Os banqueiros por sua vez distribuíam 90% do lucro com todos brasileiros sem que houvesse qualquer ato do Presidente coagindo-os para isso. Estava embutido em seus corações o desprendimento e suas almas generosas esperaram apenas alguma palavra como a do Presidente para que se tornassem os grandes doadores de riquezas. Logo ao assumir reunira todos na Granja do Torto e depois de alguns minutos de conversa conseguira que todos mostrassem o lado do desprendimento das coisas materiais.
Convencera os militares saudosistas a serem professores de Democracia nas escolas espalhadas em todo país.
Fizera tudo isso e estava triste. Criara a super Utopia e agora estava sem nada o que fazer. A ausência de problemas e preocupações vinha consumindo O Presidente. Tudo tinha sido resolvido: a fome, educação, saúde, corrupção, assaltos, crianças abandonadas, emprego ! Tudo resolvido !
- De repente Eneas acordou, levantou-se, foi ao espelho e gritou:
- O MEU NOME É DEUS ! O MEU NOME É DEUS !
O sonho que acabamos de caricaturar, foi de um homem que politicamente não tem passado, nem presente, nem futuro. Não tem partido(Prona é nome de bandido nos morros do Recife),não tem dinheiro, é feio e repelente como o cão do segundo livro, e até para os mais apurados ouvidos sua mensagem foi difícil de ser entendida, face a histeria e a rapidez que era vomitada pela televisão. Quanto a sua inteligência e conhecimento parece não haver dúvidas, mas não foram suas palavras simplesmente que lhe deram 7% dos votos de 94 milhões de eleitores. Hitler precisou de um décimo de adeptos para formar o" Reich de mil anos" e não tinha os meios de comunicação que temos hoje. Dizer que 6 milhões de pessoas votaram no homem simplesmente por protesto não é lógico. Por ter escutado a sua mensagem, impossível. Não havia esse numero de televisores ligados nos 20 segundos a que tinha direito. O fenômeno merece um estudo das agencias de publicidade para melhorarem os seus comerciais com o mínimo de tempo possível, já que vivem enchendo nossa paciência com falta de imaginação. De uma coisa estamos certos, o povo já não agüenta mais ver a cada campanha as mesmas promessas e os mesmos chavões. Qualquer marca bem vendida, poderá levar a presidência deste país, um louco ou um idiota, um inteligente ou um burro, um preparado ou um ignorante. A massa está sedenta de novidades e em desespero. Já tivemos um exemplo com o caçador de marajás. De um nojento mal eleito, para guerra civil é um pulo. Se temos muitos candidatos e nenhum presta , o melhor será uma greve. Ninguém vota, vamos para o anarquismo e ai começaremos tudo de novo.


MAURO DE OLIVEIRA
28/10/2001

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