Amor e ódio
Maciel de Oliveira
Para não te querer procuro odiar-te
Vejo-te como um símbolo do mal
Condeno vivamente o natural
E louco anseio de querer amar-te
Se, descuidado, ponho a lembrar-te
O rosto lindo, a forma original
Através da lembrança sensual
Vem um ímpeto lúbrico avivar-te
Vibram em mim saudades delirantes
No incandescente mar do meu desejo
Recrudescem as chamas flamejantes
E eu, que julgara sufocada a dor
De amar-te tanto, tristemente vejo
Extinto o ódio, redivivo o amor
( Extraído da obra LUZ EFÊMERA E OUTROS SONETOS, Belo Horizonte,1984).
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