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Cronicas-->Menina estranha -- 03/09/2003 - 17:16 (Suzie Tibiriçá) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meninas se apoquentam, se esquentam, esbravejam, falam palavrões, protestam, indignadas... O motivo do burburinho todo, acreditem, é a cor do vestido de formatura, vejam só. Uma quer lilás, outra vermelho, outra preto, outra azul, outra verde de bolinhas roxas. E sabe se lá porquê, os vestidos tem de ter a mesma cor. E sabe se lá porquê tem de haver uma formatura. Que raios de motivo é esse que leva jovens de 17, 18 anos de idade a se arrumarem como talvez só se arrumem uma ou duas vezes na vida, para celebrar o término do colegial, a despedida dos alunos para com seus colegas, e professores. Detalhe, que todos se odeiam aí. Professores, alunos. Não existem colegas. É visível, ninguém tá nem aí com a cara de ninguém, sempre foi assim. A idéia de qualquer confraternização já me provoca risos. Eles têm de fazer formatura porque todos anos fazem, e quem quer romper uma tradição? Há ainda o suposto presente ao paraninfo, um professor predileto, algo que eu também não consigo conceber naquele colégio. Há também as reuniões antes do término do ano. Churrascos, festinhas. E toda espécie de rituais, diga-se de passagem, "macabros". Deus me livre e guarde. Eu presencio tudo. E vejo as meninas disputando quase a braço a maldita cor do vestido, e os meninos se indagando se iriam de smoking ou terno. Uma gorda loirinha tentando organizar tudo, deslocada e sem atenção que só ela, coitada. Um viado na minha frente perguntando com a voz mole de viado como se escreve smoking. E as ricas menininhas embasbacadas com o gosto por moda de algumas. Vermelho, imagine! No meio disso tudo está eu. Bufo. A menina que não vai em nada, que mal aparece na escola, justamente pra evitar esse tipo de comportamente típico da minha triste idade. Porque sim, eu sou muito diferente dessa gentinha, graças a deus. Volto a por os fones nos ouvidos, e desligo minha percecpção, pois tudo ao meu redor é um insulto. Um insulto à minha inteligência, ao meu ser. Falta de respeito, coisa mais feia. Tudo me desgasta. Eu ouço tanta gente falando besteira, e atentando contra qualquer bom senso e nível de conhecimento, que nessas pancadas que eu recebo quase que diariamente, eu chego a querer ser como eles, pra não ter que detectar tantos absurdos. Ser tapada. Sem olhos, sem ouvidos, sem nada, só boca, pra dizer muita asneira, e fazer o som da minha voz doer na cabeça de qualquer pessoa sã e discernível. Totalmente acéfala, sem nenhuma responsabilidade, ou senso. Que vislumbre, que sonho. Mas enquanto isso eu ficarei me remoendo, sendo constantemente insultada, e me fazendo de besta, de esquizofrênica. Ah, se eles soubessem que eu sou uma das pessoas mais especiais que eles já viram de perto... Aquela ali, sentada sozinha, quietinha, com fones de ouvidos, ou o livro na mão. Sou eu. Já deixando de lado a idéia de ser acessível a qualquer um, e sempre responder as pessoas com simpatia, e porque não um sorriso, e algum respeito? Ora... E essa gente merece respeito? Então eu me fecho, e dou grunhidos só de esbarrarem em mim. Não me toquem, não me pertubem, já que não ajudam em nada. Vão logo embora, sacripantas, e me deixem em paz, que eu sou um altar, lindo e florido, tem de se ter cerimónias comigo, e não é qualquer um que entra, escancarando portas, falando alto e sendo grosseiro. Respeitem. Já que não sabem o que é me perder pela vida, ver eu passar na rua e não parar pra falar comigo, parar para me conhecer, eu, o altar, a religião. Eles não sabem quem eu sou...

Ieda Marcondes
www.fabin.blogger.com.br
loveibaby@hotmail.com
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