Toda busca maior visa
contactar a própria essência.
Caminhada diuturna e tentativa
de encontro com a identidade.
Vencer traumas, bloqueio
de um mais pleno desenvolver.
Morte e vida, Tanatos e Eros,
são processos e não um momento.
A morta nos liberta, gradualmente,
do tanto necessário, de vida
para cristalizar consciência.
A grande luta não deve ser
vencer as rugas, mas garantir
que sua companheira
seja a sabedoria.
Onde encontrar as respostas?
No passado, presente ou no futuro?
Dentro ou fora de mim?
Enganadores divisões conceituais,
não existe interno e externo,
passado, presente e futuro,
tudo que de fato existe é a viagem,
longa viagem de todos os seres,
em busca de aprender a ver a luz,
todo o mais é ilusão passageira.
Microcosmo no macrocosmo,
o todo está em cada um,
como este está, no todo, contido.
Somos um todo indivisível,
não se separa Psique do Soma,
sob pena de se estinguir a vida.
Colocar em harmonia, apascentar
o visceral e metabólico querer,
temperado com um rítmico sentir,
em sintonia com um pensar cristalino.
Privilegiar uma das instâncias
é abdicar da integralidade.
Afastar a ansiedade, pois
uma vez iniciada a caminhada,
o autoconhecimento é conseqüência
inevitável no decorrer do processo.
Podendo ter parte da viagem
trilhada meditando no interno,
parte no mundo, bastando
colocar-se como pequeno lume
iluminando ainda que pouquinho
no seu trabalho, no lazer,
onde moras e junto da amada.
Que paradigma devo usar,
para decifrar meus mistérios?
Decifra-me ou te devoro,
diz-me a esfinge interna.
Buscar referências simbólicas nas
tragédias gregas ou nos mitos?
Devorar a filosofia, o legado de
pensamentos que o passado deixou?
Utilizar-me da psicologia,
da psicanálise ou da poesia?
Trabalhar com os instrumentos
da arte, da técnica ou da ciência?
Usar a inteligência, a intuição,
a sensibilidade ou o querer?
A melhor forma é não ter forma
vivenciar e aprender no viver.
Estar inteiro, feliz e pleno.
Interagir com o universo,
de forma prazerosa e produtiva.
Evoluir, crescer, melhorar.
Acrescentar minha própria gota,
pequena gota de consciência,
ao mar de consciência cósmica.
A última missão de cada homem
É o mais plenamente se individualizar.
Lembrar-se da simbólica
e antiga imagem do cocheiro
controlando cavalos e carruagem.
Fortalecer e colocar seu Eu
no inteiro comando de sua vida.
A descoberta deste Eu pode ser
Numa viagem interna ao passado,
atuando com consciência no mundo,
ou projetando seus sonhos no futuro.
Há que se sair dos impasses.
Não se há de temer a vida.
Utilizar-se dos embates
como chance de se fortalecer.
Lembrar que modelar o Eu
É tarefa de toda uma vida.
|