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Poesias-->O silêncio das palavras sem eco -- 08/06/2005 - 18:14 (Ernane Calado de Souza Melo) |
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Não há como conter a pressão das palavras
Portadoras das emoções que crescem
Se avolumam, e se rebelam
Contra as barreiras impostas
Pela ética, pela censura, pelos costumes
Pela cultura, pelas regras estabelecidas.
Libertação é a palavra de ordem.
Abram-se as comportas
E fluam as palavras!
Sob qualquer roupagem
Sejam poesia, sejam canção
Sejam um grito solto no ar.
Uma explosão
Uma quebra do silêncio das palavras
Em um grito de libertação
Das emoções contidas, acorrentadas.
Um rompimento das amarras
Sem medida das conseqüências
Abrindo o coração
Aos caminhos interditados
Saiam, libertem-se, espalhem-se!
E com seu código de cifras
Encontrem o seu receptor
O seu destinatário
Que as acolherão na medida certa
Dos seus mútuos desejos
Identidades e carências.
Mas há o outro silêncio.
O silêncio das palavras sem eco.
O silêncio de quem espera uma resposta.
E este é eterno.
As palavras são devoradas
Nas entranhas dos abismos ressonantes
Que anulando os seus ecos
Se destroem mutuamente.
Os ouvidos atentos se atrofiam
Na ausência de qualquer sinal
Que indique a possibilidade
De justificar a espera.
Nenhuma manifestação
Nenhum registro, nenhum estímulo.
Silêncio profundo!...
O coração à beira do colapso
No limiar da soltura
De um grito de desespero
Que o liberte da angústia da solidão
Da incoerência, da inutilidade
E das incertezas...
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