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cronicas-->VIAGEM ASTRAL -- 12/09/2003 - 11:19 (Marco Antonio Cardoso) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Naquela tarde eu só desejava relaxar, portanto deitei um LP na velha vitrola e acomodei-me confortavelmente numa poltrona próxima.
Ouvia "Os Planetas" de Gustav Holst. Enquanto eu esvaziava minha mente, iniciou-se a faixa relativa ao planeta Netuno. Uma música por si só mágica.
Foi quando aquela sensação estranha começou.
Senti uma leveza fora do comum, que me fez olhar ao redor. Até aquele momento eu me mantive de olhos fechados. Para meu espanto, estava flutuando na sala, de onde observava meu corpo sobre a poltrona. Aquilo não me perturbou muito, pois eu já estava acostumado com alguns exercícios que permitiam a liberação da consciência da prisão tridimensional em que nos encontramos.
O que foi inusitado mesmo foi que eu comecei a levantar vóo, ultrapassando os limites do prédio em que vivia, numa velocidade que poderia chamar de estonteante. Em alguns segundos estava na estratosfera, de onde podia avistar plenamente a esfera azul e brilhante em que vivemos.
O tempo realmente é uma ilusão, quando parece que muito tempo se passou, a coisa não dura uma fração de segundos, outras vezes, para movimentos rápidos, são precisos longos minutos.
Num instante eu já estava no espaço sideral, cercado pela imensa escuridão do vácuo, mas iluminado por uma infinidade de estrelas.
Aí as coisas começaram a se complicar.
Surgindo do nada, uma figura monstruosa vinha em minha direção. Parecia um ser mitológico, de configuração transparente e ígnea. Um leão brilhante, como feito de fogo, sua juba era flamejante e vermelha, e seu corpo era definido apenas na parte dianteira, a traseira se estendia como uma cauda de cometa, em labaredas amarelas e alaranjadas. Uma imagem ao mesmo tempo maravilhosa e terrível. Terrível porque aquele ser, que depois entendi ser um espírito elemental do fogo, vinha atacar-me.
Não sei como desviei da primeira vez, mas na segunda investida uma gigantesca mão humana, se assim posso me referir, agarrou-me delicadamente e levou-me para cima, não no espaço em que eu me encontrava, mas para outra dimensão. Nenhum som se ouvia, mas uma brilhante luz verde parecia me atrair, e eu segui em sua direção.
Eu não andava, flutuava rapidamente na direção daquela luz que agora tomava forma de uma construção, algo assim como um templo, de magníficas formas, que posso comparar com o Taj Mahal, somente para lhes dar uma idéia, muito embora fosse infinitamente grande e belo.
Cheguei àquela "construção" e adentrei um imenso portal, seguindo por um corredor largo e ladeado por grandes colunas. Todo o prédio parecia feito de jade, pois a coloração e a luz suave que emitia lembravam este mineral, mas a coisa toda era fluida, podia-se meter a mão dentro das paredes.
Deslumbrado com tanta beleza, eu continuei seguindo para o interior do templo, por assim dizer, até começar a ouvir uma voz, que falava numa língua que eu não entendia. A voz era doce e calma, transmitia tanta tranquilidade e paz, que o meu desejo era ficar ouvindo-a eternamente.
Segui em direção da voz, e qual não foi minha surpresa ao adentrar imenso salão, repleto de seres "humanos" dispostos em circulo, assistindo à preleção de um excelso ser no centro de tudo. Este ser encontrava-se de pé, sobre um pedestal, e falava aos assistentes, com um semblante amoroso e pacífico. Todos naquele recinto estavam de pé também, e o assistiam atentamente, com expressões de alegria e bem estar.
Sobre todos, uma imensa cúpula de "jade", que parecia suspensa pelo ar.
Não consegui entender nada do que se dizia, mas ao mesmo tempo em que vivenciava aquela situação, ouvia a faixa da música de Holst.
Ao findar a música, algo aconteceu que foi mais estranho ainda.
De pé onde eu estava, vi o chão se abrir e num círculo negro eu mergulhei em queda livre, em grande velocidade, na direção do meu corpo que repousava na Terra.
Em questão de segundos, retornei à consciência tridimensional, feliz e satisfeito por ter alcançado numa viagem astral encontrar tanta beleza e paz.
Nunca mais consegui repetir esta experiência, mas em meu ser ficou gravada para sempre aquela imagem de uma entidade tão excelsa que a todos transmite paz e harmonia. Podia até dizer que sua figura me lembrava a de um galileu que por aqui passou há uns dois mil anos, mas isso já seria pedir demais.


Marco Antonio Cardoso
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