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cronicas-->Mecanismo de Defesa -- 20/09/2003 - 20:21 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MECANISMOS DE DEFESA
Lílian Maial



A cada dia, encontramos mais e mais pessoas preferindo a solidão, o individualismo.
Curioso é esse não se apegar para não sofrer. Muito comum em homens, agora também em algumas mulheres.
Parece que fazem um engessamento das emoções, conseguem aparentemente aproveitar uma boa companhia, programas agradáveis, curtir o momento (ou alguns bons momentos), mas quando percebem que aquela pessoa está ficando muito próxima, pronto! Ligam o "escudo invisível", deixam o coração no "automático", e simplesmente a descartam.
De muitas dessas pessoas ouve-se a mesma ladainha:
- "é meu jeito!"
- "não consigo me apegar"
- "preciso sair..."
No entanto, lá no fundo, de verdade, o que elas não sabem é amar.
Não conseguem se dar.
Possivelmente já foram muito magoadas, e deixariam qualquer consultório de psicanálise com a sensação de "deja vu".
E se odeiam por terem deixado que alguém, em algum dia, as tivesse magoado tanto. Certamente juraram para si mesmas nunca mais sofrer de amor. E não apenas de amor "homem x mulher", mas qualquer amor.
Só que sofrem. E muito. Sofrem no escuro do quarto, sozinhos, quando pensam que optaram pela solidão, pelos seus momentos de introspecção, seu espaço, sua privacidade.
Sabem-se sós. Talvez até por uma opção mesmo, opção essa que se impuseram tempos atrás, quando se entregaram e foram feridos.
Acreditam piamente que não foram feitos para o amor, para a vida compartilhada, para a felicidade. Ao menos, não para essa felicidade que a maioria das pessoas buscam junto com as outras.
Irritam-se com o apego do outro.
Querem sair, garantir a liberdade.
Embotam a paixão. Subvertem-na. Tornam-na aborrecida.
Realmente "não entendem" como podem despertar fascínio em alguém (como se não fossem as pessoas mais cativantes antes de acontecer o apego).
O que ocorre é que elas, por não terem o aprisionamento de uma relação estável e duradoura, dão sempre a impressão, à nova vítima, de que possivelmente ela, a vítima, seja aquela pessoa que nunca foi encontrada antes, aquela que reúne as características que eles tanto buscaram nos outros, para então viverem um amor eterno.
Balela! Mais uma conversa para enredar os corações incautos.
Essas pessoas solitárias utilizam seu charme e sua liberdade para atrair, para provocar, para seduzir, para induzir o novo eleito ao desafio de se fazer amar.
Porém, logo ao primeiro sinal de perigo, quando o coração delas dispara ao ver, ouvir, perceber esse eleito, senti-lo necessário, perfeito, completo, é imediatamente acionado o mecanismo de defesa, que faz com que a pessoa se lhes apresente como irritante, pegajosa, chata, grudenta, e todo aquele charme, aquela sedução, aqueles pequenos detalhes que as tornam tão atraentes, são subitamente extirpados do dia-a-dia, sem um adeus, sem uma justificativa, sem um motivo.
E lá se vai mais um rio de lágrimas atrás dos solitários por opção.
A pessoa apaixonada fica no ar, sem entender nada, sofrendo a dor do afastamento compulsório, e essas pessoas que não sabem amar voltam para seus quartos, para suas músicas, sua independência e sua vida sem amor.
Até quando, hein?
Será que não lhes passa na cabeça que o homem não nasceu para ser sozinho? Que sua vida é um eterno dividir, começar, terminar e recomeçar?
O que temem?
O que realmente as assusta?
Até hoje não sei a resposta, mas percebo que a cada dia mais e mais pessoas se comportam assim, se defendendo do amor e da entrega.
Talvez seja um componente depressivo, um lado anti-social.
Ou apenas um egoísmo de proporções gigantescas, mas tão grande, que nem elas mesmas conseguem controlar, gerando uma carapaça dura ao ponto de empedrar o coração.
Seja o que for, narcisismo, egoísmo, escolha, que não faça doer tanto, que não deixe o apego acontecer, pois o outro, a vítima, o eleito, esse não tem como adivinhar, não tem como se prevenir. Esse não tem defesa.


Rio, 20/09/03
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