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Contos-->O dito cujo - um conto jabujo -- 06/12/2000 - 14:31 (Samuel Ramos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O dito cujo, após rever posicionamentos anteriores, convidou o amigo para discutirem e debaterem o evento. No entanto, porém, sabendo que de nada adiantaria conversar com o companheiro de pelada (a futebolística, não a mulher), levou o parlatório adiante, mas não obteve uma saída exitosa, já que um está hoje morto sendo aberto pela barriga no IML, e o outro tentando escapar do Jorjão, um cara do presídio onde está o novato meliante.

A proposta seguia a risca o trajeto já consumado em outra ocasião: cheiravam cocaína, pegavam o carro e saíam rumo ao objetivo noturno. Numa dessas noites, o amigo falecido cheirou demais e, já convalescente pela droga, se deixou prender pelos ratos. O outro, que hoje é vítima das investidas de Jorjão, caiu em apoio ao falecido. Desde então, havia sido combinado que nada mais fariam, e o evento fora sepultado junto com o falecido que, dizem, morreu de overdose no presídio. A família dele chiou, já que no velório sua barriga estava com um rasgo fenomenal, bem diferente das incisões que os legistas costumam fazer. Parece que outros presos abriram sua barriga para resgatar os resquícios de cocaína.

Ocorre que o agora defunto questionou seu camarada sobre uma eventual incursão no mundo do crime, do tráfico de drogas, sugestão de pronto rechaçada pelo indivíduo - que a essas alturas está quase convencido a ceder aos apelos do Jorjão. A negativa pôs o rapaz em desespero, visto que tinha já engolido os pacotinhos de cocaína. À hora que sentiu o efeito da droga consumida na noite fatídica, considerou que estava a morrer, o plástico arrebentado pelo uísque teria derramado o pó em seu estômago. Nada aconteceu, e por isso voltaram à boêmia dias depois, quando se passaram outra vez no consumo de substâncias ilícitas. Foram detidos por terem sido vistos forçando uma moça a se relacionar sexualmente com ambos. Os agentes do encarceramento dos dois os interrogaram de pronto, e foi assim que incluíram nos delitos porte e consumo de cocaína, além do desacato que cometeram.

Mais tranquilo, o agente descolou uns trocados com o advogado dos dois. O primeiro não queria pagar de jeito nenhum, acabou morrendo em seguida. O outro só queria uma coisa: ficar em cela separada, desde que viu Jorjão no cárcere, queria distância dele. O advogado, filho da puta habitual, sugou a grana dele, rachou com o agente e só de birra disse ao diretor do presídio "Joga esse mérda junto com o Jorjão!"

Tanto o um, agente, quanto o dois, advogado, pagaram aos médicos pela pacoteira de pó que estava no estômago do cara. Foram vistos os três, médico, advogado e agente tomando uísque e jogando sinuca num bar classe média fuleiro. Volta e meia esticavam umas linhas no banheiro, enquanto reclamavam do cheiro de fezes dos papéis que estavam no estômago do falecido. Tiveram receio de lavar com sabão, com medo de perder o pó. Se bem que o fedor podia ser da patente mau limpa, mesmo. Coisa de jabujo, pensa só se não tivesse morrido o dito cujo.



(escrito em parceria com Marcos Beck Bohn)
http://www.tijolao.cjb.net
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