A LENDA DA CRIAÇÃO DO HOMEM E DO MUNDO, SEGUNDO A BÍBLIA SAGRADA
Introdução
1. O Deus Pai -Princípio e Fim
E o Seu Filho – Jesus
Enviem do Espírito Santo
A mim a divina luz
Neste momento de enlevo
Em que A Criação descrevo
Como a Bíblia traduz.
Capítulo I
A CRIAÇÃO EM SEIS DIAS
2. Deus disse: -Faça-se a luz!
- Pois esta não existia -
O universo eram trevas
Não havia noite e dia
E a luz foi a estréia (1)
Da Criação – grande idéia
Que o nosso mundo alumia.
3. E já no segundo dia,
Deus criou o firmamento
(Que significa céu)
E por esse movimento,
Forjado em boa frágua
Separou água de água
Em um único momento.
4. Prosseguindo seu intento
No plano de criação,
Deus criou a terra seca
E toda a vegetação:
Árvores, arbustos, capim
No terceiro dia, assim,
Já tínhamos o nosso chão.
5. Para se ter dimensão
Do tempo, Deus fez também
Dois luzeiros: sol e lua,
Que nos mostram muito bem
Quantas noites, quantos dias...
E as estrelas (2), nossos guias
Orientando o além.
6. No quinto dia, Deus vem
Colocar vida no mundo
São as aves, são os peixes
Que em fração de segundo
Povoam os nossos ares
E as vastidões dos mares,
Rios e lagos profundos.
7. Para tornar mais fecundo
Todo esse reino campestre,
Deus criou répteis, feras,
Bichos domésticos, silvestres...
E para que a estes domem,
Colocou mulher e homem (3)
No Paraíso terrestre.
8. Vendo a paisagem rupestre
Deus achou tudo perfeito
A natureza e seu ciclo,
Desenhada do seu jeito...
E decidiu dar por finda
A sua obra – Tão linda!
E descansou (4), satisfeito.
Capítulo II
EXPULSOS DO PARAÍSO
9. O homem, que fora feito,
Com caráter racional,
Logo julgou que podia
Ao criador ser igual.
E Deus, com severidade
Castigou tal vaidade
Tornando-o simples mortal.
10. De pecado original
Ou pecado de Adão
Usamos denominar
Essa primeira infração
De comer um fruto (5) que
Deus proibira comer
Por ingênua ambição.
11. Uma rígida lição
Adão e Eva amargaram.
Do jardim do éden expulsos
Ali nunca mais entraram.
Banidos do paraíso...
Não foi por falta de aviso!
Colheram o que plantaram.
12. Juntos a terra lavraram.
Os filhos foram nascendo.
Abel, Caim, Set e outros.
Quantos não fiquei sabendo.
Uma tradição bonita
Inspirada e bem escrita...
Mas o povo foi crescendo.
Capítulo III
INTERPRETAÇÃO DA NARRATIVA DA CRIAÇÃO
13. Muita gente hoje, lendo
A Bíblia que foi escrita,
No capítulo dois do Gênesis
Ingenuamente acredita
Que Adão foi mesmo feito
Todo de barro e perfeito (6)
Como o verso bíblico cita.
14. Se Eva era bonita
Se foi feita da costela (7)7
De Adão, seu companheiro;
Se a serpente enganou ela, (8)
Não temos que nisso crer.
Busquemos só perceber
Qual a importância dela.
15. É uma história tão bela
A lenda da criação
Decerto um belo poema (9)
Cujo centro foram Adão
E a companheira, Eva.
Isso a refletir nos leva
Se temos uma missão.
16. A real motivação
Ao se escrever o poema
Era apontar uma origem
E salientar o tema:
Há um único Deus vivo (10)
E o homem o grande motivo
Dessa criação suprema.
17. Para entender o problema
Veja as notas do editor
Na bíblia que tem consigo
Pois pra ler é que comprou;
Nem queira entender sozinho;
Discuta com seu vizinho,
Com seu padre ou seu pastor.
18. Não queira ser contendor
Em discussão enfadonha
Sem ter base para tal;
Perguntar não é vergonha.
A criação foi escrita
Pelo povo israelita
No exílio da Babilônia. (11)
19. Somente o tolo é que sonha
Em decorar todo o texto
Cada capítulo e verso
Da Bíblia, como pretexto
De grande sabedoria.
Perde-se na fantasia
E se esquece do contexto
20. É melhor botar cabresto
Do que falar como gago.
Antes ouvir que falar,
Diz a carta de Tiago (12).
Busque, então, deduzir
E, só depois, transmitir,
Sem causar nenhum estrago.
21. Por vezes, eu me indago
Porque eu fui pregador
Quando ainda adolescente
-Talvez pueril fervor?!
Mas sei que sempre evitava
Falar muito. E só pregava
Fraternidade e amor.
J- Javé Deus, o Criador,
O- Omeu e teu único Deus
A- Ajude –nos a pensar
Q- Qual serão os planos Seus.
U- Um plano de salvação
I- Impele a discussão...
M- Mas não sejamos ateus.
NOTAS
1 Gn. 1,3-5
2 Gn. 1,16
3 Gn. 1,26-28
4 Gn. 2,2-3
5 Gn. 2,17
6 Gn. 2,7
7 Gn. 2, 21-22
8 Gn. 3, 1-13
9-11 Conforme nota do editor da BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral, São Paulo: Paulus, 26.ª impressão, 1998, a narrativa da criação não é um tratado científico, mas um poema que contempla o universo como criatura de Deus. Foi escrito pelos sacerdotes no tempo do exílio da Babilônia (586-538a.C) e procura salientar vários pontos. Primeiro, que existe um único Deus vivo e criador. Segundo, que a natureza não é divina, nem está povoada por outras divindades. Terceiro, que o ponto mais alto da criação é a humanidade: homem e mulher, ambos criados à imagem e semelhança de Deus. E a humanidade é chamada a dominar e a transformar o universo, participando da obra da criação. Quarto, que o ritmo da vida é trabalho e descanso: assim como Deus descansou do trabalho criador, também o homem tem direito ao dia semanal de descanso. Importante notar que a criação toda é marcada pelo selo de Deus: “era bom... muito bom”.
12 cf. Tg 1, 26, “se alguém pensa que é religioso e não sabe controlar a língua está enganando a si mesmo, e sua religião não vale nada”.
CONSULTAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA SAGRADA – Edição Pastoral, tradução, introdução e notas de Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin, São Paulo: Paulus, 26.ª impressão, 1998.
Kardec, Allan (1804-1869), A Gênese – Os Milagres e as Predições do Mundo Segundo o Espiritismo, tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras-SP, IDE, 48.ª edição, 2006, pág. 208-9.
2, 4b-25: A primeira narrativa da criação (1,1-2,4ª) apresenta as águas disformes como caos, desordem e ausência de vida. A segunda narrativa, elaborada ao tempo do rei Salomão (séc. X a.C) se originou entre nômades que viviam no deserto. Para eles, terra seca é ausência de vida. Por isso, imaginam, como início da criação, a chuva e a possibilidade de o homem encontrar água. A grande bênção inicial é, portanto, a água (vv. 4b-7). Os VV. 8-17 narram a história do Éden, um paraíso na terra, para onde confluem os maiores rios do mundo então conhecido, e onde as árvores e frutos são abundantes. Deus criou a terra para que o homem usufrua dela e possua vida plena (árvore da vida). A condição única é o homem se subordinar a Deus: obedecer ao seu projeto de vida e fraternidade, e não querer decidir por si mesmo o que é bem e o que é mal (comer o fruto da árvore do bem e do mal), a fim de não ser causa a espécie alguma de opressão e morte. Os vv. 18-25 salientam duas coisas: primeiro, que o homem tem domínio sobre a criação “dando nome aos animais” e, por isso, participa do poder criativo de Deus; segundo, que “a mulher não foi tirada da cabeça do homem para mandar nele, nem foi tirada dos pés dele para ser sua escrava; mas foi tirada do lado, para ser sua companheira”.
2-11: A história dos homens dominada pelo mal e, ao mesmo tempo, amparada pela graça. Não se submetendo a Deus, o homem rompe a relação consigo mesmo,como irmão, com a natureza e com a comunidade,reduzindo a história ao caos (dilúvio)e a sociedade uma confusão (babel).
12-50 A história dos patriarcas, as raízes do povo que, dentro do mundo, será o portador entre Deus e a humanidade. O início da história do povo de Deus é marcado por um ato de fé no Deus que promete uma terra e uma descendência. A promessa de Deus cria uma aspiração que vai pouco a pouco se realizando em meio a dificuldades e conflitos.
37-50 A história de José., preparando já o livro do Êxodo, onde se apresenta a mais grandiosa ação de Deus entre os homens:a libertação de um povo da escravidão.
1- O BEM E O MAL- tudo que Deus cria é bom;
