Usina de Letras
Usina de Letras
290 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62176 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50580)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Oito Anos É Muito Tempo!... -- 15/08/2002 - 21:43 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OITO ANOS DE TEMPO AO TEMPO

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Pensando Bem. Parece que dois mandatos não foram suficientes. Tanto que FHC está preocupado. Tem muito serviço por concluir. Oito anos, de fato, é pouco tempo. Passa rápido. Ninguém da equipe do governo se deu conta. E não era para menos. Só o tempo que levaram para acompanhar as subidas e descidas da moeda americana! Um sufoco! E para controlar os boatos? Primeiro de tudo, leva-se muito tempo para saber se o boato é falso ou verdadeiro. E quando se desconfia, já é quase tarde. As Bolsas de Valores despencam. O dólar sobe junto com os candidatos da oposição. E aparecem os cortes no orçamento.



Oito anos. Lembro de minha infância. Eu era feliz e não sabia. Mas, as coisas mudam. E nesses últimos oito anos, o tempo jogou contra o governo. O tempo a que me refiro, agora, é o tempo mesmo. Durante muito tempo, o governo perdeu tempo. E não deu tempo de construir hidroelétricas. E o tempo fechou. Ficamos todos no escuro. A ver navios. Se o período do governo de Getúlio ficou conhecido como a Era Vargas, FHC fez por merecer, de igual modo, o reconhecimento de seu governo. Será lembrado como a Era do apagão. Ou a Era do Lampião. A Era da Estabilização. A Era da Confusão. A Era da Privatização, enfim. Fomos privados de quase tudo.



Mas o presidente não se melindrou. Não perdeu a elegância. Nem ele nem a sua equipe econômica. Sempre foi otimista. Justiça seja feita. Nossa dívida é perfeitamente administrável, sempre nos disse. Nossa dívida ou a deles? Ou é só nossa, mesmo? Que já estamos pagando há tempos. Com a fartura de quase tudo, como dizem os caipiras. Farta emprego, farta comida, farta educação, saúde, habitação...farta tudo mesmo. Fartura, só de problemas. Problemas ligados mais a área de agricultura: verdadeiros pepinos; grandes abacaxis; batatas quentes aos montes.



E gastou-se muito tempo, esperando pelo tempo. Pelas chuvas. A chuva passou a ser o assessor mais importante deste governo. E quando elas vieram, os apagões apagaram. Mas vieram as enchentes. E com elas os desabrigados. Os infectados. As endemias. As epidemias. A Dengue. A Malária. A Hepatite com quase todas as letras do alfabeto: do tipo A, B, C e por aí vai.



E a nossa dívida aumentado. E o presidente dedicando grande parte do seu tempo para pedir empréstimos e arranjar dinheiro para pagar os juros. E rolar a dívida. Os juros da dívida. Cada vez mais difícil de rolar. Só mesmo rolando de rir.



E o Banco Central entra em cena. Despeja, no mercado, milhares e milhares de dólares. E o dólar cai um pouquinho. E o nosso presidente volta a ficar de bom humor. E vêm as entrevistas. Em cadeia de rádio e televisão. O Brasil é maior que todas as crises. E nós vamos dormir sossegados. Até a hora do almoço. O dólar subiu de novo. Mas, como? Não houve nenhum boato novo! O boato foi que o candidato oficial do governo, aquele que nem sobe e nem sai de baixo, teria dito que iria renunciar.



E a imprensa continua a falar sobre as mesmas coisas de sempre. Do risco-Brasil. Houve tempo em que o risco brasileiro era elogiado no mundo inteiro. O risco dos jangadeiros, em alto mar, pescando lagosta. O risco da mulher rendeira, costurando e bordando redes maravilhosas. Hoje, só temos um risco. O risco-Brasil. Que é um verdadeiro risco. Todo mundo arrisca. Menos o governo. Que parece que recebe empréstimos para continuar com os riscos. Que não acabam nunca. Depois daquela, que o Brasil recebeu trinta bilhões de dólares de empréstimo, não dá para acreditar. Não deu tempo nem do sorriso deixar os rostos dos ministros da área econômica. Logo no outro dia, o dólar subiu de repente. E o Banco Central já despejava dólares no mercado, para conter a alta da moeda americana. Agora, tudo indica, a coisa de grave e aguda virou crônica. Igual a remédio. Quanto mais você toma, mais o organismo precisa.



E parece que o Brasil está muito doente. O presidente FHC até já mandou chamar os candidatos para uma conversa. Só pode ser notícia muito ruim. Do contrário, o normal seria ele, o presidente, esperar o final das eleições e, como se faz há centenas de anos, montar a equipe de transição e passar o governo ao novo governo. Sem traumas e sem segredos.



A menos que esse governo não tenha mais governo para passar. E tem jornal chamando o presidente de Estadista. Pode?





Domingos Oliveira Medeiros

15 de agosto de 2002

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui