Arriêi o meu cavalo
O sór já tava sumino
Botei xapéu na cabeça
Fui cumprí o meu distino
Derna de novo tô quéça sina
De robá uma minina
Qui é um sôin desde minino.
Fui cresceno ela tomém
Amano as iscundida
Pois se seus pais subéci
Nóças vida era pirdida
Hoji ta u’a linda muié
Filha do sinhô Mané
Que cuncidéro minha vida.
Cumprei um pedaço de terra
Eu já sô propriétaro
Cumprei u’as cabeça de gado
E prantei o neceçáro
Já cunstruí u’a paióça
Pra cum ela morá na róça
Esse é meu intineráro.
Parei frente a cancela
Ela já tava isperano
Na garupa do meu cavalo
Ela já tava muntano
Saimo bem digavarzin
Trotano pelos camin
Cum os orvaio nos moiano.
Quando os pai dela subé
Nóis já tamo léguas de estalo
No trote do meu pangaré
Longe tô no cantá do galo
Num vortaremo jamais
Vamo sem oiá pra tráis
Siguino um caminho claro.
A qui lua lumêia lá de riba
É tistimunha deste amô
Foi cum ela clariano
Qui mutias vêiz nóis se incrontô
Agora a lua clareia
Pruquê ela já ta xêia
E cum nóis sempre cuncordô.
Cum dois dia de viagi
Xeguemo à nóça cancela
Apiêi do meu cavalo
E fui logo pegá ela
Entremo fexamo a porta
Fumos dar u’a cumporta
Depois qui rodei a taramela.
U’a cama tava isperano
Naquele quartim piqueno
Caimo nela e se bejamo
U’as mêia ora mais ó meno
Nem vimos a rôpa nóis tirá
Só sei qui naqueli lugá
O amô tava acunticeno.