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Cronicas-->O VELÓRIO -- 06/09/2003 - 18:33 (Rose Maura Fleixer) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos ali concentrados e sérios, mantinham-se a postos diante dos eventuais chiliques daquele velório, mas era inevitável tecer comentários sobre os amigos de infància que, um a um, passavam por nós, após tantos anos sem vê-los (nada melhor que um velório para tal reencontro acontecer).
Percebemos que depois de vinte anos, os meninos já estavam bem mais acabados que a gente (meninas). Barrigudos, carecas, cheios de cabelos brancos e nós, meninas, ali, com aquele olharzinho feminino felino...
Aos homens era normal tal estágio de degradação, mas àquelas que conseguiram-se manter em forma, quase perfeitas, após vinte ou mais anos, alguns filhos e alguns casamentos, era, no mínimo estranho.
A cada cochicho, discretamente, se clamava por explicações, que, automaticamente, gerava uma série de cogitações, foi quando ouvi falar pela primeira vez em "botox", "fio de ouro", "mesoterapia"... e eu mal saí do estágio da conhecida plástica para adentrar na "moderníssima" lipoaspiração.
Os meninos (rapazes, aliás, os homens)comentavam dos bem e mal sucedidos, depois de dar os pêsames, é claro; e a finada, há trinta anos tinha uma doença congênita degenerativa, que, obviamente foi a "causa mortis", quando, para nosso tormento, em tentarmos mantermo-nos sérios, chega um dos mais antigos da turma, dá os pêsames aos parentes e pergunta: -"por que será que ela morreu?", foi o fim!. Ainda tinham aqueles que olhavam para a falecida e diziam: -"ela está tão bem, não é mesmo?" e pérólas outras colhemos em um velório; como um parente distante que não conseguiu ser localizado a tempo, queixou-se depois (em relação à falecida):-"por que que ela não me esperou?". O padre que foi chamado para encomendar o corpo, praticamente foi apedrejado, quando em sua primeira fala (se referindo à finada que era uma pessoa deficiente que não falava, não pensava, não se movia e mal vegetava), disse:- estamos aqui para tentar redimir FULANA DE TAL de seus pecados, pronto!, foi a gota d água.
No cemitério, por entre muitas covas, carregava também eu o caixão, e por ser a única mulher, talvez a mais fraca, e conduzir o fim do caixão, tive que apressar o passo para acompanhar os apressadinhos da frente e livrando-me aqui, acolá dos escorregões que levava diante o barro molhado pela chuva, até que finalmente findei por cair, com parte do caixão dentro de uma delas, interrompendo o cortejo entre risadas espremidas.
Quando, por fim, conseguimos colocar o caixão em seu local definitivo, alguém notou que sua bolsa havia sido lacrada junto com o caixão, daí fomos todos, a essas alturas, esparando qualquer coisa a mais, tentar localizar o objeto, até que a proprietária da mesmo lembrou-se que esta estava em seu carro, desculpando-se com os demais (já cheios de lama).
Voltamos para casa sem conseguirmos mais chorar, porque as cenas cómicas dominavam nossos pensamentos e, esperamos, sinceramente, que cada vez que tivermos que nos separar definitivamente de alguém, que seja esta situação algo cheio de novidades e reencontros, como foi o enterro de minha irmã, que no mínimo, também deve tá rindo das nossas trapalhadas agora.

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