Passeio pelas ruas da cidade, em busca de esquinas e janelas.
Sobreviventes à febre dos que querem caminhar ao passo do tempo.
Sorrio para o mendigo sentado na calçada
como querendo a comunhão com as dores do mundo.
Ele me olha impassível,
rosto absolutamente imóvel,
olhar de majestade.
Dizendo que o tempo parte antes que assumamos um destino,
porque nossos anseios ultrapassam nossos minutos,
porque nossos sonhos não vão além de tempos de perdas de ontem
e conquista dos amanhãs,
recheado de impensáveis palavras de agora.
Assim, seu olhar entra dentro de mim como um espírito da natureza
e deixo cair a minha primeira máscara.
2004 |