Vem comigo a esta praia e, quieta, escuta
A dor que vem dos íntimos arcanos.
Que formidável mágoa, imensa e bruta,
Ferve e revolve o seio dos oceanos!
Passam dias sem conta, meses, anos,
Séculos e milênios, e a absoluta
Tristeza, sempre a mesma..., a mesma luta,
Os mesmos ais..., os mesmos desenganos!
E a este perpétuo choro, a fantasia
Dos poetas transformou nessa harmonia
De milhões de Nereidas sobre as águas!
Tal é o canto dos poetas infelizes:
Arrancando das íntimas raízes
As mais belas canções das próprias mágoas.
(Poetas do Ceará - 14 - O Povo, Fortleza, 18/12/1983) |