FRAGMENTOS DO AMOR
O espelho quebrado reflete
Pedaços estilhaçados de um amor
Tento juntá-los como num quebra-cabeça
Os cacos desiguais deste amor.
Outrora este amor era real
A imagem virtual tinha vida.
Eu sentia o perfume, suores e odores da
Pele macia.
Minhas mãos conseguiam deslizar por uma
silhueta e o meu cérebro materializava este amor.
Hoje, não consigo colar os pedaços:
Olhos, boca, nariz, orelhas, cabelos,
Cabeça, tórax, ombros, braços, pernas...
Estão disformes, opacos,
Fragmentados, diluídos,
Em um passado distante.
Abro os olhos e vejo uma sombra
Inanimada, sem alma, sem cor e sem documento.
Um espaço vazio sem eco,
Um nada, uma neutralidade.
Restaurar este amor
Seria ressuscitar do abismo
Um amor partido, estilhaçado, dilacerado e fragmentado.
As cicatrizes não são restauradas.
Onde houve ferimentos, fica um tecido
Duro, insensível, calejado e sem irrigação.
Impossível se torna apagar cicatrizes.
Este amor já não mora mais em mim
São folhas secas de um outono distante,
São fragmentos de um amor.
Getúlio Silva
08/05/03
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