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EM TOM DE DESAFIO
Silva Filho
O Cordel está no ringue
Pra fazer demonstração
Da sua forma e força
E também da dimensão
Como parte da cultura
Ou mesmo arte mais pura
Que tem a população.
Como bom desafiante
Vou pegando a esgrima
O mundo dá muitas voltas
Eu dou a volta na rima
Tenho plano bem traçado
Pra dominar o estrado
E dar a volta por cima.
Vamos logo ao embate
No formato do Repente
A viola quase chora
Com o poema plangente
Mas não tem choro nem vela
Quando o bardo duela
Para ser sobrevivente.
Já rimei pra Senador
Já rimei pra Deputado
E até pra Presidente
Em assunto delicado
Pro Presidente do Vasco
Com o time no fiasco
E o torcedor revoltado.
Mas aqui é desafio
Que está em outro clima
Somente a força do verso
Vem aqui e legitima
Não tenho medo do tema
Pois o meu estratagema
É tudo que me anima.
Já entortei muitos versos
Com golpes mirabolantes
Deixei palavras sem pernas
E muitas letras errantes
Deixei trovador em caco
Com a viola no saco
E seus versos dissonantes.
Vamos ao primeiro round
Porque o povo reclama
O verso com anemia
Logo eu mando pra cama
Bater no pobre coitado
É um gesto comparado
Com quem bate numa dama.
Felizmente no cordel
O vate não sai ferido
Pode até sofrer tontura
Com o ataque sofrido
Porque o soco do verso
Mesmo sem ser perverso
Tem fama de atrevido.