A V Semana Paulo Leminski está no ar. Solta, com o vigor das coisas que têm de acontecer, dos acontecimentos seminais, raízes fincadas na convivência universitária.
Dos estudantes que a idealizaram em 1997 (CACEL), Fabiana Zilocchi é quem permanece à frente, empunhando uma bandeira de luta pelo pão da poesia, quando tantas outras bandeiras se atrevem a tremular sem lastro, sem radicalidade, sem linguagem, sem vida.
Esta 5a. edição conta ainda com a coordenação de Mário Martinez, que soube atrair as adesões de um mutirão de sonhadores.
Que se orgulhem os estudantes do campus da Unesp. Respire a universidade pública. Sonhar ainda é possível. A poesia ainda floresce pelos cantos, pelos desvãos, pelas frinchas do monumento estruturalista. É a certeza de que não perdemos, não vamos perder nunca o que nos redime de todas as outras bobagens: a capacidade de produzir linguagem.
Sensibilíssimo, o SESC soube compreender que, por trás das nossas intenções e da nossa impossibilidade de estabelecer parcerias em termos de igualdade material, algo se mexe poderosamente, algo que também lhes diz respeito, como agentes culturais, ex-universitários, pessoas atentas aos rumos da comunidade onde agora a entidade se insere: uma comunidade precisa gerar seus próprios signos.
Melhor que as palavras "apoio", "patrocínio" ou "parceria", é a palavra "interação" que define a opção do SESC local. Na programação de agosto: minicurso com ALICE RUIZ, poeta e haikaisista, letrista de música popular, companheira de Leminski; CLAUDIO MELLO, mestre (Unesp/Assis) com dissertação sobre a prosa do poeta, acompanhado dos “mestres cantores” MÁRIO MARTINEZ e JOÃO CARLOS BIELLA (evento TERTÚLIAS); e ARNALDO ANTUNES, no show PARADEIRO, que deve lotar o Ginásio no dia 29/08.
A semana foi criada para "tornar a obra do poeta mais conhecida no meio acadêmico, e servir de espaço para a difusão, fruição e discussão de seus multifacetados aspectos", diz o release.
Ler Leminski é também revisitar tudo o que aconteceu com ele, a partir dele e depois dele na cultura, na literatura, na poesia brasileira, despertando a academia para um ideal: ser contemporânea de si mesma. Devemos ser gratos aos alunos de letras por esse atrevimento.
Ao longo de 7 anos, a semana tem recebido parceiros do poeta, criadores e produtores culturais, além de leitores, estudiosos que se debruçam sobre o seu legado. Fomentando a produção local: grupos de teatro, músicos, artistas plásticos, performers, poetas se juntam aos estudantes na celebração do mundo que se pode produzir com as palavras.
Quem abre a semana, no anfiteatro A da FCL, é LUIZ TATIT (músico criador do grupo RUMO e livre-docente da USP na área de lingüística e semiótica), que resume suas inquietações na aula-espetáculo: "POEMA QUE VIRA MÚSICA".
A programação acadêmica (FCL) inclui palestras, lançamentos de livros, minicursos diversos. Pelo campus, performances teatrais (restaurante) e musicais (cantina), mostra de vídeos (Sesi/Itaú), instalações de arte e o 65o. OXOUNOSSO (anfiteatro A, 28/08). Terminado o show de variedades, no saguão, o BAR LEMINSKI terá animação das bandas THE DEAD ROCK, MC QUADE e VITROLAS.
A V Semana Paulo Leminski (de 26 a 29/08) está no ar. É o acontecimento. Seja. No folder e no cartaz (IDÉIA FIXA), um minipoema resume as aspirações da semana: “liberdade / vento / onde tudo / cabe”.
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