NOITES DE VIGÍLIA
Nas minhas noites de vigília
Vi a lua linda e prateada,
Que brilha diferente,
Que conversa com a gente,
Que consola a gente,
Como se fora a amada.
Nas minhas noites de vigília,
Vi a mãe sobressaltada,
Com o coração rasgado de dor,
A velar o leito da filha,
De face desfigurada,
Desfalecendo sem cor.
Nas minhas noites de vigília
Cruzou o meu caminho a morte
Com seu negro e horrendo capuz.;
Mas, também tive a grande sorte
De falar com o anjo que conduz
As crianças até o Senhor.
Vi o poeta trabalhando a palavra
Tornando-a sua escrava
E se derramando em amor.
Senti a solidão do mendigo,
Vi o índio patachó só,
Correndo perigo,
Queimando e gritando de horror.
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