Usina de Letras
Usina de Letras
252 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62273 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->A Ambulància -- 11/09/2003 - 08:58 (Wesley Nogueira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O carro que mais marcou minha infància foi uma ambulància, não que eu tenha sofrido algum acidente ou coisa assim... Comprada em um leilão de carros oficiais por meu pai, a velha ambulància, montada sobre um chassi de Rural Willys, parecia a solução para o transporte da família e, ao mesmo tempo, da carga do pequeno comércio de meu pai.

Lembro do dia em que meu pai chegou com ela... ainda pintada de branco, com uma faixa vermelha, lataria meio amassada e meio comida, só para mostrar à família. Depois disso, só fomos vê-la novamente três semanas depois, já transformada, nem parecendo mais aquele carro velho.

Recuperada e pintada de uma cor entre o creme e o amarelo, a maca quebrada e os bancos de ferro tinham sumido da parte traseira, deixando apenas um vão livre para carga. Como na boléia só havia espaço para três pessoas, quando saía a família toda, não tinha jeito, abríamos as portas traseiras e colocávamos as poltronas e o sofá da sala na carroceria fechada e, com as vigias de vidro ainda pintadas de branco semi-abertas, nós, crianças, nos acomodávamos muito bem para os passeios a que papai nos levava. Era uma verdadeira festa!

Naquele tempo, a Globo exibia o seriado "SWAT" e nós éramos invejados pelos meninos da vizinhança por termos um carro praticamente igual ao do filme, aquele furgão gigantesco de onde saltavam os policiais pesadamente armados. Então os amigos faziam fila para brincar conosco, e eu - sempre como o "dono da bola" - , era o Tenente Harrison, e deixava que os outros brigassem para representar os demais personagens.

A ambulància era "pau pra toda obra". Papai enchia o compartimento de mercadorias que comprava na rua Governador Sampaio - tradicional rua dos armazéns de Fortaleza - para transportar até a Mercearia dele em nosso bairro.

Outras vezes pegava uns fretes meio malucos: o pior de todos, lembro-me bem, foi de um bode e algumas cabras para levar de um sítio para um abatedouro; os bichos pareciam saber para onde iam e resolveram se vingar na ambulància, bem como, indiretamente, em mim e no meu irmão mais novo, que tivemos a ingrata tarefa de lavar o malcheiroso compartimento de carga depois dessa aventura. Durante o transporte, o bode, mesmo estando amarrado, dava chifradas contra a porta e a lateral do carro, deixando suas marcas nos arranhões e amassados da lataria interna.

Com o tempo, papai foi desgostando da ambulància e resolveu trocá-la por uma camioneta aberta, mais nova e espaçosa, depois de uns quatro anos de muita diversão. A nova camioneta não tinha a graça e a magia da velha ambulància, sem contar que, com o progresso dos negócios, papai comprou um carro de passeio para a família, o que não nos deixava muita chance de andarmos em cima da carroceria aberta da picape.

Hoje, quando vejo as muitas Rural Willys ainda circulando, eu procuro por uma que já tenha sido ambulància: aquela que me carregou e me divertiu no tempo encantado de minha infància!
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui