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Contos-->Porque se cavar fundo. -- 15/08/2004 - 11:47 (Gabriel Valmont) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Há alguns dias atrás acrescentei na minha rotina correr pela orla. Quando não conseguia mais suportar a dor nas pernas e a falta de fôlego, me colocava a andar até a respiração se acalmar e recuperar energias para voltar a correr. Vez ou outra levava uma garrafa com água de côco, pois hidratação é importante. Me ensinaram que devemos correr um minuto e andar mais um minuto. Assim, alternadamente. Não me lembro mais por quê.
Nesses últimos dias eu percebi a presença da mulher. Ela ficava deitada na areia da praia, lendo um livro, outras vezes ouvindo música no discman, e muitas outras vezes permanecia apenas sentada ou em pé olhando pro mar. Era quase uma meditação, conseguindo ficar horas na mesma posição.
Um dia ela me chamou. Eu estava sentado no banco me hidratando com o côco e descansando minhas pernas quando a vi acenando pra mim. Fingi que não era comigo, mas ela insistiu e me pareceu falta de educação não lhe dar atenção. No primeiro dia ela perguntou se eu não estava vendo uma sereia nadar no mar. Achei uma piada mas ela me perguntava com tanta seriedade que passei a observar com mais cuidado uns movimentos esquisitos quase na linha do horizonte. Na segunda vez ela disse que era importante admirar a escuridão azul do oceano, e entendermos que existem águas mais profundas que as que insistimos em nos afundar. Na terceira e última vez ela cavou um buraco na areia e mandou eu me enterrar ali, deixando apenas a cabeça do lado de fora. Fiquei completamente imóvel de frente pro mar, olhando incansavelmente as ondas irem e virem. Ela falou que ia embora e que na hora certa eu iria conseguir sair dali. E rapidamente ela se mandou me deixando assustadoramente com medo de morrer; na medida em que a maré ia subindo eu ia gritando mais alto. Choveu forte naquele dia e ninguém me ouviu. Bebi alguns litros de água, e a areia pesou sobre meu corpo, dando início a uma formigação lenta e dolorosa. A maré alcançou meu rosto e por várias vezes eu bebi água salgada misturada com areia. E no meio disso tudo eu consegui me calar e me acalmar perante a água que atingia minha face e penetrava na areia irrigando meu corpo. Com uma serenidade que nunca me vi tendo, dediquei-me à uma respiração tranquila e à um simples sorriso, havia sim uma sereia no fundo do mar, e então eu entendi como ela sabia de tudo isso.
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