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Cronicas-->PAIXÃO POR LIVROS -- 30/08/2003 - 20:41 (Maria Luiza Kuhn) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PAIXÃO POR LIVROS

Tenho paixão por livros. Paixão mesmo. Ciúme, sentimento de posse, gratidão, tudo isso que envolve paixão. Gosto de mexer no livro, virar a capa, a contracapa, cheirar, passar a mão no papel, e ler é obvio. Com o livro eu viajo, me divirto, choro, me enraiveço e brigo. Tenho compulsão por comprar livros. Por isso preciso me cuidar.
Existem várias correntes abordando a questão do desapego às coisas que se acumulam ao longo de nossa vida. Apregoam tais correntes que "num mundo de tempo, espaço e mão-de-obra escassos, é melhor reduzir o universo de objetos a uma quantidade administrável e mandar para o lixo o que é do lixo".Isto inclui móveis, roupas, papéis, utensílios e ... livros. Livros?? Me nego. Por mais que simpatizo com a idéia do "clean", e acho que devemos caminhar para o exercício do desapego e realmente melhorar o nosso mundo de cada dia, ainda estou longe disso. Faço doações de roupas e utensílios com muita facilidade. Mas livros nem pensar. Tenho com eles uma relação atávica. As vezes faço declarações de amor aos meus poetas preferidos e por outras vezes brigo com os autores. O que posso fazer? Cada um com a sua loucura. Tenho ciúme deles, preciso certificar-me de que estão na minha estante já várias vezes reformada, ver se amarelaram um pouco mais, mas principalmente ter a certeza que continuam ali.
Tenho muita convicção da nossa impermanência neste mundo, mas ficaria feliz se tivesse algum descendente para amar meus livros. Tolice eu sei.
De onde vêm afinal certas preferências? Existem teses do gosto pela leitura. Acadêmicos escrevem que o gosto pela leitura se faz na família que já tem o hábito de cultivar livros. Na minha com certeza sou um exemplo vivo de exceção, incluo nesta exceção a minha irmã que é uma leitora voraz e até já escreveu um livro. Só para se ter uma idéia, com os meus primeiros salários (com 15 anos) comprei uma coleção do Jorge Amado. Meu pai achava um absurdo (já o perdoei por isso) e por meses tive que esconder a caixa com os volumes dos romances embaixo da minha cama.
Desde que me conheço por gente gostava de ler e gostava de livros. Lembro perfeitamente do meu livro didático da terceira série primária (que bom se eu pudesse tê-lo ainda guardado). Li por tão repetidas vezes os textos que decorei vários deles, por falta absoluta de ter outra opção de leitura na época, Depois tive a felicidade de ter um tio que gostava de ler, tinha vários livros e foi me abastecendo de leituras na medida do possível.
Li, mas muito menos do que gostaria. Tive verdadeiras tréguas forçadas com a leitura. Atividades mais urgentes me ocuparam durante longos anos: filhos pequenos,
casa e carreira para administrar.
Felizmente ando numa fase de resgatar um pouco o tempo para cultivar este amor, até porque tenho um "amor" hoje que compartilha este gosto comigo.
Com certeza a trégua de tempo, esta não vou recuperar, mas continuo a namorar meus livros, sempre que possível. Nada de biblioteca espetacular, mas com certeza muito dos meus preferidos habitam minha singela estante. Em quase todos os que habitam já naveguei, mas alguns ainda esperam a sua "primeira vez". Tenho a nítida sensação que beira angústia, de que não terei tempo de ler o mínimo que tenho vontade e a cada incursão em uma livraria parece que conheço menos autores e menos obras, mas hoje me dou o direito de ser seletiva. Por mais que gostaria muito de ler a história da ditadura escrita e pesquisada pelo Elio Gaspary, por exemplo, vou me dar o direito de não ler sobre tortura. Já li quando mais jovem, sofri e já me revoltei. Hoje literalmente estou mais para a poesia, mais para bons romancistas, mais para os modernos e inovadores escritores e pesquisadores de gestão, tipo Fritjop Capra, estou mais para Deepak Chopra e outros que se aventuram em sugerir alternativas para um mundo melhor, resgatando um contato com a essência da vida.
Bem, podem pensar alguns, que doideira. Cada um com a sua loucura própria, a minha eu curto muito, mas bem menos do que gostaria.
E hoje se meus livros pudessem falar... O que diriam desta minha declaração de amor?

Maria Luiza Kuhn
e-mail maluizak@yahoo.com.br
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