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Humor-->O Papel e seus papéis -- 01/08/2003 - 21:06 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O Papel e Seus Papéis
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Assim que nascemos, e logo depois do primeiro choro, o primeiro papel: a certidão de nascimento. Depois entramos no mundo dos papéis. O mundo dos formulários. Formulários de papéis. Passamos quase toda a nossa vida as voltas com papéis. Preenchemos o formulário para ingressar na escola. Nosso segundo choro. Recebemos a caderneta de freqüência, que é o papel onde registramos nossas entradas e saídas escolares. E o primeiro papel com as nossas notas. Choramos de novo. Até sairmos da faculdade com o diploma. O papel que, em tese, abre as portas para o mundo do trabalho. Nesta hora, muitos choram de novo. Outros vão em frente. Continua o envolvimento com papéis.

Mesmo com o advento da informática, o papel continua a exercer forte presença em nossas vidas. No final do mês, mais um papel: o contra-cheque; caímos em prantos. E vamos seguindo, de papel em papel. Para quem serviu o exército Brasileiro, mais um papel: o certificado de reservista. Depois, a certidão de casamento: o primeiro papelão. Nascem os filhos e novos papéis, novas certidões. E a vida continua. E seguimos assumindo vários papéis. Para cada papel, um outro papel. No papel de eleitor, recebemos o título eleitoral. as pessoas assumem diversos papéis. E aí precisaria, no meu entender, da ajuda de um psiquiatra ou de um psicólogo para resolver os problemas financeiros da modernidade. A insegurança - sobre o risco da economia brasileira -, provocada pela proximidade do término deste governo, em face das eleições que se aproximam, representa o ponto crucial dessa questão.

Ao votarmos, fazemos papel de cidadão ou de bobo. No papel de contribuinte, recebemos o papel denominado CPF. Com ele pagamos nossos impostos. E, mais uma vez, fazemos papel de bobo. Não recebemos nada em troca. Ou quase nada.

E os papéis e papéis se multiplicam. Contas a pagar, papel de consumidor; contas a receber, papel de credor; contas em atraso, papel de inadimplente; compras na padaria, papel de pão; e assim por diante. Parece que o único papel que ao invés de aumentar, diminui, é o chamado papel moeda. O dinheiro em notas. Em moedas, até que não. Mas em notas, principalmente a de cem reais, muita gente faz o papel de cego. Nunca viu uma nota dessa.


O mercado financeiro, que trabalha com papéis, continua pressionando o governo. Os investidores estão pessimistas. Como resultado dessa onda de mau humor, o dólar subiu. E essa onda de desconfiança vem do exterior. São ondas que surgem daqueles que fazem o papel de especuladores. O papel chamado de C-bond, título mais negociado na Bolsa de Nova York, e que representa a nossa dívida externa, foi vendido abaixo do preço de mercado. Esses papéis ficaram menos atraentes, em função da desconfiança no próximo governo, mais precisamente no tocante à sua capacidade de pagamento das dívidas. O medo de um eventual calote. Este é o papel dos que gostam de soltar boatos para ganhar dinheiro. Assim é o mercado financeiro. Movimenta-se em ciclos alternados de otimismo e pessimismo. Nada a ver com economia. O que deixam os investidores bastante inseguros. E quando isso acontece, todos ficam nervosos e correm para aplicações mais estáveis, como o dólar. Com isso o dólar sobe de cotação. E outro papel, a conta de luz, aumenta de preço, pois a energia de Itaipu (empresa binacional – Brasil-Paraguai) é cotada em dólar. O que nós temos com isso? Nada. E o pão, cujo trigo é importado, também sobe de preço. Pagando juros maiores, para conseguir dinheiro no mercado, o governo aumenta seus gastos com a dívida e, por conseguinte, reduz seus investimentos.

Juros altos, significam redução de consumo. Empréstimos e prestações mais caras. O pais passa a produzir menos. E aumenta o desemprego. Quando o dólar sobe, a gasolina também aumenta de preço. Os preços dos produtos também sobem. E aumenta a inflação. E o governo se vê obrigado a manter os juros elevados para conter a inflação. Deu para entender? Mais ou menos. Agora, recentemente, o governo mudou as regras do jogo para aplicações em papéis. A chamada regra de marcas.

Com isso, quem tinha investimentos em papéis (fundos de bancos) e que se anteciparam à decisão do governo, não teve perdas. Porém, o pequeno e médio investidor, como sempre, que tinha investimentos em bancos que adiaram o ajuste, teve prejuízos. Fizeram, todos eles, papel de bobo. Parece que o papel do governo é, no fundo, o de atrapalhar a vida de todo mundo. E, no final, lançar um novo e grande papel: um pacote econômico, em grande estilo, envolto em papel higiênico, prevendo o embrulho que irá causar no estômago de todos os brasileiros.

Que papelão!.. Desse jeito, não há outro jeito: só colocando no Ministério da Fazenda um psiquiatra ou um psicólogo. Pois estamos ficando cada vez mais pirados.


Domingos Oliveira Medeiros
Rest. a pedidos.
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