Se o seu sonho se encontra em algum lugar além do arco-íris, mas você não acredita em Oz, há grandes chances de você nunca reconhecer a magia em sua vida. Ou achar que ela sempre vem através de um milagre do qual você nunca é merecedor e muito menos ainda dele poderia ser um artífice. Afinal, Deus está fora e longe de você, agindo apenas raramente e ainda segundo regras rígidas e bem definidas de certo-errado. Nesse caso, você ficará sempre amargando a chuva, mesmo nos tempos de muita seca. Se você, por outro lado, já passou pela escuridão no ventre do grande peixe e experimentou o sinal de Jonas em sua vida, com certeza hoje você observa mais as flores, ri de si mesmo, se alegra, conversa telepaticamente com os animais, sente a presença dos anjos e não se importa com a incompreensão dos materialistas, dos cépticos e dos dogmáticos. Nesse estado, você sente compaixão pelo que sofre e, sem soberba, também por aquele que ainda não consegue fazer escolhas mais construtivas em sua vida por se negar a acreditar nos sonhos. Você já sabe, e ninguém precisa lhe provar, que Shangri-Lá não é utopia e nem miragem, é uma opção de vida. Em outros ares e mares, Jonathan Seagull, a gaivota uraniana também chamada de Fernão, um dia fez essa opção e foi execrada do bando, o que não a demoveu do projeto de busca do transcendente. É interessante notar que, depois da escuridão, você também consegue voltar a fazer promessas, mas não as do tipo antigo, e sim as que envolvem incertezas, irregularidades e loucuras, mas que nem por isso deixam de ser promessas. Você promete o sol, se o sol sair, ou a chuva, se a chuva cair. Você diz ao seu amor que promete não mais isto ou aquilo, mas o que vier, seja o que for, se ela se dispõe a vir para o que der e vier. As bênçãos de Deus vêm, não mais por decretos instituídos, mas carregadas pelos pássaros que cantam e fazem acrobacias no ar somente para vocês. E tudo o que vocês precisam é de um pedaço de qualquer lugar numa praça à beira do mar, num lindo dia branco. Se você já passou pelo ventre do grande peixe, você e sua querida não mais se insurgem contra o imprevisível e contra aquilo que não tem controle, mas aceitam o desafio maravilhoso de serem criativos diante das intempéries da vida. Sabem que o bem, representado pelo novo em todos os detalhes, é mais forte que o mal, símbolo do velho, do arcaico e do ranzinza, em qualquer nível. Na prática, já aprenderam a fazer constantes limonadas com todos os inadvertidos limões que teimam em azedar sua vida a cada instante. Sua regra de vida passa a ser a frase bíblica e plutoniana de restauração profunda: "Eis que faço novas todas as coisas". Você percebe que, por mais paradoxal que seja, Heráclito era muito mais "cristão" do que muitos que vão à s igrejas hoje. Se você já passou pela escuridão, sabe também que ela é necessária para a purificação e é ela que permite se enxergar anos-luz mais distante. Seja, portanto, bem-vindo à festa do grande dia, um dia muito especial. Já há nos aromas reinantes uma comemoração e o universo de luz se rejubila! Se você é aprendiz e está a caminho de sua essência, sinta a magia que está no ar nesta primavera que desponta, e perceba, como em Oz, o arco-íris que se deixa alcançar. Lá no íntimo você sabe quando, onde e como será esse Dia Branco.
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