As manchetes dos jornais anunciam que 69% do povo americano apóia uma ação militar contra o Iraque, desde que os EUA tenham o apoio dos países aliados e peçam autorização do Congresso. Segundo a pesquisa do The Washington Post/ABC News, o apoio ao uso de tropas de invasão cai de 57% para 40%, no caso de grande número de baixas do lado americano. A Marinha americana está levando equipamento bélico para a região do Mar Vermelho, confirmando especulações de que Washington se prepara logisticamente para um ataque ao Iraque. Os países europeus relutam em apoiar a ofensiva, vide a posição do chanceler alemão, Gerhard Schröder e do presidente francês, Jacques Chirac. Somente o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, acena com um apoio incondicional. Há algum tempo, o governo norte-americano escolheu os países que, segundo seus interesses constituem uma ameaça à segurança e à estabilidade mundial. Estes formariam o eixo do mal, estando envolvidos com o terrorismo e seriam detentores de armas de destruição em massa. A Casa Branca referia-se à Líbia, Síria, Coréia do Norte, Iraque e Irã, dando prioridade aos dois últimos. Sabemos que Saddam Husseim é um velho inimigo dos EUA, que já foi amigo; o Iraque há mais de uma década sofre as agruras do embargo americano, é um alvo precário frente a força do tio Sam. O Irã, por outro lado, é governado por reformistas, que aos poucos reatam suas relações com a comunidade internacional, e não se incomodariam em ter boas relações diplomáticas com Washington. Qual o motivo desse clima de preparação de guerra, sendo Bagdá, a bola da vez? Será porquê o controle do Iraque, isolaria o Irã, e as fronteiras terrestres seriam hostis ao país que ocupa uma posição privilegiada em relação à Asia Central? O Irã representa a melhor opção em termos de transporte e escoamento do petróleo e do gás, produzido na região. Quais serão os motivos reais para sacrificar tantas vidas de ambos os lados? Desviar a atenção dos problemas econômicos e éticos, que envolvem empresas americanas e o próprio presidente Bush e seu vice, em negócios mal explicados? Não sabemos, a mídia internacional, mais uma vez, divulgará o que os donos do mundo mandarem e nós ficaremos a especular sobre os reais motivos e interesses por trás da cena internacional globalizada. E o mundo,o que fará? Lamentará, talvez, as vítimas inocentes e a vida continuará como sempre. Apenas, os mortos da guerra suja, como todas as outras, não estarão mais aqui para viver suas pobres e sacrificadas existências. |