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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->Sone Sonar Serenar (Admirável Mundo Morto) -- 17/12/2006 - 14:27 (Sereno Hopefaith) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Número do Registro de Direito Autoral:130952516561656800
DECIO
ONE



SONE
SONAR
SERENAR
(ADMIRÁVEL MUNDO MORTO)



“Quero ser o perdedor
que ganha de seu medo.”
(Carlos Drummund de Andrade)


DEUS ESQUERDO
DEUS CANHOTO
DEUS DIREITO
DEUS ESTÁ SOLTO

Mora num sítio distante
Mora perto
Está em todo lugar
No ar no bar
No errado e no certo
Está no monóxido de carbono
Nos programas de rádio
Românticos de sono

DEUS ESQUERDO
DEUS CANHOTO
DEUS DIREITO
DEUS ESTÁ SOLTO

Está nas prisões
Nos lares
É um homem, um santo, um vulto
Está também nos altares
Deus da tarde da manhã da noite
Onipotente oculto
Em todo lugar estás
Nas nuvens nos raios
No vídeo da tv e no culto


DEUS ESQUERDO
DEUS CANHOTO
DEUS DIREITO
DEUS ESTÁ SOLTO

É um ser divino, osmótico
Que propaga e controla tudo
É um Deus despótico
Dribla os políticos rasos
Confunde os cretinos profundos
Ele é direito
Ele é “gauche”
Ele é o Rei do Mundo
O dia dele é perfeito
Seu trabalho é insosso
É um ser implacável
Pior do que o capitão marvel
De todos os gafanhotos

DEUS ESQUERDO
DEUS CANHOTO
DEUS DIREITO
DEUS ESTÁ SOLTO



AVE MARIA CEFÉIDA

“Olha que coisa mais linda,
mais cheia de graça.”
(Vinícius & Jobim)


Maria da praia
de calor de fogo de tédio
racional inferior
superior
médio

matéria projeto soldo
de país do equador
Waria equatorial

corpo que sespalha
e sespelha
ação do matriarcado social

força centrípeda
força centrífuga
força estranha tropical
cocota de “Baco e de Bach”
Carnaval

Ave mariazinha
Waria avezinha
radiação corpuscular
corpo molhado de sal
bronzeado de mar
pele brilho espelho
de um milhão de desejos
crepúsculos de “Baco e de Bach”

Corpo de gingar e ganhar
“swing” de mulher
“michê”, radiação feminina
pele que bole e sacode
desejos e olhos de mar
feminina
olhos de “Baco e de Bach”
Carolina



O POVO DE SELENE

Possue pouco
Pouco contato com o mundo real
É no mundo importado é no sono
Que vive os valores do bem e do mal
Da força do mundo
Do ronco

Cresce e desenvolve
Nasce e morre
Como se fossem
Homens mulheres idosos crianças
Pessoas de carbono
Standards
Emoções semiguais
Clonos

Coleciona o aspecto repetitivo
O sal pelo sal
A memória subterrânea
O suor o serviço
Um pouco de personalidade
Outro tanto de opinião pessoal

Quando muito
Muito pouco muita idade muito sua
Um pouco de classe
De dinheiro
De sociologia
De rua

“Eles” possuem mesmo
Toda a liberdade do mundo
Do vasto mundo da lua



POMBA GIRA
(Universal Society)

Calor universal, brasileiro
Muito lhe agrada a trama
Das personagens o brilho
Condicionado do travesseiro

É uma princesa, Regina
De tinta e pincel na mão
Pinta o sete, janelas e portas
Essa garota é uma mina
Mina de urânio, carvão

Visual moderno, zona sul
Praia moda e sol odiernos
Herdeira da zona azul
Do relógio
Veste o “band-aid” amarelo
Sonha com o 2° caderno
Das colunas sociais

Garota do “tudo bem”
Autocarro de um por um
Começa tudo de novo
“Checap” total, jogo feito
Raios x, outro aborto “blue”
Exame de pele
Leito mais afoito
Escuras manchas na pele “índigo cool”
Fotogramas, emulsão comum

Garota do sacolejo
Das fotos de meio corpo
Negativos infravermelhos
Meios tons amarelos e verdes

Teus olhos de ondas azuis, teu drama
Não refletem ainda
Um par de íris sequer
Que a ti não veja





DEIXA ATOLAR

Ave voa flutuante
Gente do atol, rascante
Vôo de pelo, de instante
Fernão Capelo pairando
Aliado do sol de inverno
Da falta de luz, tempo quente
Noctívago, escuro
Passageiro da noite
Amante que lhe encoberta
O frio matinal atrai
A mulher lhe desperta
“assim também já é demais”
mas gente ágil flutua no ar
no bar da esquina
e de tanto matutar e cheirar
monóxido de carbono e menina
vai-cai no fundo do poço
até o pescoço
do sorriso da Monalisa
lisa de grana, de samba,
da branca, de tudo
o que lhe era de menos
lhe foi demais
e agora animal delirante
de onde vens, aonde estás
para onde vais
que agouro matutino matutarás
E agora?
Que fome te apraz?
Ainda está de pé teu apetite?
— Compra um carro
e senta as Marias do vasto mundo do atol
a teu lado
as Warias do pasto



ERA UMA VEZ NO OESTE DO RIO
(“MY RIVER”)

Meu livro de história não disse
o velho professor desconhece Alice
nem está sabendo que
era uma vez no norte no oeste
aquele dos contos de fadas do sul e do leste
fadas do último tango, de Carlos Gardel
das canções de Elvis, de Sinatra
dos folclores, do cordel

Oeste dos super-heróis
dos super-perfeitos cow-boys
artistas dos musicais
mocinhos dos comboios

Meus livro de história em quadrinhos
nem sei aonde foi parar
no chuveiro
no banheiro
no bueiro
nas memórias ao deus dará

Era uma vez no oeste
aquele de Sam Peckinpah

Oeste de mr. John
das negras mulheres da vida
com tino de 007
a ganhar o carro o cigarro
o pão a ferida
as fêmeas glamourizadas
da lida
seus cantos nus
de sereias dos intestinos
as vísceras imensas

era uma vez na América
aquela de “sem destino”

América do Sul
Latina Central
América de “tio” Samzinho
invasor voraz de cada país
dominado pelo FMIzinho
pela trindade Walt Disney

Minha civilidade tropical
nem sei aonde foi parar
no bueiro, no chuveiro
nos “cahier´s de cinéma”?

Era uma vez no oeste
dos “fast-foods”
do continente Atlântida
das xerecas imortais
dos sorrir dentes, inesquecíveis
mausoléus do entretenimento
dos oscar de hollywood
que o vento levou
que o fogo apagou
e a tv continua exibindo



MR. FANTASIA

Não pode nem deve parar
de dormir. De acordar cedo
de estar atento a quem quiser
e puder inventar
o mais recente dos medos

MR. FANTASIA

Venha até minha janela
Olhe um minuto com meus olhos
Depois abra seu velho baú vazio
De antigos e novos segredos
De sonhos de dormir diurnos
Sonhos de sonhar espertezas
Que ao acordar deixam nús
A ti e a tua sabedoria chinesa

MR. FANTASIA

Venha até a minha porta
escute um pouco com meus ouvidos
depois encha de brinquedos
seu velho baú dos desejos
vai mais uma vez renascer
tire dele o antigo terno
e um príncipe engravatado
de novo você vai ser


MR. FANTASIA

Venha até meu apartamento
Fale com minhas palavras
Depois enterre de uma vez
Seu baú e seus brinquedos
E o Prêmio Nobel da nostalgia
Você vai ter de ganhar
Um outro baú dos desejos
Um outro carro veloz
Para mais acelerar seu medo

MR. FANTASIA

Agora tudo é tarde
brilhou um sol de ocaso
em toda sua fantasia
o tempo passou depressa
não há volta. Não há pressa
de nada valem teus fetiches
nem sorrir nem ficar triste
ou esperar o fim do mundo
nas horas do Apocalipse



QUE VIVA AMÉRICA!
(O “REI MULATINHO”
ESTÁ SOLTO)

“Leis em favor do rei se estabelecem
As em favor do povo só perecem.”
(Camões)

No reinado do “rei Mulatinho”
Tudo estava no lugar, graças a Deus

A escrava Isaura
A dona Salomé

Os banqueiros nacionais
A serviço do FMI

Os banqueiros internacionais
A soldo do jogo do bicho

Os metalúrgicos
O Judiciário
Os inventores de leis
Os lavadores de prato
Do dinheiro do tráfico

Os fracos
Os potentes
Podem todos dormir tranqüilos
Despertar era, é proibido

Pirados e piabas
Tubarões e piranhas

No reino do “rei Mulatinho”
Tudo estava no lugar

A venda escancarada
Das indústrias de base
Por preços no atacado
No varejo do Planalto

O abominável homem das neves
Os meninos do Rio ameaçando Hollywood
Com um filme sobre o “Buraco Quente”
a “Vila Miséria”, “Candelária”
Os traficantes não estariam vendendo nada
Chiquinho da Mangueira confabulando
Com dona Rosinha Garotinho
Trégua em nome dos traficantes
Com o aval do palácio Alvorada

Hienas do dinheiro público
Barões do narcotráfico
Prometem restituir a São Paulo
Os bilhões de dólares furtados
Da saúde, da educação, da habitação
Juram cinicamente doar os depósitos na Suíça
Transferidos para o “Triângulo das Bermudas”
De outros “paraísos fiscais”

Tropas aladas invadem o Irã
A partir do presidente do Pentágono
Ratazanas do petróleo rugem armas
Barões do complexo industrial militar
Baleias e salmões da branca
Nadam todos no mesmo saco de caça
E a culpa toda é do Bin-Laden

Na Amaérica do Sul
No reinado do “rei Mulatinho”
Fêfê foi gagá “honoris causa”
Das velhas universidades européias, feéricas
Que lhe encheram o fígado de ganso
Para fazer patê da indústria de base nacional
Em troca da dívida externa geométrica

No reinado do “rei Mulatinho”
Nunca ninguém ouviu Fefê falar:
“Meu povo tem frio ou calor
A mim cabe providenciar.
Meu povo tem fome? A culpa é minha.
Meu povo comete delitos?
Sou o único responsável.”

No reinado de Fêfê
O “rei Mulatinho”
O “buchada de bode”
Os banqueiros do jogo do tráfico
Reinaram nos três poderes
Em mil associações cabreiras
Das influências malsãs:
Sua herança maldita
Querem-no fazer outra vez
O candidato que a reedita.

(Esta poesia está atualizada nos termos da realidade política
dos “dias de chumbo” do reinado duplo de Fêfê, o “rei Mulatinho”)




“PARALAXE VIEW”

1.1. Pelos poros e pelos da libido dos corpos
No espaço-tempo gerações quânticas mais se alternaram
Mas mui poucas gerações puderam hoje ver e ler
As fotos e informes que na Internet rolaram

1.2. O atual sêmen assim atualizado
Os malditos antecedentes históricos editados
Produziu os novos modelos mutantes genéticos
Urbanóides herdeiros da aldeia global noticiada

2.1. Das cidades do globo a cada noite e dia
Saído, do ventre da moda nasce um outro mino
Nasce simplesmente, cresce e muta
E logo descobre estar “sem destino”

2.2. A herança maldita nada serve: submisso destino mutilado
Pela herança por vir do crediário
Por culpas fantásticas devidas ao criador
Do berçário inconteste da opressão e seus deputados

2.3. Regina opressão reinando alhures, suprema
Maria condicionada à calmaria do travesseiro
Tranqüila presença nas festas de discurso e louvor
Aos fatos e fotos da realidade da ficção científica

3.1. Aos mutantes genéticos, à deles neo-estrutura
A natureza murmurou quase tudo
Relativamente aos documentos, livros e selos secretos
Aos cambiantes rumores do grito e do sussurro

3.2. Para eles que tal magia possuem
Inexistem as boas variantes sabidas:
A benevolente burocracia obscura
Ser outro redundante sentinela do Reich da Vida

4.1. Facilmente alguns conseguem planar distantes
Sem hesitação vacilante, sem figa
Mergulham no úmido útero do tempo remoto do espaço vizinho
Ou minguam em violentos vômitos para lá da Branca de Bagdá

4.2. Por causa disso aos mutantes conferem, o refrão
Quando não de marginais, de confusos, viciados
Por muitos não serem intelectuais associados
Aos poderosos “manicômicos” da Oposição ou do Estado

4.3. Maior parte daqueles que lhes rotulam
Nomes tais e apelidos ditos
Vegetam a vida excessivamente dopados
Por cada um diagnóstico conferido

4.4. Aos mutantes dão de graça, muitas vezes
O eletrochoque, a coma de insulina
E uma gaveta no necrotério do êxtase
Onde os querem cobaias: apáticos, patéticos, submissos

4.5. O valor desse nefasto tratamento
Imposto pela hierarquia da lei
Do “por favor”, do “sim senhor”, do “obrigado?”
Enaltece a “máfia de branco” e outros tantos reinados

4.6. Programados por temores e rompantes atávicos da tv
Parte deles se recolhem fetalmente, regridem
Ao uterino e sonoro lazer redondo, a girar no DVD CD Player
Na inutilidade da caverna moderna, da academia, do apartamento

5.1. Por vezes alguns mutantes pensam assim seus fardos:
Que impossível vontade de poder
Poder superar o jogo político do opressor
Os credos e rituais místicos do oprimido

5.2. Viver é poder ser livre, simplesmente
Imune para sempre saber vencer a morte
Essa amante (e)terna, serena, indiferente, galopante:
O emprego, o futebol, o carnaval, o medo do câncer

5.3. Aos que conseguem subdesenvolver sobre
Os determinismos das instituições do hipódromo
Muitos continuam rumando em direção alguma
Até chegarem, talvez, ao porto do suicídio precoce

6.1. Tais maquinações totais da morte, todavia sem maldade
São prenhes das ditaduras autoridades: esquerda volver: direita idem
A partir de tão exemplares sanidades
A cada vez mais mutantes importa viver por esporte

6.2. Somente querem-nos a “eles” adaptados
À gama de fulgores íncubos-santos, binários
À eterna oposição, nunca à síntese
Inexistente nas sinas, nas manipulações intestinas de seus tutores


7.1. Ainda agora assim os classificam
De classe A, C, D, ou média
Alguns desistem e se permitem reduzir: se simplificam
E logo viram matéria-prima do tédio

7.2. Poucos vencem a doce morte e seus disfarces
Independentes de classe, credo, cor ou dente
Ostentam o gen adverso, criador
A natural magia: não sucumbir às imortais tarifas vis do torpor

7.3. Dos miríades de mutantes mirins, poucos anti-heróis, raros
Superam o longo passado, o indicativo presente fardo da morte rotina
Para esses o agora possível ritmo vital do acaso
Pulsa, infinitamente liberto dos rigores da morte vencida


PIAUÍ PENNY LANE
(Senso Montagem)

“Nesta vida morrer não é nada novo.
Mas viver também não é muito mais novo.”
(Essenine)

Semelhante passou a vida
Até o último inverno
O parnaso, o cansaço
O dial repetitivo, cotidiano
A necrópole real e virtual:
A habitação do cemitério

Vida passou passo a passo
Passou a vida passando
Essência que “jazz”.
Corredores de edifícios
Pessoas de cimento armado
O estresse antigo vertendo o novo
A cidade forjada a soldo:
Todos desligaram o desconfiômetro
O pai trabalha, o padre trabalha
Os atores trabalham a novela
A tvvisão da realidade mesma
Não tem espectadores
Nem espectrômetro

O repeteco do dia-a-dia
Todos plugados no Ibope: iguais
A História da história das pessoas
Prossegue alucinando. E a juventude ecoa
Semiguais as mocinhas e mocinhos
Sem poesia, sem Drummond
Nem sequer leram Fernando Pessoa
Estão viajando em algum aleatório som
Tipo rock in Rio, in Lisboa

Num viver virtual
Da primeira à última primavera
Subvivendo. Subdesenvolvendo
Subtudo.
Como se não existissem mais
E não houvesse existido jamais.
Amanhã.

FOUR DE CEM

“E o que é armadilha pode ser refúgio.
E o que é refúgio pode ser armadilha.”
(Ferreira Gulard)

Há os que para viver se abastecem
Tanto faz o inibido quanto o afoito
De um simples aceno de esperança
E não mais precisam do que não seja
A esperança de um aceno mínimo
Esperança feito praxis
Nunca da complacente esperança do gafanhoto

Há os que para subviver
Não mais precisam
Senão apenas da pouca riqueza
Do somente pouco mas suficiente
Alaranjado nascente
Da estética naturalista da vão natureza

Há também os que se satisfazem
Em entoar e ouvir os Rolling Stones
E acham suficiente o se abastecer
Nos meandros dos laticínios
Nas galerias dos supermercados
Ouvindo liricamente John Lennon
Transformar o mundo transformado
E Bob Dylan cantar em verso
O admirável mundo novo poente

Há ainda os que, por mais que façam
Nunca se salvam da companhia da traça trapaça
E muito menos de se satisfazerem com o humor
Dos palhaços do circo negro da sorte
Comprazem-se do prazer de agradecer
Sadomasoquista, a mente pervertida no asfalto
A delícia rotineira do aplauso
Essa outra metade do salário
Que compra e nebuliza 90% da mente

Há portanto, tantos portadores de rimas de terceiros
Que individual e coletivamente esquecem
Ou se lembram quando querem
De que a perspectiva do porvir não se compra
Pobre futuro que se confirma no salário:
Essa mesada oficial que paga imposto à bomba
Aos salários dos policiais do narcotráfico
Que inflaciona o horror do noticiário
Com as notícias rotineiras do impostor democrático

Há felizmente os que percebem
Que o globo e o sétimo lobo rimam
Sonoramente se harmonizam em prosa e verso
E jogam o jogo rotineiro da vida
Como quem desconhece o “gestus”
Que anula e igual, mente, afirma
A vil filosofia dos que proliferam
No mesmo espaço-psi no qual fenecem
Os cavalos loucos estão soltos. Não há régua
Nem rédea que os meça e dome

OS COMPANHEIROS

Pautei no mínimo cem poesias
Elas estão dispersas:
Para cada camarada um poema
Para cada mulherzinha, um poeminha

Um poeta, és um poeta?
Todo homem comum que sabe das coisas
Que definidos trabalho e lazer, pode dizer
Com ou sem “tio” Freud:
No meu cadinho o fogo não queima
O gelo nele não degela, exceto se for para elas
Elas, as que não são uma pedra
Mas uma rosa azul no meio do caminho

100 poesias:
E nenhuma delas deixou de ser para mim
Será narcisismo narrar o universo personalizado
Do mundo individuado de um indivíduo?

Com ou sem Jung: o dantesco inconsciente
Sempre esteve presente
Inclusive nos momentos em que
Este universo moveu a espuma mais branca
Na praia mais azul

E se em cada um momento desse estive disperso
Foi para melhor estar mais íntimo de mim
Certamente algum amigo ou mulherzinha
Definiu-me para si ou para outros
Talvez não poara me qualificar
Mas para avaliar-me relativamente
À persona de seu reflexo
É por isso que sou camarada para meus pouco amigos
E apenas amigo da vizinhança



UM INDIVÍDUO SEM RIVALIDADE

No domínio do medo da patologia coletiva
Cromagnon, só emerge das trevas quem o vence
Quem vence o medo sabe
Que nada sobra da alíquota do próprio temor
Inexiste a quem ou ao que temer
Nem ao gorila com posicionamento político na cabeça
Nem ao milhão de fuzis a seu favor
Ou às armas nucleares pagas à soldo
Soldo de general ou soldo de garimpeiro
Ambos possuem igual poder:
Para sobreviver outro dia têm de defecar
Seus crimes nos aparelhos sanitários
Dos deveres de seus salários
Exercem cada qual sua cota de continência
Relativamente à libido das espécies coxas
Quando não das bimbas
Coxas do mulumdu
Um indivíduo sem mancada manca para se divertir
Como o malandro, honesto por malandragem
Rejeita, íntegro, o salário, sem favor, do banqueiro
Do garimpeiro, do general, do governador
Lutar contra o quê? A favor do dólar, do real virtual
dos avos do centavo? Da libra?
Um indivíduo sem rival não margeia os rios
Edipianos, gregamente turvos, do heroísmo
Hollywoodiano da Ilíada:
Aquiles é o Brad Pitt Bull
Na atualização desta poesia
Para fazer justiça aos nossos dias
De homéricos feitos irrisórios do século XXI
Onde medram Medéias eletrodomésticas
Com seus segredos de liqüidificador
Tvvisivos, pululam Xangôs, Édipos, Orixás
A fada madrinha dos jovens globalizados
Fixados na garota-masturbação internética
Exus quejandos, com conta corrente no banco Itaú
A cultura grega presente, não dista tão longe assim
Da Mix mística do alfabeto africano
Um indivíduo sem rivalidade não fertiliza o viver
Como quem aduba o medo de ignorar
Que é o mesmo que não saber
Que o objeto atômico da política
está em fazer explodir todos os dias
A titica da bomba de nêutron em sua cabeça
Você carrega o noticiário como uma via crucis
Todos os dias dentro de si:
A bomba da verdade de sua normose
Todo dia, para afirmar
A patologia, que é a realidade do planeta
Explode, dinâmica
Imposta pela patogenia dos interesses de poucos:
Os que comandam o complexo industrial militar
Das armas, do mercado financeiro do narcotráfico
Ou você pensa que dona branca
Não é uma política da Casa Branca?






POEMA FRAGMENTO
(Prato-feito rato)

Partidos servem apenas
Para fragmentar ainda mais o HoMeM
E para “elitizar” a mútua riqueza

Multipartidarismo
É algo mais do que
A esquizofrenia social
Politizando-se?

Não! É só isto:
Isso é que é:

Multipartidarismo, fissão do interesse coletivo
Fusão atômica do ser social individuado
Proibido de ser completo, inteiro, unificado
70, 90, 95%. Proibidos de assemelharem-se
Ao Arquiteto do Universo, são
Simétricos, standards, os hoMeNs partidos
Fabricam alianças renovadoras nacionais
Investem em siglas, “slogans” frases, nomes, facções

Partido tempo
Fragmento de hOmEnS mecanizados:

comer ligar ver pentear
trabalhar falar odiar calçar
ir vir voltar despir estudar vestir cantar
dirigir cuspir poetar vender trocar
escrever divertir suar malhar correr
telefonar trepar rezar dever dirigir
suar pensar discutir jogar ouvir
assinar velar querer aventurar
banhar operar dirigir tapear banhar mentir

Fragmento de verbos: HOmem
Pedaços de personagens, cenários
Recordações, filmes cortados.
Estilhaços censurados do agir

Thánatos tédio violência gripe salário sufoco

Estilhaços inqualificáveis de ser do mau:

Seqüestro armas bomba guerra invasão de países ambição
tráfico banqueiros negação/afirmação soberba
O “REICH DOS MIL ANOS”
Em velocidade de Fórmula Indy
O “tio” Sam e suas “tias”
Valores importados, desvalorização do real
Ignorância, fanatismo, tirania
Periodicidade dos enlatados
Famigerados Malignos Infames
Subnutrição, doenças, desemprego
Valores cotidianos
Do castelo de cristal
Do tigre de papel da Bolsa
do Grande Drácula
Wall Street


QUEM CHOROU-CHORARE

Bicho do mato
Quanto pagam a você
no fim do mês
nos fim dos tempos
em dinheiro
em promessas?

Bicho da selva
Quanto sonho você sonhou
Regando hoje
Um jardim de espumas, de pedra
Para amanhã nele colher lágrimas

Quanta pinga você verteu
No sanitário do Ateneu
Sem sequer saber-se vagir

Quantas coisas você deixou para amanhã
Alheio de que depois será tarde demais

Depois teu barco terá singrado
Muito aquém do Bojador
Teu rosto vai estar marcado
Pelo sorriso de lado
Pelo ressentimento contigo
De quem de tão simplório e covarde
Ignora as raízes da própria dor


Teu objetivo familiar
Acadêmico, social
Terá realizado tão somente
A biografia atrofiada
A vida dirigida, os objetivos da previdência
Os discursos de papagaio de pirata
Que por bem, pelo mal
Ficaram sendo teus
Para justificar a pensão, o salário
Agora afirmas que és ateu

Será suficiente verdade
Ter passado e passado a vida
No passou-passou?

Terá sido suficiente veracidade
Ter por presente o passado
Por futuro este pleonasmo
Por essência do viver, um carro
Um motor potente e caro
Para justificar a libido
Que não funciona nem com a pílula
Furtiva, na sombra e no nevoeiro
Uma transa com um ecstasy de mentira
E sentir-se o mais
Realizado dos trapaceiros
Quem chorou-chorare


CHACRINHANDO

Doze mandamentos
Dez
Quantas inquisições deves somar?

Dois mais dois
Quatro cavaleiros são
Não sei se “hippies”
Não sei, do Apocalipse?
Gostar de perua é um problemão

Se Deus quiser estas soma
Não vai interferir em nada não
Nem na riqueza
Nem na pobreza
Na ordem social, por que não?

Mas se Deus não quiser, esta soma
Vai servir para gotejar
Uma gota de colírio virá
Serenar dentro de meu olho vesgo
Fixo os olhos acesos
No verde-amarelo-vermelho
Nas cores
De um país popular
De um Brasil brasileiro:
Amor Humor Ordem e Progresso

PEQUENO GRANDE HOMEM

Idade da Terra
Idade do homem
Tempo geológico, eras
Gasta vida, gasto espaço
Gasto sono

Idade relativa
Tempo cósmico
Espaçoporto
FOBS*, MOL**
Robôs cromagnon
Seres programados para depois
Anos-luz do sol

Idade pequena
Serena vida
Noventa, setenta, cinqüenta anos
Claustrofobia
Órbita de gusanos

Idade galática, da luz
Destino ao acaso, desconhecido
Trilhões de quilômetros, quânticas frações
Tempo porvir, tempo ido
HoMeM, reflexo de radiações

*Fractional Orbintal Bombardment System
**Maned Orbiting Laboratory


HORIZONTE-SE VOCÊ

Ontem a selva era verde
Hoje é de pedra
Cimento armado, vidro fumê
E agora José, e agora você?
Onde esteve você
Quando o século XXI fez aniversário?
Quando o vento suave
Soprou entre as folhas da relva?
Quando a onda da praia esteve mimando a areia
Você nasceu nesse novo milênio?
Não? Então é outro o mar que banha
A paisagem de sua alma antanha
A vida para você é apenas aparência
Virtualidade. Você inexiste. Uma quase existência?
Por que fazes festa de aniversário?
Se para vc não há dia madrugada ou noite?
As estrelas brilham inutilmente
Seu mundo é dantes e nostálgico
Vc inexiste: As luzes da madrugada sob a chuva
E as minas...Não mais tens nenhum pertinente querer
O visual laranja do dia nascente
O astro sol poente
Quem vai estar a vê-se?
Por certo não você
Vc passado vc futuro vc presente, some
Pouco muito minuto segundo ou silêncio
Nada e ninguém é seu nome
Para quem a onda da praia
Está brincando na areia?

COM EXÍLIO & COM COLÍRIO
(À Maria 100 história)

Da guerra urbana de hoje
Talvez
Do mundo larbirinto de agora
Não haja senão
Vida após vida
Cidade após cidade
Tu e eu
Vc, abstração a Einstein
Estrela bumerangue. Teu cérebro
Espelho yin-yan do meu pensamento
Observa o que em mim
É conhecimento teu. Teu corpo
Hei de amá-lo e cuidá-lo
Mensageiro finito de meus presságios
Desatemos os nó-górdio que nos atam
Ao presente ao futuro ao passado
Uma cultura sem ontem, nem hoje ou amanhã
À empatia dos fortes sinonímia dos fracos
Da teogonia, vil metalfísica da maçã
Teu corpo
Hei de amá-lo
E de livrá-lo
Da hipófise ao dedão do pé
Do ranço das coisas findas
De toda mitologia que nele houver
Que nada sobre da nostalgia dos deuses
Da miséria dos heroísmos dos deuses
(Do Deus nos acuda)
Exceto enquanto história
Que o vento levou
O habitat do Olimpo, seus mitos exilados
As delícias das divindades felinas
Que fizeram a emoção da geração que passou
Que o fogo do agora transou em cinzas
A necrópole globalizada
Em todas as suas habitações ferinas
Seus zeróis zerados, suas fêmeas heroínas
Seus símios sapiens sádicos, cromagnon
Seus seios e feitiços de meninas
As torres gêmeas que a política externa
de globalização feroz do “tio” Sam derrubou
Muito mais que exauridas
Desapareçam, definitivamente vencidas
As maravilhas todas do mundo antigo
Da história cromagnon que passou
E então, somente então, o novo surgirá
Virá desse nada que restou
Ser descoberto, com a reivenção
Das coisas findas, da cultura que saltou
Do passado mais remoto
Aos dramas shakespeareanos de trágico amor
Suas personagens mais pré-históricas
Os heroísmo homéricos
Mesmerismos literários das culturas
Que por serem findas
A infância, a mocidade
Muito mais que lindas
Sua própria maturidade destronou
As coisas findas
Muito mais que lindas
Porque delas pouco, ou nada mais, restou

DEBUTANTE

Que colírio de guria
Que mulherzinha espontânea
Na sua família moram
Sete pessoas, sete nó-górdio

Todos parentes, a maioria crentes
Cada qual com seu truque
Fazendo valer o silencioso ajuste
Que há no calcanhar de Aquiles de cada um

E em meio a tão pouca gente
(não há quem, pois é, pra quê?)
em seu olhar atento veja
a emoção de estar usuária
desancando algodãozinho "ob"


GIRLCENTRISMO

Quando estamos sós
Eu e minha mina
Seu corpo nú, impune
Neste silêncio, comigo
Encontro nela o dicionário
Sensual, que decifra seu mundo
Que o faz e desfaz
Em pensamentos, palavras e prosa

Recompondo-a mais uma vez
Desejo satisfeito desprender-me de seu limbo
Não nego nada
Nem penso. Não falo nada
Nem faço poesia

Tudo e nada
Nada significam
Ela permanece ilharga
Ao mesmo tempo tudo nela se dissipa
Muta e despe
Por ela, por mim
Mais uma vez
Outra vez o passado passa
História e estória esvaem-se e ficam
Sim

“ACOSSADO”

Estar no espaço
Não é um acaso
Nem o estar no tempo

Os tigres de papel
Quando desmitificados
Tornam-se vulneráveis
As imagens da tvvisão
Mordem paca enquanto isso

O tigre não é tão vulnerável assim
Não esconde o jogo amoral
O rito civilizatório

Quando as crianças estupradas
Não são “children”
Por que lamentá-las?

Acaso seus pais bebem whisky
Fumam a nicotina americana
Bem embebedam-se com vodka
Ou dançam a polka?

Quando amoral e ideologia se fundem
Até os mais sensíveis e conscientes
Fazem o jogo
Da ideologia da amoral

A necessidade da poesia
Desse poema
É um efeito a mais
Definitivo
Somado à minha limitação

Minha esperança:
Um ponto de certeza
Objetivo fixo no amanhã
— Que amanhã?
— Virá, há de vir
Com ou sem sua vênia
Não se preocupe
O próprio céu pode esperar
Você também pode

Estar no espaço
Não é um acaso
Nem o estar no tempo

Provisório prisioneiro
Massificado no ventre degenerado
Do consumutilitário

Aquele que não partir os laços ou rompeu
Ficou com as mãos limpas
Na sarjeta civilizada
No latifúndio rural

Ficou com os trunfos da civilização
Com o odor de sangue dos corpos
Dilacerados
A intencionalidade do tigre
Não é tão de papel assim

A poluição está mais dentro
Do que do lado de fora
Do Homo sapiens sádico. Urbano
Prisioneiro pessoal e coletivo
Da mitologia da ficção econômica
Do sangue coletivo que os banqueiros
Vivem sorvendo, consumindo, parasitando
Sugando

Quantos prisioneiros podem afirmar
NÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
              
Ao carcereiro, ao “Reich dos Mil Banqueiros”
nunca dizer ou pensar
sim

Que fique o aljubeiro
Com os vermes subterrâneos
Com os consumidores de grades
Foi o cárcere, afinal
E a tvvisão
Quem os cativou

Estar no espaço
Não é um acaso
Nem o estar no tempo

Necessário trabalhar
A surpresa geral
O canto geral, o
Eu individual relativamente ao
Eu globalizado não discerne cor
Transcendê-lo em Id
Objeto da esperança coletiva
No vermelho dos olhos semi-abertos da face tungada
O “ciclo da borracha” apenas começou?



UM ASTRONAUTA QUERO SER
UM COSMONAUTA, PARA QUÊ?

“Mesmo os vagabundos me desprezam.
Se me afasto murmuram contra mim.”
(Do Livro de Jó)

Do espaço transado
Espaço transiberiano
Da estrada à urbe, úbere
Em violência, entorpecentes
Tráfico de influências
Farto é o leite da frega
A lua oferecida como um frete ignóbil

Ficou no rastro muito de sangue
Para que os milicos do “tempo em si”
Hospedem além gravidade
O diminuto símbolo cromagnon da “nave em si”

A NASA impulsiona satélites
Para sair da galáxia
Em busca de conhecimento
Da tecnologia, a glória
Faz que ignora que as cidades estão cheias
De mães Marias e Zés Ninguém
Pais de uma geração sem pai nem mãe
A agir e a reagir na contramão da história

Planejam colonizar a Lua
Dar pulinhos em Marte
Cá embaixo ficam os saqueados
De prontidão
Os desassalariados, os párias
Os 100 teto, os 100 emprego, 100 saúde
Sem escolas, sem esperança, sem segurança
E o aumento inflacionário do medo em ação
As “elites” e suas “cortes”
As classes médias, centuriãs da corrupção
“The hell in the Eart”

Enquanto o vídeo da tv da ratazana dos Zé Manéss
Transforma os mitos em deuses
A mando daqueles aqui fincados
No dogma econômico, político e de fé
Desejam colonizar outros planetas
A partir de uma cultura gerida pelo capeta
Voas alto, padecem os que te vêem subir
Voas longe, os necessitados do mundo
Pagam a conta da miséria e da fome, por ti

Enquanto a lógica do mito vai e vem contigo
Jogam ratazanas na tv da sala de jantar
A propósito de divertir

Na cidade armada
Qualquer símio sapiens sádico
Explora a criança abandonada
Aceita a chupeta eletrônica
De monóxido de carbono
Para que todos permaneçam carneiros
Sabendo muito pouco deles mesmos
E menos ainda de ti

Pairas distante, além gravidade
Aqui, os políticos da globalização
USAm imagens de tv
Para reforçarem o próprio poder
Falando dos direitos humanos
Enquanto teoria

Fica mais forte o rei no trono
Os carneirinhos mais dóceis ficam
Nas mãos sujas de seus vassalos políticos

Quantos cadáveres fizeram hoje
No Iraque, no Brasil, na Argentina
Os que te financiam a ida
Para que prospere mais mil vezes
A prostituição das meninas
Suas indústriass bélicas
Igrejas e sinagogas?

Nos organismos internacionais de seus direitos
Regem mansamente, confraternizam-se
Substituíram a Guerra-Fria entre nações
Pela Guerra-Fria entre irmãos
Na sala de jantar não há mais direitos
Nem cidadania

Lobotizam a propósito de educar
Transformam projetos humanos em feras
Aumentam a quantidade de nascimentos
Para que as manadas de alcoviteiros silenciosos
Da tv, fiquem ligados no traseiro
Da garota internética

O urbanóide distanciado
Do realismo da Terra fica
Mais fácil sepultá-lo nela

Que sabem do homem, “eles”?
Os patriarcas de carbono do FMI
Que lançam no mar ou queimam
O “excesso” de comida
Enquanto a fome prossegue fazendo sangrar
Os dominados pela carência de pão e justiça

O direito e império medas
Desculpe o leitor o eufemismo
Às vésperas de 2010 se expandem

Estranha lógica:
Dois ou três têm o Cosmo. Ao redor
As pessoas da sala de jantar têm a lama

Sobe nave espacial
Desce “sky-lab”
Sobe astronauta
Pingue-pongue

Cá embaixo se faz a história
Do poder econômico real
Da neurose das pessoas
Do dólar, do euro
Dos 30 dinheiros do
“Homo sapiens sádico neandhertal”
Do limiar do século XXI

Terra
As estrelas brilham
Infinitamente indiferentes a ti

Astronauta
Lê as estatísticas do horror
Afim de melhor conhecer o caráter
Dos que te lançam além aeropausa

Por que zelas com avidez por teu pó?
Esperas fazer inimigos lá?
Que seres vais encontrar?
Quantos medos te impulsionam
E te conduzem a querer ficar tão só?
Partir em direção algures?
Estás sempre a fugir de Nínive?

Tens vergonha da timidez
De ser demasiado ansioso e vago?
Do zelo demasiado pela neurose
Quando estás na sala
Comendo pipoca
Em companhia dos ácaros?
Ao dirigir teu automotor
Quando parado no semáforo?

Eles, teus medos, são os mesmos que fizeram explodir
O “napalm” na superfície da Terra
Após cremar 200 mil seres humanos de uma vez
Em Hiroshima e Nagasaki
Quantos sacrifícios humanos ainda vai exigir teu Deus?
Para mostrar ao mundo que sabes matar mais e melhor
Do que as bombas de Pearl Harbor
Tuas crenças, astronauta, são as certas?
Teus preconceitos, tua religião, tua cor?
Queres mostrar o quê aos teus?
Que ganhas a corrida nessa olimpíada do desamor?
Que tua tecnologia mata mais e melhor
Do que o Holocausto nazi
De seis milhões de ateus?
Quem crê em Deus pode matar tanto
E semear tanta dor?

Quando a classe política que representas
vai desistir da velhacaria e da trapaça?
E o ser humano superar a condição geral de
Sapiens sapiens sádico, selvagem
De símio cromagnon motivado pelo mal?
E investir de uma vez por todas
Na cidadania global?

ELASINHAS

Cada ninfeta é uma mina, menina
De ouro, de diamante, de prata
De urânio, de lazer, riqueza farta

Passaporte para o inconsciente
E para tudo que é subjacente

Contém o mistério completo
Enigma do eu-coletivo

Inclui todas as delícias
E todas as asperezas:

Cassandra, Luzia, Cinthia, Cissa
Lolita, Boavary, Patricinha, Scherazade
Arianes, Ligias, Marias Teresas

Cultives na mulher a certeza
De que ela é simples e fácil de alcançar
Como uma estrela


DA NOITE
(Tédio pleno)

Outra vez
Refletiu na sala
A luz da geladeira
Ao abrir a porta

Um reflexo da varanda brilhou
No copo de coca-cola

Com o dedo
O interruptor vc ativou outra vez
E tudo cresceu em sua volta

Fixei meu sorriso
Em teu chufar em frente a porta

Sua voz repetiu vibrou motivos sonoros
Sereno, mantive seu sorriso que eu gosto

O corredor ecoou mais uma vez seus passos
Vc caminhou no chão outros, novos traços

Apertou o botão do elevador
Que lhe trouxe outra vez até a porta

Na rua, em pleno dia
O sol aqueceu vc com uma boa noite
As nuvens passearam sombras em seu regaço

As luzes de outro dia brilharam na ribalta

No jornaleiro JB, o JB, o Pasquim, A Folha
O Estadão e o Globo
A pasmaceira toda em alta de novo

Há tanto tempo como se fosse ontem
Vc voltou ao ap como quem foi dá uma volta
Chove lá fora
Faz frio em minha alma
Aonde está vc? Telefona
Me chama, me ama, me salva
ESTADO DE SÍTIO GLOBAL

Como definir
Aqueles que censuram
O verbo
Que defende os fatigados
Homens e seus trabalhos

Como tolerar
Os poderosos defensores
Do homem social debilitado
Pela necessidade
Sob a forma de salário

Por que proíbem o homem
Da esperança de conseguir
Cessar de ser esmagado
De defender o ser
Pessoal, social individuado
Ao invés da cabeça de gado

Por que os doutos governantes
Planejam o antifuturo globalizado
A implosão nuclear da mente
A desesperança do discurso
Mais recente
O Estado de Direito
É de fato Estado de Sítio

Invasão do Iraque, algaravia
O “Bush de Blair” pintando o sete
O grupo do líder do petróleo, via cia
Sua claque: plac, plec, plac, plec, plec
Polititicam o diplomático condão
Da mais antiga maldição cromagnon:
Por que políticos, diplomatas
Investem na bomba
Na violência da espécie
No tráfico de influência
E na autodestruição?






TOURO HERÓI

O touro ruminava capim
Enquanto também ruminava
O odor do pasto:

Minha mãe é uma vaca
Não aprendeu a ruminar racionalmente o tempo
Nem há mais tempo para isso

O mato mastigado mais lhe pesava no estômago
Rígido intestino de ruminante
O taurino estava sendo cevado
E tinha certeza disto:

Não tenho tutor
Qualquer pai é pai de todos os touros
A ruminalidade do rebanho é o coletivo rasto
Cada cabeça mija no mesmo pasto
Em conjunto. Que diferença faz?
Qualquer dia desses o carrasco
E a conta bancária do patrão
Vão engordar com minha carne
O destino do rebanho
Está por conta do carcereiro

Após assim ruminar
Os nervos do touro tremeram
De asco e de medo. Furtivo
Foi pastar na caatinga
Sertão adentro, algum tempo depois
Na jacuanga, aos olhos do touro
Os urubus mais pareciam girassóis
Amarelos, à Van Gogh
(ele gostava das artes plásticas
da paisagem plena da caatinga)

O patrão, os jagunços e os vaqueiros
Com suas casacas de couro
Encontraram-lhe: ossos sob o sol
Mas não puderam lhe digerir a carne

Quem sabe esse marruá foi para o céu
Matutou o vaqueiro:
“Que chifrudo mais danado
Livrou-se de ser castrado
Como o pai e os irmãos
E de ser a carne da vez dessa gente ruim.”

ADMIRÁVEL MUNDO MORTO

“Irmão poderia chamar-lhe.
Mas irmão por quê?
A vida nova se nutre
De outros sais que não sabemos.”
(Drummond)


É divertido descobrir os pais. O país
Fácil brincar, mas cansativo
Fútil raça raiz
(forró, futebol, micarina,
alienação, insegurança e tv)
Delírio de memória
Fantasmas coletivos afins
De emergir no agora
Vidas de ontem
À base de coca
Nostalgia, passado
Bioenergia presente
Antanho, longínquo tempo
Dos descendentes cromagnon
Sorrisos idos, emoções ausentes
Não mais verbos
Nem meias palavras
Felizmente não mais História
As canções de ninar
São via vídeo, tv, personagens
Entre uma e outra mercadoria imóvel e semovente
Para todo mundo ver e comprar
No intervalo comercial
O prêmio Nobel
E o professor Pardal, presentes
Na sala de jantar
Da terra à terra
Do pó ao pó, ciência pura, medida por medida
Ancho conforto, aplicado à sepultura
Da poltrona do “deixa estar”
Pessoas sem fabulação, sem vida própria
Sem mitologia pessoal, exceto à dos terreiros
De sábado à sexta
A mente coletiva, monitorada pela te-vê
Te-condiciona, te-faz-a-cabeça
Qualquer dia o frio mármore
A antena crucifixo
Fixa no silêncio de cimento dos edifícios
Implacável tempo. Poeira de gentes.
Pentelhando os derradeiros detalhes
Nos cabelos argenteados
A propriedade última do existir
Couraças de caráter feitas de argamassa
Portas estritamente fechadas
Mausoléus, propriedades
Bundas fixas nas poltronas
Na vaidade, na insegurança e no medo
Conta-gotas de cifrão
Pingam na mão
Do controle remoto da tv
Ávidos investidores de bugigangas
Rufiões de vermes
Corpos aderindo à fome voraz da necrópole
Internética: Os juizes, os jurados, os réus
A voracidade insaciável dos advogados do diabo
Boa parte do judiciário e suas evasivas de papel
Suas contas milionárias
Suas sentenças pagas pelas verdinhas
Caindo aos milhões das nuvens branquinhas
Do céu do narcotráfico
Matéria em transfusão, corpos nus
A corrente sangüínea
De seu Zé de Quinca
Fundindo-se à apatia dos tapurus
Sangue gélido da terra
Porvir imediato
Participação na realidade virtual
Do programa do Rato
Decomposição pessoal, social, instintiva
Metáforas. Moléculas inconsistentes
Futuro impossível, impassível, inexistente
Passado, presente porvir
Vã, inominável matéria, inaudita agonia
Parte dependente do Fantástico
De outros programas clássicos
Que o gramofone e as antenas parabólicas
Do Inconsciente coletivo propagou
Necessário estar desperto
Todo tempo, todo espaço, todo sempre
70, 80, 90, 99%
Com primazia de você
Novo tempo: Admirável Mundo Novo:
Táticas de sigilo, obstrução das mensagens
Técnicas de estilo, óbice
Das relações internacionais
Pela força bruta cromagnon
A guerra como a forma mais
Suave de diplomacia
Uso da força e da violência
Como o exemplo máximo
Da patologia dos líderes
De uma nação eleita a grande potência
Na disseminação do terror institucional
A ONU humilhada pela serpente monetária
Que faz prevalecer via força bruta
Sua vontade de dominação, e basta:
Países invadidos, como Hitler invadiria
Em nome de poucos interesses privados
Palavras armadas pela trama insana
Da patologia do grande capital
Que não quer paz social, dignidade pessoal
Seu interesse está em manter
As técnicas ilusórias da propaganda
Inibir a lealdade do sentimento oceânico
Em prol da paz. A humanidade gira em torno
Da tagarelice política para as câmaras de tv
Enquanto nas mesas redondas do poder
Conquistam o espaço e as cidades fedem
Nas fronteiras movediças de violência
A educação, a cultura, a saúde, os corações
O rei e a população de Nínive estão surdos
E as mentes sucateadas como coisas
O tvespectador permanece sentado, sem ação
Vendo seus interesses, via tv e companhia
Serem boicotados pela “elite” do Senado
Que o considera mera mercadoria
É preciso oxigenar a sala de jantar
Liberdade é trabalhar uma cultura livre
Dos interesses do mal universal globalizado
Novo tempo: Admirável Mundo Novo







CHAPINHAS DE COCA-COLA

Como 90% das pessoas, nasci
De um jogo de buraco
De uma planta trepadeira
De um embalo de sábado à noite

Como 90% das pessoas, sobrevivo
Subscrevo-me. Asilo a Terra
Em fuga do eu globalizado
Num mundo de neurose coletiva

Como 90% das pessoas da sala de jantar
Tento crescer: herdeiro de nada
Órfão de tudo
Cada chapinha da geração global sabe disso

Não porque ouviram afirmar os Beatles:
No céu há Lucy´s
No alto tudo é mais fácil
Diamantes, dinheiro, lazer

Sim, irmão, também é certo
A política do céu da pornô chanchada Xuxa
É um ímã
Todos estamos torcendo para você chegar

E poder somar no éden um dia
Um aliado, uma memória, um tempo
De poder sublimar o inferno
Quando nele fizer seu lar

Você está com tudo irmão, para chegar lá
Seu objetivo mesmo. Seu objetivo psi é esse?
Boa sorte. Está certo. Estou fora.
Estou liberto desse jogo





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