Existe uma tradição, quiçá um pressuposto que todo viciado sofre.
Sofre porque antes que os demais promotores de plantão o acusem ele já o fez com maestria. Sim, o viciado é um sofredor. Seja do cigarro ao haxixe. Quem mais entende disto é Claude Olivestein, cujo livro "Os drogados não são felizes" é ao meu ver obrigatório para o leigo, para o especialista, para o drogado, MENOS para o não fumante.
É que ele por alucinar que se livrou da droga pensa que está curado. Quem é drogado será para sempre drogado. Independente da droga. Estou "limpo" para defender os fumantes, pois sou um fumante QUE NO MOMENTO NÂO FUMA. Não importa o tempo. Todo mundo esta cansado de saber as consequências que o fumante passivo sofre. E do fumante excluído, massacrado, sem vontade própria pouco se fala, ou ninguém sobe a tribuna para defende-lo.
Ninguém quer saber que ele sofre, mesmo quando se defende com argumentos tolos tipo: "Conheço gente que tem enfisema e nunca fumou". É um sofredor tanto quanto aquele que tem adição por álcool. Ambos são crivados pelo estigma "falta força de vontade". No caso da bebida hoje sabemos que falta ao alcoólatra uma enzima que divide a molécula do álcool o que o remete a não parar de beber vez que seu organismo ignora o metabólico do álcool etílico. LIVRAR-SE DO ALCOLÓDE DO FUMO É UM ENIGMA. Porque um ex-fumante se gaba de sua pretensa força de vontade, e outros tentam porque tentam largar o cigarro e não conseguem? Existe algo de misterioso aí. Algo semelhante ao álcool, só que não descoberto. E se ainda não o foi, vamos dar uma trégua para o fumante. Inseri-lo ao nosso convívio de cada dia. Se um cara cheio de pó ou anfetaminas, passa despercebido, porque esta revolta, descriminação, indignação contra o fumante que asseguro ao leitor, mas que ninguém quer ficar livre do cigarro?M Porque então não ajuda-lo? Ampara-lo, solicitar que pode fumar sim, só que na varanda. Numa boa, sem ódio e preconceitos. Acredito ser o único caminho útil. O inútil vamos deixar para os "ex-fumantes" que projetam sua fraqueza, impotência e desvalor naqueles que fumam, atestados em movimento de sua força de vontade. E se os fumantes não existissem? O que seria deles?