Não sei porque
As palavras sobrevoam
O meu mundo
Como azas aberta
Para o infinito.
Seu significado
Tem um sabor diferente...
Amor tem gosta de uva.;
Ódio parece gilô.;
Solidão rima com mamão.
Nesta salada de fruta
Desfruto o sentido da vida
Numa cama
De esperanças e mentiras.
Não preciso dizer
Do mundo imundo
Que se acende nos corações
Dos homens,
Da múltipla solidão,
Das multidões vazias,
Do verme que passeia no PT,
Do podre congresso
Que gesta a hipocrisia,
Da poeira cósmica
Que todo dia vomita
Vozes que vem do povo.
Não sei porque
Os sinos dobram na bastilha
E nem assim, consumido
Em vítimas, posso ser imune
Às palavras.
Elas vêem e me assombram,
Somam suas forças
Para dizer não à omissão.
O verso viceja,
Verte sua dor
Na incompreensão da vida
Que se apaga nas mãos
Dos heróis da resistência.
Não! Já não tem o
Mesmo sentido,
E sem direção repito
Sentenças antigas.
No fim, leio o poema
Como uma carta fria,
Feito dos sonhos
Que ninguém tinha.
CARTA FRIA
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