Escuta-me enquanto me lês
No meu pendor peculiar e sincopado
De saborear as palavras recitando
Como rebuçados que gosto de sustentar
Tal qual orgasmo excelso fosse
No céu da tua boca...
Agora... Vá... Devagarinho tira a roupa
Lenta... Muito lentamente...
Enquanto desenhas meu corpo no espaço
Moldando-me em vida a teu jeito...
Vá... Sente-me em teu peito
Todo por dentro sugando-te os mamilos
Que tu acaricias imaginando as minhas mãos...
Vá... Ouve-me agora arfar... Ouve meus sons
Saídos da abóboda do esplendor
Aonde sou teu dono... Teu senhor...
Príncipe amante e deus perfeito...
Abre-me a catedral sideral
E deixa que navegue entre estrelas
No meu "vai-e-vem" infalível
Sondando as lonjuras do incrível
Que tu és além de tudo mais...
Vá... Dá-te enquanto também me dou
Sê tanto minha como eu sou
Vá... Voa... Voa... Que eu vou
Rasgar as trevas em luz e até aceito
Extinguir-me inteiro no teu corpo
A arder... A arder... A arder...
No fogo melodioso de teus ais!...
António Torre da Guia
PS = Bem... Alguém te fez já um poema assim tão bonito?... Imagino como o kiki, o kaká ou o kokó deverá ficar danado. Até perde o tesão... O pobre tanso...