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Contos-->" LEMBRANÇAS" -- 02/09/2004 - 19:56 (RUBENS NECO DA SILVA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
LEMBRANÇAS
Pseudônimo: Neco


Deise - Óh de casa!.... Tem alguém aí? Deise vai entrando lentamente, e pensa....
- Será que tem cachorro aqui? Eu tenho tanto medo. Desde que o meu pequeno Maurício foi mordido, fiquei assim, medrosa...Tem alguém ai? Estranho! A porta está entre aberta. Meu Deus...preciso de um lugar para passar esta noite....Óh de casa! Tem alguém aí?
Senhora - Pode entrar!
Deise: - Boa Noite ! ( ...Deise entra chacoalhando sua roupa respingada de chuva...). Com licença, preciso de ajuda. Um acidente na estrada obrigou-me a desviar do caminho. Entrei por uma rua alternativa, estreita e com muitas poças d’água. Meu carro derrapou e atolou na lama... Depois de muito esforço para desatolá-lo, saí do carro e caminhei sem rumo a procura de ajuda, quando vi sua casa...., É a única do caminho. Chamou-me atenção porque vi as janelas entreabertas, e observei que havia uma fresta de luz.
Senhora: - Eu sei, estava te esperando.
Deise - Me esperando? Como? Estou perdida neste lugar.
Senhora - Eu sei... Minha casa é humilde, mas está sempre pronta para acolher as pessoas que passam por aqui. Eu fiz um chá de camomila e sei que você gosta.
Deise - Como sabe?
Senhora - É meu chá favorito....Deise olha para a senhora desconfiada, mas aproxima-se e pega a xícara de chá.
Deise - Que coincidência também é o meu!A senhora ameaça se levantar de sua poltrona, porém aparenta estar muito cansada. acomoda-se novamente, e olha para Deise.
Senhora - Procuro estar sempre preparada para receber alguém....Sinto-me muito sozinha, gosto quando tenho companhia... Quando não a tenho preparo o meu chá preferido e pego meu álbum de fotografias ... Mas o que fazes por esta região?
Deise - Não sei Senhora. Estou deprimida. Por isso resolvi sair sem rumo. Peguei meu carro e quando percebi já não sabia mais onde estava... E agora estou aqui tomando um chá.... Ando meio desanimada, sem saber o que fazer da minha vida.
Senhora - Você ainda é jovem, inteligente, é muito bonita....Não se sente feliz?
Deise - Não senhora.... Minha vida é um verdadeiro desperdício... Acho que não vale a pena falar disso agora.
Senhora - Por que não?
Deise - Porque não lembro muito do meu passado... Alias, procuro não lembrar.......
Senhora – Não podemos renegar o passado...Ele edifica o futuro...e mesmo que nos pareça ruim é de muita valia. Adquirimos experiência, aprendemos a superar os desafios da vida...Está vendo aquela janela, aproxime-se dela, abra-a, veja a bela paisagem. Eu diria que ela é especial...Com certeza lembrará do seu passado e terá uma nova visão. Deise toma o último gole de chá, e atendendo ao pedido de sua anfitriã, mesmo meio desconfiada caminha até a janela. a abre lentamente, e sente uma suave brisa acariciando-lhe o rosto. Ao abrir os olhos Deise fica encantada com que vê, caminha até a senhora, agachando-se e colocando os braços sobre a poltrona diz:
Deise - Senhora!....Há minutos atrás chovia...A noite estava nublada e fria, e agora vejo uma linda noite lá fora, quente e iluminada, é noite de lua cheia !
Senhora – Não se assuste! Vá ...Contemple a natureza.....Deise volta até a janela...Observa o horizonte, e como se fosse uma tela de cinema começa a assistir a sua própria vida e a narra para a senhora, que calmamente a escuta em sua poltrona.
Deise - É o convento no interior de São Paulo!... A freira está na porta à minha espera. Meus pais vão á frente discutindo, como sempre. Éramos pobres, passávamos muitas dificuldades. Eu apesar de muito pequena, entendi que aquele seria meu novo lar...Sempre ouvi eles dizerem que não poderiam ficar comigo...e levaram-me para aquele lugar; um casarão, nunca vi nada tão grande, parecia um castelo. A freira nos atende e me leva para dentro...Que tristeza... Meus pais tomam distância...Minha mãe tenta olhar para trás, ameaça uma, duas vezes. Meu pai puxando-a pelo braço tentava impedi-la de me olhar, mas antes que dobrassem o quarteirão, ela consegue se desvencilhar dele, e levando as duas mãos á boca manda-me um beijo, mas continua sendo arrastada...
Senhora – Seus pais a amam, só que precisavam de um tempo para se recuperar. Estavam desempregados, e sem filhos teriam mais facilidade de arranjar um trabalho. Eles tinham planos de buscá-la logo que fosse possível. Apesar de tudo e da saudade que sentia deles, você viveu dias melhores.... Olhe para a janela e conte-me o que vê...
Deise - Vivíamos em 1926. Anos difíceis. Tive que trabalhar... Segundo a freira, eu precisava ajudar nas tarefas. Passei a lavar, limpar, servi-las. Não estudava, no convento não havia crianças. Elas não me deixavam folhear as revistas que esporadicamente eu via circular no convento. Nem me deixavam participar das conversas “sérias”. Sempre pediam para que eu fosse me deitar. O tempo passou rapidamente e meus pais nunca voltaram.... Agora já adolescente, sentia-me mais uma funcionária sem salário, do que uma interna. Tinha um lugar para morar, no entanto, não tinha ninguém para conversar, nem tão pouco para me ouvir....Nesta época algo muito importante aconteceu...O convento foi requisitado pelas autoridades para servir de hospital de campanha aos feridos da revolução de 1932.
Chegavam ao convento muitos feridos, homens feios, bonitos, gordos, magros, não importava...... Eles imploraram por ajuda, e eu estava lá para ajudá-los Apesar do sofrimento daqueles homens, sentia-me útil...

Deise: Aprendi a ser enfermeira. Nunca tinha visto um homem nu.... Que coisas estranhas eles carregavam entre as pernas?! Eu achava que doía! Pensei que eram ferimentos das batalhas! Ficavam com aqueles caroços? ...parecia um saco!... E Uma coisa pendurada!.. Mas estranho.....todos no mesmo lugar? Meu Deus que coisa feia...! - Alguns não suportaram os ferimentos e partiram. Aí descobri o que era a morte. Chorei. Chorei muito...fui consolada pela madre superiora dizendo que a vida era assim, um dia todos iríamos morrer e descansar. Aí então me desesperei de vez.... Não queria mais descansar....Trabalhava dia e noite somente para não pensar que podia morrer também.
Deise: - Porque a guerra? Porque a morte?
Senhora - Nós nascemos para sermos felizes. Deus nos colocou a disposição a água, as matas, as montanhas, o vento, o sol... Nos deu a vida, alimento, mas nós queremos mais, e com nossa ignorância queremos tomar do outro aquilo que Deus nos deu, e o que foi criado para nos dar felicidade, passa a ser o motivo das guerras, onde um atira no outro para roubar um pedaço de terra, um pouco d’água, um pouco de comida, mas nada disso pertence a ninguém... Quem sabe um dia, os homens poderão compreender que tudo isto está a nossa disposição, sem precisar fazer guerra...
Deise- Durante os meses seguintes os soldados foram se recuperando e naquela noite...não...não quero mais ver nada.....
Senhora – Continue você é muito forte. Veja a experiência que adquiriu. Tanto sofrimento veio fortalecê-la. Vamos continue.....
Deise - Um daqueles soldados que ainda estava na enfermaria, aproveitou o momento em que eu estava limpando o quarto, levantou-se de sua cama, me encostou na parede e num ato desesperado levantou a minha saia... Eu fiquei aflita, não entendi o que ele queria, tive medo e não reagi. Aquelas coisas estranhas que traziam entre suas pernas parecia-me diferente, enquanto tentava entender o que ele queria, acompanhei seus movimentos e senti uma dor muito forte... ele me machucou. Empurrei-o e ele assustado com meus gritos, fugiu. Chorei a noite toda. Eu cuidei daquele homem! Ele não tinha o direito de me machucar. Ao passar dos meses minhas regras tão recentes, não vinham mais, na verdade ainda não tinha entendido porque tudo aquilo acontecia todos os meses; minha barriga crescia rapidamente. Contei para a freira o que estava acontecendo e ela me explicou tudo com detalhes, porém com tom de reprovação e de acusação, que eu iria dar a vida a um novo ser. Meu Deus quantas descobertas, aprendi o que era a morte outro dia, de repente descubro que posso dar a vida! Fiquei orgulhosa de mim...
Senhora - Óh ! Minha querida. Agradeça a Deus por não ter carregado este trauma. Apesar de tudo você estava feliz por poder gerar uma vida. Imagine as fraquezas e carências daquele homem? Você tratava deles com carinho, com afeto, cuidava das suas partes intimas que considerava feridas.
Vá até a janela E veja quanta alegria......
Deise – Já era tarde, quando senti as dores do parto. As freiras trabalharam muito, e felizmente nasceu um belo menino, porém nasceu com um defeito nas pernas, eram tortas e pouco desenvolvidas. As freiras tentaram de tudo, massagem, chás caseiros, compressas de ervas, mas ele não reagia.
Não pude mais continuar morando no convento, e mudei-me para uma pequena casinha no subúrbio pertencente ao convento, onde recebia mensalmente uma pequena ajuda das freiras para que eu pudesse cuidar de meu menino, e precisei arranjar um emprego de enfermeira no hospital para complementar a renda mensal e pagar Dona Nezinha, uma vizinha, para tomar conta de Mauricio.
Ele demorou a andar e quando começou o fazia com movimentos bruscos. Ainda era pequenino quando numa tarde ao tentar correr, um cachorro avançou e mordeu-lhe a perna. Maurício gritava assustado e logo conseguimos socorrê-lo. Depois do susto começamos mais um longo tratamento.
Deise - Malditos vizinhos que tem cachorros e não cuidam deles, como podem deixá-los soltos por aí? ...Coitadinho do meu menino! Mas felizmente isso não o perturbou. Maurício superou mais este incidente. ...Sempre foi muito inteligente, logo aprendeu a ler e escrever. Ia muito bem na escola. Para minha surpresa, Mauricio dizia que queria ser atleta, gostava de ver as revistas de esportes, e sentia-se motivado cada vez mais.
Deise - Ele queria correr, não falava de outra coisa. Eu não queria desanimá-lo, mas como meu Deus? Com aquelas perninhas atrofiadas e tortas, como poderia correr?
Deise - ..Anos passaram e Maurício não desistia desta idéia. Queria correr. Começou a treinar na escola. Cortava-me o coração vê-lo treinar. Eu via o seu esforço, mas era em vão. Sabia que jamais conseguiria chegar em algum lugar. Nem podia incentivá-lo, meu coração de mãe sofria muito.
Senhora - Minha querida venha cá...Deus lhe deu uma vida para que você pudesse amar. Maurício é tão abençoado que apesar deste problema tinha forças para lutar, e queria mostrar para você que ele era capaz. Quantas mulheres gostariam de poder gerar uma vida e não podem? Deus lhe deu esta dádiva! Vamos continue.....
Deise – Borges! Este foi o homem com quem dividi alguns momentos, poucos bons na verdade, embora tivesse me dado conforto. O conheci no hospital aos 27 anos. Eu jovem, muito bonita, atraente, porém triste. Mas isto não importava. Borges era muito rico, porém doente e avarento. Não queria pagar uma enfermeira para cuidar dele. Então ofereceu-me uma casa e uma vida em comum, desde que aceitasse algumas condições.
Eu teria uma casa, conforto, roupas, tudo o que precisasse, mas teria que cuidar dele de dia e de noite, aplicaria toda a minha experiência como enfermeira....Maurício ficava na casa de Dona Nezinha, enquanto eu fazia companhia a Borges. Eu o namorava e recebia algum dinheiro pelo trabalho dispensado, era o suficiente para cuidar do meu pequeno Maurício, que na escola mesmo com suas dificuldades continuava correndo, já com alguma desenvoltura. Com o passar do tempo meu compromisso se firmou. Casei-me com separação total de bens. Borges não aceitava Maurício. Não queria nenhum envolvimento com o meu filho, ainda mais com os problemas de saúde que se agravaram. Submeti-me a tais condições, e contratei definitivamente D. Nezinha para ficar com Maurício, pois precisávamos vir para São Paulo para um melhor tratamento de Borges.
Senhora - Na Verdade você não queria abandoná-lo. Você sempre acreditou que iria buscá-lo. Você quis proporcionar-lhe um futuro mais seguro. Não se culpe, Dona Nezinha o queira muito bem e o tratava como filho!
Deise - É verdade, eu achei que casando-me poderia lhe dar uma educação digna, diferente da que eu tive. Mas infelizmente tudo se repetiu.
Abandonei meu filho. Apesar de ter tido a sorte de encontrar uma mãe para ele, D. Nezinha amava-o acima de tudo, e foi para ele a mãe que eu não pude ser. Formei-me como enfermeira, e passei a tratar de Borges com mais afinco. Ele sofria com problemas renais, mas nunca quis internar-se para um tratamento melhor. Apesar de tudo a companhia dele me dava segurança.
Senhora – E apesar da saudade que sentia de você, Maurício teve uma boa educação. D. Nezinha deu-lhe carinho, e sempre o incentivou a realizar o seu sonho. Isto fez muito bem para Maurício...Veja na janela como ele se sente...
Deise – Chegávamos no final do ano de 1950. Vejo-me lendo os jornais da época que noticiavam a Corrida de São Silvestre. Em destaque a foto de Maurício. Levei um susto quando vi aquela foto. Apressei-me em ler a reportagem que destacava um jovem deficiente, estava emocionada. O meu menino, participaria da corrida. Maurício dizia que iria correr, pois tinha como meta mostrar para sua mãe que ele suportaria os quilômetros daquela prova e no final subiria ao pódio, onde ele ouviria o hino nacional.Veja senhora, apesar de tudo é para mim que ele corria, ele sempre soube que eu nunca o esqueci e queria dar-me um presente.
Senhora – Está vendo, ele não ficou triste com sua atitude. Apesar de muito jovem soube compreendê-la, e estava tentando lhe mostrar isto. As fotos dos jornais conseguem mostrar a sua expressão de alegria.
Deise- Fiquei muito orgulhosa do meu pequeno menino. Tinha virado um homem e todos elogiavam sua força de vontade. Mas no fundo de minha alma eu não acreditava que ele pudesse cumprir seu desejo.Nunca acreditei que ele pudesse ouvir o Hino Nacional tocar em sua homenagem..., para mim seria mais uma frustração. Durante aqueles dias não pude procurá-lo para tentar demovê-lo daquela idéia. A Senhora acha que agi errado?
Senhora – Claro que não, qualquer mãe evitaria tal sofrimento. Além disso, ele poderia cair e se machucar, o mesmo sentir-se decepcionado.
Deise - Borges estava muito doente, precisava de meus cuidados. Ele não admitia que mais ninguém cuidasse dele. Mesmo quando precisava de um médico, impedia-me de chamá-lo, pois se recusava a pagar pelos serviços que considerava muito caro. Com isso nunca pude acompanhar os treinos de Mauricio.Na verdade não sabia que ele levara a adiante a idéia de correr. A partir do momento que vi a reportagem no jornal, saia todas as manhãs muito cedo, só para comprar os jornais e ver se via alguma notícia do meu atleta.
Senhora - Seu filho é um exemplo vivo de coragem e luta. Não podemos deixar que nossos problemas impeçam a realização dos nossos desejos.
Deise - O trajeto da corrida já era conhecido. Sairiam as 23:00 da avenida Paulista retornando por volta das 00:00 horas. Borges teve uma crise renal e internou-se por aqueles dias. Tentei convencê-lo que meu menino precisava de mim também, mas Borges pedia para que eu não o deixasse sozinho naquele momento. O hospital ficava numa rua próxima a Av. Paulista, dele ouvíamos os fogos da largada da corrida. Foi difícil controlar minha ansiedade, Borges entre a vida e a morte, do outro lado meu filho prestes a realizar seu grande sonho. Os locutores acompanhavam os principais corredores e uma emissora de rádio seguia os passos de Maurício, eu corria do quarto de Borges para a recepção do hospital, para ouvir como estava meu filho, e voltava rapidamente para ter notícias de Borges que apresentava um quadro delicado. O porteiro do hospital me informava que o rapaz deficiente estava muito mau classificado, na ultima colocação. Meia-noite. Fogos por todos os lados. Chegam os primeiros atletas. O médico chamou-me para dar-me a notícia do falecimento de Borges. Durante algum tempo fiquei desorientada e indecisa. Meu marido acabava de morrer e meu filho corria ao lado para mostrar a todos que podia viver normalmente. No meio da minha angustia, podia ouvir os fogos em comemoração ao ano novo que chegava. Saí correndo do hospital, os seguranças pensaram que eu estava em estado de choque. Atravessei a rua , já eram 01:30 do Ano Novo quando pisei na Av.Paulista. A festa tomava conta da noite. Enquanto todos se cumprimentavam e eu fui até o pódio e ninguém estava mais lá, somente os foliões que comemoravam o Ano Novo. Acreditei que Mauricio havia desistido, afinal ele não conseguiria chegar.Naquele momento quis morrer. Perdi meu marido, meu filho não apareceu. Eu estava sozinha outra vez.
Senhora - Não minha filha. Deus estava colocando em seus caminhos provações para saber se você tinha condições de suportar. Todos temos penitências a cumprir neste mundo. Você é muito forte e saberá enfrentar mais esta etapa.Deise - Quando voltava para o hospital , ouvi muitos aplausos. Uma multidão abria caminho para um jovem que se aproximava da reta final. Maurício tentando manter-se firme apesar das dificuldades, sorria. Emocionada tentei aproximar-me, mas a multidão não permitiu, todos corriam ao seu lado dando-lhe forças para continuar, pois faltava pouco para cumprir seu objetivo. Caminhei apressada, eles já ganhavam distância E comecei a ouvir o hino Nacional, quando consegui um pequeno espaço perto do pódio, lá estava Maurício. Todos em silêncio com as mãos ao peito cantavam o hino, cheguei mais perto e para minha surpresa soube que D.Nezinha havia improvisado um disco e pediu para os organizadores do evento que tocassem o Hino Nacional. Ela aproximou-se do pódio e Maurício entrega-lhe o ramalhete, erguendo seus braços como se também fosse uma vencedora. Naquele momento entendi que havia perdido uma batalha. Maurício homenageava sua verdadeira mãe, aquela que o criou, que o incentivou, e que acreditou que era capaz.
Deise - Todos queriam presenciar aquele momento, onde um jovem deficiente, acabava de ganhar mais um round em sua vida. Não tive coragem de me aproximar. Saí devagarzinho e fui embora. No dia seguinte os jornais não se cansavam de elogiar a força e a coragem do meu Mauricio. Viúva e sem filho, fui morar fora da cidade comprei uma casinha e me especializai em fazer chás medicinais. Atendia aos moradores da cidade e fiquei conhecida por curar os problemas de saúde daquelas pessoas. Eu adoro estes chás que transportam, onde eu posso reviver a minha vida.
- Óh de casa !... Tem alguém aí?
(DEISE) Ah! Sim... Pode entrar, eu estava te esperando! Tome um chá de camomila que ainda está quentinho, eu sei que você gosta...







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