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Poesias-->MENTIRAS -- 31/05/2005 - 22:01 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
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MENTIRAS
Meus olhos voltados para o passado
Minhas mãos confeccionam o presente.
Tecelão de fazenda barata, pobre e suado,
Chegando ao lar, era o sozinho e ausente.
Vozes. Quando esperava nas noites quentes
Que o tempo revelasse absurdos
Declarando a mim e demais viventes
A sua verdadeira natureza
Constrangido, claro –
De inutilidade de tempo demente.
Quedo e mudo.
Menti-me, nas noites quentes, muitas verdades
No tempo em que olhava de frente o futuro:
Quando volvi minha cabeça ao passado,
Já se tornara a vida um tear. O sorrir, fardo.
Diziam-me, ás vezes, em confábulos:
Não te arredeis tanto.; não durmas.
Eram vozes exaltadas impondo falas
Nas horas em que distraia os amigos.
As vozes decoraram meu nome e profissão.
Convocavam-me a toda hora,
Em companhia ou solidão.
Minhas palavras próprias eram lágrimas na chuva.
Minha boca esqueceu os sons.
Menti nas noites quentes e nos dias frios.
Minhas mãos confeccionavam o futuro
Meus pés disparando amanhã.
Os olhos volvidos aquém.
Quando falhavam as vozes inoportunas
Disse coisas lindas: te amo.
Os meus horizontes eram além e planos.
A boca, aço fendido agora,
Rasga as palavras d’outrora.
Quebro espelhos confessos de amor
Volvo os olhos:
Minto nas noites e dias quaisquer.
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