Neste mar que navego Sou onda inversa Não ouço mais o vento Nem o cantar dos pássaros Viajo no tempo Contando migalhas Do que ainda resta Na memória desgastada Pelo tempo e sofrimento.
No mar que navego Sou prisioneira Sem algemas. Vou seguindo a escuridão Que me cerca Por todos os lados E estreita em braços Tão fortes que parecem Laços que me fazem posse.
No mar que navego Sou barco solitário Sem rumo sem prumo. Não tenho destino Só o desatino De uma garganta estéril Sem palavras e fantasias Do fim da poesia...