Velho tem cada coisa que contando não se acredita. Certa vez, lá nos pampas gauchescos quando...
Mas o que eu queria mesmo dizer é que certo dia iamos a levar alguns touros caracús à uma certa tourada que iria acontecer no povoado de Laverge de Los Libres, território argentino.
Durante o descanso la pelo sol do meio dia, estavamos todos a descansar debaixo de um cinamão quando deu na telha do chirú, pegar uma camisa vermelha e tourear um dos touros que estavam também a descansar na pastagem.
Entendiamos que um touro não pode ser enfezado um dia antes da tourada, se o toureiro souber disso, corria-se o risco de não usar aquele touro. O fato é que o touro torna-se mais astuto e pode pegar o toureiro no contra pé.
Porém tudo era festa, enquanto tomavamos um mate, lá foi o chirú enfezar o touro. O chirú sempre fazia isso e sempre levava a melhor, mas aquele dia era do touro. Como dizem, o toureiro foi soprar o touro e o touro soprou primeiro.
Aconteceu que na primeira investida o touro arrancou a capa digo camisa vermelha das mãos do chirú. Um toureiro sem capa está ferrado.
Assim que, foi ele pegar a capa, digo camisa, o touro investiu novamente e a turma gritou, olé, olé, olé. Não conseguindo alcançau a capa, o chirú deu um passo ao lado fugiu do touro e voou na cerca de arame farpado e já caiu do outro lado em pé pensando-se livre do caracú.
O touro não dando-se por vencido e como não tinha muita experiência na vida, achou que aquela peia não podia ficar daquele jeito. E como não era muito pesado investiu contra a cerca rebentando o último fio de arame, partindo em cima do chirú.
O chirú caiu na macega e o touro foi junto. Foi quando um de nós pegou a capa, digo camisa e fomos atraz como fieis escudeiros à salvar o toureiro mal sucedido.
Não é que o touro realmente conhecia a capa e voltou-se contra nós, deixando-nos também em apuros !!! Mas não foi dificil laça-lo pelas patas trazeiras e joga-lo ao chão. Depois de alguns minutos o touro já havia esquecido o toureiro e levantou-se pondo-se pastar na ravina.
E o toureiro ? Ouvia-se ao longe o som de socorro, socorro, socorro. Um dos peões pos-se a gritar:
-Pode voltar que já não há mais perigo.
Porém nada do toureiro voltar. Só nos restava ir até o local e averiguar o sucedido. Quando chegamos, estava lá o toureiro enfiado em uma moita de espinho arranha-gato. Como aquele tipo de espinho é, como o próprio nome diz, arcado como uma unha de gato, o coitado não ia nem pra frente e nem pra traz. Ninguém podia também entrar lá a não com equipamento próprio. Foi aí que um dos malucos teve uma idéia. Pegou um fósforo e tocou fogo no espinheiro. Quando espinheiro começou arder em chamas e o chirú viu que a única saída era deixar o espinheiro a qualquer custo, não deu outra.