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Infantil-->O REINO ENCANTADO DE TODAS AS COISAS -- 22/12/2002 - 22:22 (LUIZ ALBERTO MACHADO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Era uma vez um ponto.
Um pontinho que vivia a voar.
Miudinho, inexpressivo, viajava sozinho, procurando brincadeiras novas e aventuras.
Um dia,
Fartando-se da estar sozinho,
Cansou de viajar.
Precisava de uma novidade.
Mas o que poderia ser?
Matutava,
matutava,
O que será que poderia ser feito?
Ah!
Viu-se, então, na necessidade de inventar.
Inventou de inventar.
O que mesmo?
Danou-se!
Inventando aqui, inventando ali,
Nada satisfazia sua vontade de fazer uma coisa nova.
- Ah! já sei! - disse ele alegremente, - vou inventar o REINO ENCANTADO DE TODAS AS COISAS.
E pôs mão à obra.
Dedicou-se profundamente naquela empreitada.
E ocupado com isso, passou dias, meses, anos.
Depois de muito trabalho, o reino ficou pronto.
Foi ai que ele resolveu visitar o lugar inventado.
E, com alvoroço,
Montou na cauda de uma nuvem
E rumou para o lugar desejado.

O REINO ENCANTADO DE TODAS AS COISAS.

Depois de horas viajando,
Conseguiu avistar de longe o seu reino.
Quase explodia de tanta alegria.
Nas proximidades, foi recepcionado por um arco-íris multicor, que fazia a vez de sacada do lugar.
Aproximou-se, atravessou as cores e voltava a repetir tal façanha,
Na maior euforia.
Resolveu, então, conhecer o interior do lugar.
Lá havia uma luz intensa.
Uma porta invisível.
Atrás da porta, uma caixinha de milagres que ele logo se apossou, sentando-se a um canto para brincar com aquela novidade.
Para dar maior sentido a tudo ali, saiu jogando as sementes dos milagres por todo lugar que passava.
Enquanto frutificavam, recolheu um milagre e fez um traço.
Do traço fez um círculo.
Do círculo, um quadrado.
Do quadrado, um retângulo.
Do retângulo, um losango.
E daí, transformou tudo em várias figuras geométricas.
Maravilhado com as suas invenções, não se cansou de inventar.
Não esquecendo, claro, de regar as sementes jogadas para que pudesse frutificar.
Depois, segurando um punhado de milagres, com as mãos em concha, jogou-os contra a luz.
De repente,
Tudo começou a pipocar como fogos de artifício.
Parecia uma grande festa com estrelas,
Cometas,
Asteróides,
Meteoros,
Satélites,
Planetas,
Tudo girando num bailando lindo e feliz.
Depois das explosões, tudo ficou calmo e ele percebeu que as sementes haviam, afinal, frutificado.
Foi aí, que ele pegou um milagre das cores e saiu colorindo tudo.

Como já chegava a noite, ele resolveu, então, descansar.
Dormiu que só São João.
Acordou com a alvorada e tudo, para ele, era mais lindo do que pudesse imaginar.
Viu uma série de coisas que jamais havia visto,
Como o treloso Saci que pulava com uma perna só. Que coisa mais engraçada!
Descobriu a brincalhona Cumade Fulôsinha que tomava conta das matas.
Depois conheceu Curupira, o Boi Pintadinho, a Cabra-Cabriolé, o Boi Espácio, gnomos, pirilampos, djins, fadas e abusões.
Com eles aprendeu a brincar de roda,
De ciranda-cirandinha,
De boca-de-forno,
De bâo-balalão,
De bumba-meu-boi,
De pastoril
E de fandango.
Como ele estava feliz.
Passeavam o dia inteiro pelos rios, lagos e oceanos;
Pelas geleiras dos pólos,
Pela aurora boreal,
Pelas cataratas,
Pelas correntezas e cachoeiras;
Pelas matas e florestas,
Ao lado de borboletas, beija-flores, papa-capins, sabiás, guriatãs.
Fez amizade com todos.
E dessa amizade ganhava frutas das plantas e árvores que ele achava saborosas.
A festa durou o dia todo.

Quando a noite novamente chegou, já estavam cansados.
Foi então que adormeceram.
Sonharam a noite toda.
Sonharam com o trabalho das formigas, das abelhas fazendo mel, do João-de-barro fazendo seu lar, dos homens semeando os campos.

Quando o dia amanheceu, acordaram com um estrondo violento.
Que seria aquilo?
Todos estavam apavorados.
Procuraram se certificar do que se tratava e não conseguiram obter respostas esclarecedoras.
Seguiram, então, para onde se presumia o lugar daqueles estrondos horrorosos.
Caminharam, caminharam, até que se cansaram.
Quando se aproximaram de uma vila, perceberam que as pessoas estavam assustadas.
Foi aí que ficou sabendo do malvado Anhangá.

Anhangá era um monstro destemido e cheio de ruindados que morava nas montanhas do além, nas proximidades de um vulcão extinto.
O maior prazer desse bicho ruim,
Era derrubar árvores, espalhar o mel, poluir os rios e os mares,
Destruir colheitas para que todos ficassem com fome para não poderem raciocinar.
Para o monstro, quando as pessoas ficam abobalhadas, tornam-se presas fáceis de serem dominadas.

Toda vez que o estrondo aparecia, sabia-se tratar-se de Anhangá que vinha para assustar todo mundo.
E o seu maior passatempo era jogar enigmas para que todos decifrassem.
Se não obtivesse resposta certa, ele devorava tudo.

Aí foi que o Pontinho resolveu intervir.
- Por que, então, todos não se juntam para enfrentar o monstro?
- Nós temos medos. Só de pensar nele, a gente começa logo a tremer.
Foi aí que ele falou de três poderes indispensáveis.
Todos, reunidos, ficaram atentos para a sua explicação.
Em primeiro lugar, falou da Humildade, um sentimento superior que permitia que todos vivessem iguais uns aos outros e que assim se mantivessem unidos.
Depois, foi a vez da Sinceridade, outro sentimento capaz de uní-los cada vez mais.
Por fim, revelou a existência da Liberdade, somente possível àqueles possuidores de Humildade e Sinceridade.
E foi com este ensinamento, que todos planejaram a sua vida e tiveram coragem de enfrentar Anhangá.

Porém, numa tarde ensolarada linda de morrer,
Ouviu-se um estrondo que abalou todo vale.
Assustados, sabiam que o malvado logo chegaria ali.
Uma reunião foi convocada às pressas para que todos se preparassem para o encontro.
Combinaram que ele seria recebido com naturalidade.
O medonho não demorou muido.
Acompanhado de faíscas, fumaças e poeiras,
Raios e sombras,
Estrondos e alvoroço.
Eis que apareceu na beira do precipício,
O poderoso Anhangá, o dono da terra do horror.
Somente a sua aparição já fazia tremer a terra toda,
O vento soprava violentamente,
Os animais se espantavam todos.
Dava medo mesmo.

A população, então, reuniu-se.
E unida, sentiu-se forte e protegida.

Foi aí que Anhangá desafiou:
- O que você faria ao ver a lagarta morrendo? Preparem-se todos para responder, pois hoje eu vou engulir todo povoado!!!

Um coro ecoou:
- Ooooooooooooooooooohh!!!!

O enigma era indecifrável para todos. E agora?
Estariam sem saída?
Será que nosso amiguinho conseguiria responder aquele enigma do malvado?
Ou tudo seria destruído sem a menor piedade?

Apesar do medo e da incerteza, permanecerem de mãos dadas, interrogando-se um ao outro o quê responder.
Nosso herói, então, corajosamente se dirigiu até as proximidades do penhasco e, calmamente, fitou Anhangá.
Da bocarra do medonho saiu uma gargalhada de fogo que ecoou por todo vale.
E olhando para o Pontinho, tão pequeno, ficou mais assanhado ainda.
- Isso é uma zombaria! -, gritou o monstro -, como ousam me desafiar com essa coisinha tão pequenina, dou só um peteleco e ele some de vez da minha frente! Ou se esqueceram do poder da minha ira??? Quem me responderá??
- Eu -, respondeu o Pontinho.
- Eu quem? - insistiu o avantajado.
- Eu, esse pontinho de nada.
- Por certo, pontinho atrevido, você ainda não sabe do que sou capaz. Não perderá por esperar. Saia da frente e deixe-me logo saber quem dará a resposta que eu quero! Eu estou com uma fome danada hoje!
- Bom, como tamanho não é documento, serei eu a aceitar, em nome dos moradores deste reino, o desafio.
- Háháháháhá!!! Então, diga, o que você faria se a lagarta morresse? Diga! Diiiiiiiiiiiiiiiiiigaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!
- Veria uma linda borboleta voando pelos bosques!!!!
Pronunciada a resposta, o Anhangá ficou furioso e mais revoltado que nunca, avançou-se para atacar o Pontinho, não percebendo que estava se encaminhando para a beira do abismo.
Estava tão cego de raiva que nem percebeu que despencava no precipício.
O monstro sumira para nunca mais.

Um grito de ovação marcou a felicidade de todos.
Até os peixes pulavam felizes nos rios,
Os passarinhos cantavam alegremente,
Todos os animais não escondiam sua felicidade.
As mães fizeram doces e bolos,
E os pais se reuniram para contar para todos aquele acontecido.

E o reino encantado de todas as coisas viveu feliz para sempre.

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.

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