Um menino levanta do chão
Uma flor em pedaços de inverno
E com a terra roçando-lhe as mãos
Sente o sol, num momento, mais terno.
Uma rosa, tão murcha e tão pálida
E tão leve, afaga-lhe os dedos.;
E o perfume, já fraco, que exala
O enternece preenchendo-o de beijos.
Suas pétalas frias, geladas
Choram as gotas do último orvalho.;
E o menino, com as mãos calejadas,
Chora a rosa em seus restos, retalhos:
"Como pode uma rosa tão bela,
Esquecida e jogada, assim?
Como podes, tão triste e tão terna,
Ser a dor e a doçura, enfim?"
Uma lágrima beija-lhe a face,
Os seus olhos reparam: espinhos.;
E, esperando que o frio então passe,
Ambos vão pela estrada, sozinhos.
© Brenno Kenji
01.12.2000
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