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Poesias-->TUDO EU VEJO -- 29/05/2005 - 12:25 (JOSE GERALDO MOREIRA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
TUDO EU VEJO



Estive cansado

Irremediavelmente exaurido

Pela manhã.

Sentei-me sobre as pedras

Fiquei a ver a cidade.



As pessoas vão e vem, tão

Rápidas que, mal desaparecem,

Já despontam novamente.

Como são rápidas no viver!



Cá, de cima, posso ver a vida

Ela não me atinge.

Para estar ileso, fiquei só.

Optei pelas pedras e céu.



Amei fulana e fulana

Mas fulana vivia às voltas com amigos

Festas, coca.

Como podia amar fulana

Se ela nunca estava consigo ?



Sentei-me, ah, sobre as pedras

Qual o eremita, a ver

As pessoas que se agitam.

O sol alongou, recolheu e

Por fim, carregou a sombra.



Eu, às rochas, achando-me

Inútil por não feliz

Junto a fulana em suas

Aspirações mirabolantes

Amigos cheios de cálculos

Traduções e literaturismos.



Eu, diverso deles, simples soldado

A ensarilhar armas

Sonhando com fulana feliz.

Ela, entre as estrelas do generalato

Com suas drogas de raiz

A seu modo, feliz.



Ah, fulana que atraque

em sonhos! Cá, nas pedras,

longe do colarinho e fraque,

abasteço-me de sonhos.

Vejo as pessoas aceleradas

Bastando-me isso para viver.



Sem que o dono delas perceba

Deixo as mãos fazerem poemas

Que escorregam pelas encostas

Terminando dentro da cidade

A qual vejo e mais me surpreende.



Ah, que inutilidade feliz!

Em cima, nada acontece

Que venha de quem me conhece

Ou de quem esqueci.



Estou à beira de tudo

E atiro olhares ao mundo.

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