Usina de Letras
Usina de Letras
157 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62210 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10356)

Erótico (13568)

Frases (50604)

Humor (20029)

Infantil (5429)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140796)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Saltos na Evolução -- 20/08/2002 - 17:32 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Saltos na Evolução





Há algumas semanas atrás faleceu o biólogo e geólogo humanista Spephen Jay Gould, professor de Harvard e pai do conceito de Equilíbrio Pontuado. Esse é o modelo por ele criado para explicar as falhas (gaps) na Teoria da Evolução de Darwin. A evolução, segundo Darwin, acontecia lenta e gradualmente e os gaps eram apenas imperfeições no registro geológico. Na verdade, essa idéia se encaixava melhor à filosofia dominante do século XIX que abominava revoluções. Gould, por seu lado, propôs que a evolução seria pontuada de tempos em tempos por severas tensões por estar vivendo nos limites de sua tolerância, o que ficou conhecido como Equilíbrio Pontuado. Sem saber, Gould falou do modelo da Pilha de Areia dentro da Teoria do Caos, segundo o qual os sistemas naturais crescem quase que linearmente até um ponto de ruptura e aí ocorrem as avalanches que levam o sistema para um novo patamar de evolução, onde o equilíbrio é sempre dinâmico. Nessa ótica, a vida em plenitude é alcançada somente longe do equilíbrio, no limite do caos. Por outro lado, pela Física Quântica, esses gaps seriam vazios necessários e criativos da consciência universal que proporcionariam os saltos quânticos, como explica Amit Goswami em seu “Universo Auto-Consciente”. Todo crescimento contínuo pode ser facilmente explicado pela matemática, como qualquer função. Não é o caso dos saltos quânticos, o que é causa de muita controvérsia dentro da ciência nesta virada de milênio. O fato é que o Equilíbrio Pontuado explica bem o que ocorre na evolução das espécies, ou seja, os saltos realmente acontecem.

Como tudo no universo, no caso da evolução também o macro se reproduz no micro, ressaltando um explícito caráter fractal de auto-similaridade. Assim, o crescimento da vida do ser humano pode ser olhado de forma muito semelhante à evolução das espécies. Se esse crescimento do ser humano fosse linear ou ao menos contínuo, poderia ser explicável pela matemática tradicional e as consequentes teorias clássicas de comportamento humano o modelariam facilmente. Porém, todos sabemos que não é assim, muito embora todos fomos criados na expectativa de que a vida transcorresse de forma contínua, sem sobressaltos. Doce utopia da Ciência Clássica! Se dependesse dela, não existiriam as crises. Como também não existiriam as mudanças de fase nas substâncias. A Física Clássica explica bem os aumentos de temperatura, mas não sabe lidar com as transições de fase. Assim também na evolução da vida. Lidar com crises da maneira clássica é como que tentar evitá-las, o que é impossível. À luz das auto-similaridades dos fractais, as crises podem ser olhadas como Equilíbrios Pontuados em nossa própria evolução. Ou seja, esses não são os pontos que devem ser evitados a todo o custo, mas aqueles em que temos todo o potencial para os saltos quânticos, os saltos em nossa própria evolução. É o próprio crescimento da pilha de areia que provoca a avalanche, ou seja, esta é necessária para a evolução.

Que mudança de enfoque! Isso faz toda a diferença na compreensão de nós mesmos. Confesso que comecei a me olhar dessa forma neste meu último setênio quando as grandes crises surgiram. Assustei-me quando linhas de conhecimento humano por mim sempre desconsideradas pelo meu posicionamento racional e reducionista de minha formação cartesiana me bateram às portas de forma intempestiva. Há alguns anos atrás, como poderia eu, físico clássico de formação, aceitar que a Radiestesia pudesse funcionar? Mais ainda, ser usado um pêndulo e uma pequena pirâmide de cristal para curar pessoas à distância, sintonizando a energia do paciente? Nunca poderia mesmo, antes de conhecer Pe. Cesar e vê-lo sintonizar as energias de minha esposa que estava com câncer e fazê-la melhorar sensivelmente no mesmo instante, a centenas de quilômetros de distância. Está certo que eu já houvera dado crédito à Homeopatia quando vi meus filhos serem tratados eficazmente, mas aceitar a Radiestesia era muito para os meus antigos neurônios. Onde estariam os fios ou as ondas mensuráveis por aparelhos dignos de um bom laboratório de Física? E quanto à Acupuntura? De novo, como Tomé, tive que ver para crer. Que dizer, então, do diagnóstico baseado na aura, na energia sutil dos chakras? Depois que experimentei e comprovei essa técnica com meu grande amigo, Dr. Sydney Meana, li Bárbara Ann em seu livro “Mãos de Luz” e me acalmei com essa física, ex-integrante da NASA. Lendo Capra, Sheldrake e Prigogine, físico, biólogo e bioquímico, respectivamente, comecei a entender que passava por momentos de crise profunda e que, felizmente, eu não era o único cientista que estava vendo o universo daquela forma. Um dos maiores choques, entretanto, veio quando reconheci que as crises que atravessava “coincidia” com trânsitos planetários que se sobrepunham em meu Mapa Astral, quando em 1999 decidi fazê-lo pela primeira vez. Como admitir isso com cabeça cartesiana? Porém, como negar uma realidade que eu sabia que estava vivenciando? Para alguém que tem a Lua como astro regente, um trânsito de Plutão na Lua natal logo depois da oposição de Urano, só poderia mudar tudo na vida, como realmente mudou na minha. Senti-me numa encruzilhada! O que iria dizer aos meus filhos? E aos alunos? Aos colegas, aos amigos da igreja? Aos pais, aos irmãos? Depois de muita luta interior, quando fiz profundas experiências de Deus, decidi pela verdade que eu estava descobrindo. Era o que realmente importava! Meus filhos agradeceram aos céus quando mudei! Tudo isso me preparou, pois quando minha esposa faleceu, tive abertura suficiente para entender que ela simplesmente havia mudado de dimensão, mas que continuava muito viva. Percebi, então, que seria momento de quebrar padrões que trazia comigo, científicos e religiosos, que sempre temi mexer, mas que não mais me serviam. Sabia que havia muita coisa que não poderia ser provado pela Matemática, mas eu não mais precisava dessas provas.

Nesse sentido é que os últimos anos foram muito doloridos, mas extremamente gratificantes. Hoje, chegando aos meus 50 anos de vida, e com um ano de falecimento de minha esposa, sem nenhum sentimento masoquista, sou grato a Deus por tudo o que passei e me vejo privilegiado por entender mais dos mistérios da vida. Fiquei mais místico. Vejo que o ser humano passa por Equilíbrios Pontuados em sua vida, crises necessárias que, se quiser, se transformam em saltos quânticos em sua evolução. Avalanches abençoadas! Como diz Bárbara Clow, uma astróloga americana, os trânsitos planetários despertam uma energia potencial impressa em nosso ser na hora do nascimento. Pelo livre-arbítrio, podemos aceitar as mudanças e trabalhar na direção de incorporá-las e dar os saltos evolutivos próprios do ser humano ou tratá-las como visitantes indesejáveis e amortecermos a vida com medicamentos e lamentações da má sorte. Para evitar avalanches, só com drásticos freios na evolução, mostra claramente o modelo. A morte física, vejo agora, é o maior salto quântico desta dimensão, não assimilada pela Ciência Clássica, ainda que identificada por ela como resultado da lei da entropia, o estado final sem diferenças de energia. A pior morte, no entanto, é parar de crescer, se negar a evoluir. Talvez por isso mesmo, o Mestre tenha dito a alguém que queria enterrar seu pai antes de o seguir: “deixa que os mortos enterrem seus mortos”. Palavra dura aos mortos-vivos. Talvez também pela transcendência alcançada, Francisco de Assis chamava a morte física de irmã. É claro que a Ciência Clássica é ainda necessária para se entender a evolução contínua e previsível tanto das espécies como do ser humano, mas somente a Nova Ciência é capaz de dar conta dos saltos. Maravilhosamente, ciência e espiritualidade convergem. Entretanto, ninguém é obrigado a ver o mundo dessa forma, pois, pela própria Física Quântica, a realidade é uma escolha e cada um faz a sua. Pascal, o cientista contemporâneo e conterrâneo de Descartes, escolheu outra realidade quando passou por uma grande crise em sua vida pessoal e introduziu idéias da complexidade já no século XVII, ainda que desprezadas. Na verdade, essas “loucuras” que incorporei em meu mundo, fazem parte de minha experiência pessoal. No entanto, é possível ainda se imaginar tudo como linear e olhar as crises como castigos.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui