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Artigos-->A Nova Ciência do Século XXI -- 20/08/2002 - 17:09 (Ivan Guerrini) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A NOVA CIÊNCIA DO SÉCULO XXI





A física, chamada por muito tempo de filosofia natural, talvez esteja voltando às suas origens. Com efeito, no ensino médio ou na universidade, é comum se aceitar que a sempre tida como ciência fundamental da natureza, esteja muito bem classificada dentro das tradicionalmente chamadas de ciências exatas. No entanto, os acontecimentos destas últimas três décadas, onde conceitos de caos, fractais e complexidade invadiram o meio científico, estão exigindo uma mudança de postura.

Na verdade, a física que incorpora conceitos de caos e fractais não pode ser mais a mesma física conhecidamente determinística, baseada na Geometria Euclidiana e classificada como ciência exata. Isso obriga o professor a mudar a maneira de ensinar a disciplina e principalmente os conceitos que ela traz em qualquer nível. De fato, os pilares da teoria dos fractais contrariam bastante o ponto de partida da física clássica, a qual está alicerçada na perfeição do mundo vista pelos antigos filósofos gregos, em que se basearam Galileu, Newton, Descartes e Laplace, dentre outros. Se no início deste século, a relatividade e a mecânica quântica sacudiram as estruturas dessa visão idealista, neste final de século a nova maneira de se enxergar a natureza está transpondo outros limites, provocando profundos debates sobre questões cruciais da física e de outras disciplinas.

A introdução do chamado Efeito Borboleta foi um dos fatos marcantes da segunda metade deste século, significando que a maioria dos sistemas naturais, ao contrário do que prevê a física clássica, é extremamente sensível às condições iniciais, podendo percorrer caminhos dificilmente previsíveis. É o caso, por exemplo, da previsão do tempo e do movimento de uma folha morta num dia de muito vento. Outro fato marcante desta parte final do século XX foi a introdução de uma nova geometria que dá ênfase ao irregular, ao não-linear e ao &
61505;imperfeito&
61504; observados na natureza. Isso foi proposto pelo matemático polonês Benoit Mandelbrot na década de 70 com o nome de Geometria Fractal, a qual leva em conta as &
61505;regularidades do irregular&
61504; formadas em sistemas dinâmicos e complexos da natureza, obedecendo aos imperativos do princípio do anti-caos ou sintropia, em oposição à entropia. Interessante e intrigante foi descobrir que os efeitos e os padrões (fractais) gerados por esses dois princípios opostos ocorrem em todo lugar e podem ser alterados pelo ser humano, não sendo somente assuntos da física e da matemática, mas de qualquer área da ciência, inclusive da biologia, da sociologia, das artes, da religião, da medicina, etc...

É assim que, embasada nas idéias marcantes de pensadores famosos da segunda metade deste século, como D. Bohm, J. Bell, I. Prigogine, F. Capra, P. Davies, R. Penrose, M. Ferguson, T. Chardin e V. Frankl, a nova estrutura de ciência que desponta para o novo século não mais pode ficar restrita à qualquer das áreas tradicionais. A física, por exemplo, não pode ficar presa aos fenômenos ideais que dificilmente ocorrem na natureza, como aqueles que apresentam velocidade ou aceleração constantes. Precisa conceber em sua essência que os movimentos bem definidos e determinísticos são, na verdade, leis que somente valem em situações limites e incomuns, como o caso da queda livre sem atrito. Nas situações habituais, leis mais flexiveis e abrangentes que levem em conta os chamados &
61505;desvios&
61504; ou &
61505;irregularidades&
61504; são necessárias, onde nos casos limites tem-se, novamente, as leis tradicionais para situações ideais. Um exemplo claro e recente é a aplicação do conceito de multifractal no estudo da evolução das bolsas e câmbios num artigo publicado por Mandelbrot no exemplar de fevereiro deste ano da revista americana Scientific American. Como a sociedade brasileira está percebendo nos últimos tempos, esse é um fenômeno bastante irregular e tido como imprevisível, mas com certeza essas novas ferramentas poderiam trazer luz para melhores modelamentos e previsões.

Dessa maneira, a nova ciência do século XXI será totalmente multi e transdisciplinar, onde não mais poderão existir barreiras impostas pela inércia burra do sistema de educação que, de antemão, exclui o não-convencional. Não se trata de eliminar as disciplinas clássicas, mas de mudar seus conteúdos e inter-relações. Portanto, escolas e universidades que querem, neste final de século, transmitir um conhecimento que identifica melhor a natureza para poder tranformar a realidade, devem introduzir os princípios da nova ordem de interdependência, quando, então, surgem os conceitos de não-linearidade, complexidade, caos, fractais, sistemas dinâmicos e outros. Já é consenso que esses conceitos entram na compreensão de qualquer fenômeno natural explicado de forma mais real possível, na linha que Heráclito, já no século VI A.C., chamava de transformação constante para o vir a ser da natureza. A busca da natureza e de seus sistemas para esse vir a ser, hoje chamado de atrator, é um caminho dinâmico e complexo, residindo em sua flexibilidade inerente um imenso potencial de atuação para o ser humano em qualquer área da ciência.

Como atestam os pensadores já citados, a visão sistêmica, os estudos da mente e a espiritualidade serão consequências inevitáveis dessa nova abordagem da ciência. Assim, novos rumos e novas posturas das instituições de ensino e dos educadores serão necessários nesta virada do milênio, não obstante a esperada oposição dos mecanicistas cartesianos do mandarinato científico.

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