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Textos_Religiosos-->União Européia 50 anos: cadê os valores cristãos? -- 26/03/2007 - 11:44 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bento XVI: Valores e perspectivas para a Europa de amanhã
Discurso nos 50 anos dos Tratados de Roma

"A Europa parece ter perdido a fé. Se a União Européia quer se aproximar de seus cidadãos, como pode excluir o cristianismo?" (Papa Bento XVI, ao criticar o conteúdo laico da declaração conjunta dos líderes do bloco).

www.zenit.org

CIDADE DO VATICANO, domingo, 25 de março de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos o discurso que Bento XVI dirigiu esse sábado aos participantes do Congresso «Os 50 anos dos Tratados de Roma -- Valores e perspectivas para a Europa de amanhã», organizado pela Comissão dos Episcopados da Comunidade Européia (COMECE).



* * *




Senhores cardeais,
venerados irmãos no episcopado,
parlamentares,
senhoras e senhores:

Com particular alegria vos dou as boas-vindas nesta audiência, que se celebra na véspera do qüinquagésimo aniversário da assinatura dos Tratados de Roma, ocorrida em 25 de março de 1957. Cumpria-se então uma etapa importante para a Europa, que saía extenuada da Segunda Guerra Mundial e desejava construir um futuro de paz e de maior bem-estar econômico e social, sem dissolver ou negar as diferentes identidades nacionais.

Saúdo Dom Adrianus Herman van Luvn, bispo de Rotterdam, presidente da Comissão dos Episcopados da Comunidade Européia (COMECE), e o agradeço pelas gentis palavras que me dirigiu. Saúdo os demais bispos, as distintas personalidades e todos que participam deste congresso, organizado nestes dias pela COMECE para refletir sobre a Europa.

Desde o mês de março de há cinqüenta anos, este continente percorreu um longo caminho, que levou à reconciliação dos dois «pulmões», oriente e ocidente, unidos por uma história comum, mas arbitrariamente divididos por uma cortina de injustiça. A integração econômica alentou a política e favoreceu a busca, que ainda acontece com fadiga, de uma estrutura institucional adequada para uma União Européia que já conta com 27 países e aspira a converter-se em um ator global no mundo.

Nestes anos se experimentou cada vez mais a exigência de estabelecer um sadio equilíbrio entre dimensão econômica e social, através de políticas capazes de produzir riqueza e de aumentar a competitividade, sem descuidar das legítimas aspirações dos pobres e dos marginalizados. Desde o ponto de vista demográfico, há que constatar infelizmente que a Europa parece que empreendeu um caminho que poderia levá-la ao fim de sua história. Além de pôr em perigo seu crescimento econômico, pode causar também enormes dificuldades à coesão social e, sobretudo, favorecer um perigoso individualismo, que não tem em conta as conseqüências para o futuro.

É como se continente europeu estivesse perdendo de fato a confiança no próprio porvir. Pelo que se refere, por exemplo, ao respeito ao meio ambiente ou ao acesso ordenado aos recursos e aos investimentos energéticos, a solidariedade encontra dificuldades, não só no âmbito internacional mas também no propriamente nacional. O mesmo processo de unificação europeu não é compartilhado por todos, por causa da difundida impressão de que os diferentes «capítulos» do projeto europeu foram «escritos» sem ter em devida conta as expectativas dos cidadãos.

De tudo isto se deduz claramente que não se pode pensar em edificar uma autêntica «casa comum», descuidando da identidade própria dos povos de nosso continente. Trata-se, de fato, de uma identidade histórica, cultural e moral, antes que geográfica, econômica ou política; uma identidade constituída por um conjunto de valores universais, que o cristianismo contribuiu a forjar, desempenhando deste modo um papel não só histórico, mas de fundamento para a Europa.

Estes valores, que constituem a alma do continente, têm de permanecer na Europa do terceiro milênio como «fermento» de civilização. Se desfalecerem, como poderá o «velho» continente seguir desempenhando a função de «fermento» para todo o mundo? Se, com motivo do qüinquagésimo aniversário dos Tratados de Roma, os governos da União desejam «aproximar-se» de seus cidadãos, como poderiam excluir um elemento essencial da identidade européia, como é o cristianismo, no qual uma ampla maioria deles segue identificando-se? Não é motivo de surpresa que a Europa de hoje, enquanto quer apresentar-se como uma comunidade de valores, conteste cada vez mais o fato de que tenha valores universais absolutos? Esta singular forma de «apostasia» de si mesma, antes ainda que de Deus, não a leva talvez a duvidar de sua própria identidade? Deste modo, vai-se difundindo a convicção de que a «ponderação dos bens» é o único caminho para o discernimento moral e que o bem comum é sinônimo de compromisso. Na realidade, se o compromisso pode constituir um legítimo balanço de interesses particulares diferentes, transforma-se em um mal comum quando implica acordos danosos para a natureza do ser humano.

Uma comunidade que se constrói sem respeitar a autêntica dignidade do ser humano, esquecendo que cada pessoa está criada à imagem de Deus, acaba por não trazer nada bom. Por este motivo, cada vez é mais indispensável que a Europa evite essa atitude pragmática, hoje amplamente difundida, que justifica sistematicamente o compromisso sobre os valores humanos essenciais, como se tratasse da inevitável aceitação de um suposto mal menor. Este pragmatismo, apresentado como equilibrado e realista, no fundo não é, pois nega essa dimensão de valores e ideais, que é inerente à natureza humana.

Quando neste pragmatismo se introduzem tendências laicistas ou relativistas, acaba-se por negar aos cristãos o direito próprio de intervir como cristãos no debate público ou, ao menos, desqualifica-se sua contribuição com a acusação de que buscam defender injustificados privilégios. No momento histórico atual e ante os muitos desafios, a União Européia, se quiser garantir adequadamente o estado de direito e promover eficazmente os valores humanos, tem de reconhecer com clareza a existência certa de uma natureza humana estável e permanente, fonte de direitos comuns para todos os indivíduos, inclusive os daqueles que os negam. Neste contexto, há que salvaguardar o direito à objeção de consciência, cada vez que os direitos humanos fundamentais sejam violados.

Queridos amigos, sei o difícil que é para os cristãos promover valentemente esta verdade sobre o homem. Não tendes de cansar-vos nem vos desalentar! Sabeis que tendes a tarefa de contribuir na construção, com a ajuda de Deus, de uma nova Europa, realista mas não cínica, rica de ideais e livre de ilusões ingênuas, inspirada na perene e vivificante verdade do Evangelho. Por este motivo, participai de maneira ativa no debate público no âmbito europeu, conscientes de que hoje por hoje forma parte do debate nacional, e complementai este compromisso com uma ação cultural eficaz. Não tendes de render-vos ante a lógica da busca do poder pelo poder! Que vos sirva de estímulo e apoio constante a advertência de Cristo: se o sal perde seu sabor só serve para ser jogado fora e pisoteado (Cf. Mateus 5, 13). Que o Senhor faça fecundos todos vossos esforços e vos ajude a reconhecer e valorizar os elementos positivos presentes na civilização atual, denunciando com valentia tudo o que atenta contra a dignidade do ser humano.

Estou seguro de que Deus não deixará de abençoar o esforço generoso de quem, com espírito de serviço, trabalha por construir uma casa comum européia, na qual toda contribuição cultural, social e política esteja orientada ao bem comum. A vós, que já estais comprometidos de diferentes maneiras nesta importante empresa humana e evangélica, expresso meu apoio e dirijo meu sincero alento. Asseguro-vos sobretudo uma recordação na oração e, invocando a maternal proteção de Maria, Mãe do Verbo encarnado, envio de coração a vós e a vossas famílias e comunidades minha afetuosa bênção.

[Traduzido por Zenit]
ZP07032522


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