Por
Frassino Machado
Ó cruéis gotas de água efervescente
caídas pelo ar no rude chão
cuidai de não queimar o fino pé
da alma senhoril qu’ em vós tem fé
e que, sentindo em si a dor ardente,
aumenta à que já tem no coração...
Aceita, chão sagrado, a minha prece
e cura o pé dorido de Iracema
fazendo q’ uma nuvem em ti desça
para que o piso duro s’ enterneça.
E se o calvário seu reaparece
reflete o sol por ela em diadema.
Ó vós, selvagens gotas que desceis,
irmãs daquelas lágrimas salgadas,
fazei vosso rigor amortecer
para qu isto não volte a acontecer
e, se voltar, espero que leveis
p’ ra além da dor as penas sublimadas!
Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA |